Conceito de Inovação

Agora vamos apresentar uma definição moderna de Inovação e seus diferentes tipos:

A palavra inovação é derivada do termo em latim “innovatio” e se refere à “implementação de um novo produto ou melhoria significante em um produto existente. Podendo também ser um processo ou um novo método organizacional nas práticas do negócio” (OCDE, 2004).

Segundo a Lei de Inovação nº10. 973 de 2004, inovação é definida como “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho”.

O conceito de inovação também está relacionado a processos e métodos organizacionais para a geração de um novo produto. Existem muitas formas de inovação em medicamentos da biodiversidade que estão associadas a processos e métodos no desenvolvimento desses medicamentos e não ao “produto em si”.

Para que você compreenda melhor os diferentes tipos de inovação, vamos utilizar as definições da OCDE, na primeira edição do Manual de Oslo - Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica (1997). Segundo este manual existem quatro tipos de inovações, aqui vamos abordar três tipos, que consideramos as mais usuais dentro do segmento de medicamentos da biodiversidade. Vamos conhecê-las:

Inovação do Produto

Chama-se de inovação de produto a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que tange às suas características ou a usos previstos. Alguns exemplos: carro, software, medicamento.

Muitas vezes os produtos têm roupagens novas ou alguma agregação de valor (por exemplo, melhor absorção do fármaco pelo organismo) sem apresentarem novidades terapêuticas: a isso chamamos de inovações incrementais.

Caso ocorra o desenvolvimento de uma nova molécula ativa (princípio ativo) que pode servir de base para um novo medicamento a ser patenteado, esta inovação torna-se uma inovação radical.

Ou seja, dentro da Inovação de produto há subtipos de inovação: A inovação radical e a inovação incremental.

Inovação do Processo

Chama-se de inovação de processo a implementação de um método novo de produção ou distribuição ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares. Um exemplo é a inserção de um maquinário que aperfeiçoe a produção de medicamentos em um determinado centro de produção, o que ocorreu com a produção industrial da Penicilina que demandou recurso tecnológico de última geração para a época.

Inovação Organizacional

É a inovação que ocorre através de mudanças no modelo de negócio. Ou seja, na forma como o produto ou serviço é oferecido ao mercado. Não implica necessariamente em mudanças no produto ou mesmo no processo de produção, mas na forma como ele é introduzido no mercado.

Um exemplo de Inovação organizacional aplicado à produção de medicamento da Biodiversidade é o Arranjo Produtivo Local (APL), que se organiza em setores e redes bem definidas e estabelecidas com um objetivo comum. Você conhecerá mais sobre os APL neste módulo.

Agora que você já compreende o conceito de inovação e seus diferentes tipos, vamos aproveitar para fazer uma distinção importante entre dois termos: invenção e inovação.

A invenção surge de um processo criativo, a princípio sem objetivo comercial definido. A partir do momento em que ela é introduzida no mercado torna-se uma inovação. Desta forma, a invenção só se torna inovação quando possui algum potencial para ser utilizada no mercado, ou seja, quando é comercializada.

O uso da casca de Salix alba L., Salicaceae (salgueiro, chorão) no alivio as dores (analgésica) e na redução da febre (antipirética) foi descrita por Hipócrates e antigas civilizações do Oriente Médio, Suméria, Egito e Assíria. Os nativos americanos a usavam no tratamento de dores de cabeça, febre, reumatismo e tremores. Em 1897, Hoffman pesquisava um medicamento que substituísse o salicilato de sódio (obtido do salgueiro). O salicilato de sódio era indicado no tratamento da artrite, doença do seu pai, e exigia grandes doses diárias, provocava irritação e fortes dores estomacais nos pacientes.
Hoffman preparou o ácido acetilsalicílico (Aspirina^®) a partir da acetilação do ácido salicílico. A nova droga tinha as mesmas propriedades do salicilato de sódio, melhorava a qualidade de vida dos portadores de artrite e causava menos efeitos colaterais. Em 1899 a indústria farmacêutica alemã Bayer conseguiu a patente e teve o início da sua comercialização da Aspirina^®, que se tornou o medicamento mais usado no tratamento dessa doença. Em 1900 o medicamento foi lançado em forma de tabletes, uma inovação para a época (Até então era vendido na forma de pó e pouco solúvel em água).

Este processo se decorreu graças a Revolução Industrial que desenhou um novo modelo econômico e político no mundo ocidental com a passagem dos processos de produção manufaturados aos mecanizados, e neste sentido a produção de medicamentos acompanhou esta tendência com a sofisticação tecnológica. Este período também marca o início da Indústria Farmacêutica.

Compreendemos que a indústria farmacêutica brasileira é caracterizada por uma grande dependência de fontes externas de insumos, capital e tecnologia. Neste sentido, Paulo Bastos Tigre e colaboradores analisam o comportamento inovador da indústria brasileira, apresentando um panorama geral da indústria farmacêutica a luz da pesquisa e desenvolvimento, apoiados pelas políticas públicas de inovação. Ao ler o texto indicado abaixo você compreenderá melhor os assuntos abordados. Clique aqui para ler o artigo "Janelas de oportunidades e inovação tecnológica na indústria brasileira de medicamentos".