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Complexo Econômico Industrial da Saúde

Para ilustrar um Sistema Nacional de Inovação voltado a saúde vamos apresentar o complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS).


  •  O Complexo Econômico Industrial da Saúde é caracterizado por setores industriais de base química e biotecnológica (fármacos, medicamentos, imunobiológicos, vacinas, hemoderivados e reagentes) e de base mecânica, eletrônica e de materiais (equipamentos mecânicos, eletrônicos, próteses, órteses e materiais). Esses setores industriais relacionam-se com os serviços de saúde (hospitais, serviços de saúde e de diagnóstico) em dinâmica permanente de interdependência e de interação com a sociedade e o Estado na busca de oferta de serviços e produtos em saúde (GADELHA, 2006).

Segundo Gadelha (2006), CEIS é estruturalmente configurado a partir de 3 grandes blocos de atividade: (a) Indústria de Base Química e Biotecnologia (onde estão incorporados os investimentos em insumos farmacêuticos ativos vegetais), (b) Indústria de Base Mecânica, Eletrônica e de Materiais, (c) e setores de prestação de Serviços, como representado na figura abaixo:

Complexo Econômico Industrial da Saúde – Caracterização

Fonte: Gadelha (2003).

Como ilustrado na figura acima, a produção em saúde envolve um amplo espectro de atividades industriais: um conjunto de setores, que liderados pela indústria farmacêutica, adotam paradigmas de base química e biotecnológica; e outro conjunto formado pelas indústrias de equipamentos e materiais. Cujas inovações se baseiam em paradigmas de base mecânica, eletrônica e de materiais. A produção destes segmentos conflui para mercados fortemente articulados que caracterizam a prestação de serviços de saúde, hospitalares, ambulatoriais e de diagnostico e tratamento, condicionando a dinâmica competitiva e tecnologia do CEIS (GADELHA & MALDONADO, 2008).

Apesar desses segmentos possuírem dinâmicas bastante diferentes entre si, eles compartilham o mesmo arcabouço político institucional, ou seja, o ambiente regulatório, as diretrizes de política social, econômica, industrial e a estrutura político-institucional do sistema nacional de saúde. E por envolver setores produtivos que implicam novos paradigmas tecnológicos, o CEIS apresenta relevante potencial de geração de inovação, elemento essencial para a competitividade na sociedade do conhecimento, sobretudo no atual contexto de globalização econômica.

Assim, é fundamental que gestores que atuem no segmento se  aprofundem e compreendam a dinâmica deste Complexo, uma vez que estes segmentos articulam entre si, gerando e difundido tecnologias e inovação, e promovendo a dinâmica institucional a um sistema universal de saúde, enfatizando o papel do Estado enquanto mediador dos interesses envolvidos na relação entre saúde e desenvolvimento. Isso reflete a importância estratégica da saúde, uma vez que políticas e ações em saúde apresentam benefícios que extrapolam a especificidade do setor, relacionando-se com a capacidade de a nação promover desenvolvimento sustentável.

Um exemplo da importância estratégica, se dá por exemplo na capacidade de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), sob os princípios da universalidade e integralidade, o qual é impactada pelos custos crescentes em saúde, decorrentes do envelhecimento da população, da incorporação de novos produtos e tecnologias, entre outros fatores, o que compromete os setores prestadores de serviços e os industriais e dessa maneira, cria no país uma dependência externa em produtos de saúde.

Para minimizar essa dependência e para que o Brasil possa se desenvolver e competir com países avançados na produção industrial da saúde, as políticas públicas devem privilegiar o conhecimento, o aprendizado e sobretudo a inovação, para fortalecimento do CEIS, abordando e articulando estratégias de ação que consigam gerar um alto grau de inovação, elevado dinamismo em termos de taxa de crescimento e de competitividade.

O conhecimento necessário à inovação de medicamentos e à descoberta de novas moléculas pode ser obtido através da P&D, seja de forma interna, nas próprias empresas e de forma externa, em redes e projetos de cooperação com instituições de ensino superior e institutos de pesquisa. Ao longo do tempo, as grandes empresas farmacêuticas buscaram realizar todas as etapas de P&D internamente, com infraestrutura e recursos humanos próprios, o que proporcionava a internalização do conhecimento na empresa. Entretanto, os altos custos e o tempo necessário para desenvolver novas moléculas, a baixa produtividade de P&D, a ampliação do portfólio de produtos, as exigências regulatórias, entre outros aspectos, têm levado as empresas globais a buscar se apropriar de conhecimento gerado externamente.

  •  Gadelha(2003) desenvolve um enfoque analítico voltado para o estudo do complexo industrial da saúde, englobando o conjunto das atividades produtivas e suas relações de interdependência, segundo uma perspectiva de economia política e da inovação. Clique aqui para ler o artigo "O complexo industrial da saúde e a necessidade de um enfoque dinâmico na economia da saúde".