Contextualização da emergência das RAS no plano internacional

A principal referência sobre Redes de Atenção à Saúde (RAS), que inspirou muitos países, foi a do sistema de saúde inglês. O National Health Service (NHS) - Serviço Nacional de Saúde, em tradução livre - nasceu em 1948, no pós-Guerra, como parte das políticas públicas do Welfare State (Estado de Bem-Estar Social) do Reino Unido. O NHS foi fundamentado no famoso Relatório Dawson de 1920 e no Plano Beveridge de 1942.

Estas transformações da intervenção estatal se difundiram para outros Estados Nacionais com especificidades na construção de sua proteção social e de seus sistemas de saúde.

Pontos centrais do Relatório Dawson que influenciaram o Plano Beveridge e a criação do NHS são:

  • Rede regionalizada e hierarquizada com serviços diferenciados e complementares.

  • Integração de ações preventivas e curativas, tendo a Atenção Primária como porta de entrada e retaguarda dos serviços secundários e terciários.

  • Autoridade Sanitária por área (ou região).

  • Médicos generalistas (General Practitioners - GP's em inglês) como atores centrais do sistema e da Atenção Primária.

Relatório Dawson e Plano Beveridge

O Relatório Dawson foi publicado em 1920 e com o objetivo de informar a reorientação do sistema de proteção social em saúde do Reino Unido, então um seguro social de cobertura muito restrita. Ele não foi implementado, mas orientou a criação da rede do NHS, que foi organizada a partir da estatização de todos os hospitais do Reino Unido, à época.

O Plano Beveridge de 1942 recomendou a criação de um serviço nacional de saúde de financiamento público de fontes fiscais e a gestão da saúde pública em sua organização da prestação de serviços pautada em princípios da universalidade, integralidade, equidade e gratuidade. Definiu o acesso a serviços de saúde como um direito à saúde.

O NHS tem grande apoio político da população até os dias atuais, o que permitiu resistir parcialmente às reformas propostas pelas políticas de orientação neoliberal nos anos 1990, que ainda assim promoveu alguma separação entre o financiamento e a provisão dos serviços de saúde.

• Documentário: O Espírito de 45

Para conhecer a história da criação, os desafios atuais do NHS e os contextos que favorecem a solidariedade e o direito à saúde, assista ao filme documentário O Espírito de 45, do diretor inglês Ken Loach.

Fonte: Vimeo

Transcrição

Nas últimas décadas, organismos internacionais e até mesmo o setor privado vêm abordando as RAS em termos de cuidados integrados, com motivações ora sanitárias ora econômicas, visando uma certa racionalização do uso de serviços de saúde diante dos problemas gerados pelos custos, pela fragmentação das ações de saúde e pelo modelo assistencial centrado no cuidado médico individual para responder a casos agudos.

PARA IR MAIS LONGE:

A saúde-doença como processo social.

Fonte: Portal Scielo

Centralidade nas pessoas ou no lucro

Na discussão das RAS, é necessário atentar não apenas aos aspectos técnico-assistenciais como também aq ueles de ordem político-econômica que podem atravessar o tema das RAS. Nas situações e contextos concretos, é fundamental observar se a intencionalidade central é responder às necessidades das pessoas e grupos sociais ou a busca de lucro. Nesta aula, estamos pautados pela primeira perspectiva, sem desconsiderar a necessidade de dimensionamento e utilização adequada de recursos financeiros na saúde.

Este tema é muito bem analisado por Rosana Kuschnir e Adolfo Chorny no artigo Redes de atenção à saúde: contextualizando o debate.

RAS no contexto brasileiro: organização e elementos centrais

No Brasil, o Artigo 198 da Constituição Federal de 1988 (conhecida como Constituição Cidadã) prevê que na criação do SUS: “As ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único”. A trajetória de implantação do SUS na década de 1990 teve a descentralização, organizativa e político-institucional, como importante característica, em boa medida responsável pela expansão e dimensão atual do SUS. Este processo se deu principalmente por meio da municipalização da saúde e, em menor grau, da regionalização da saúde e a Estratégia de Saúde da Família (ESF) se constituiu em uma política de APS estruturante para organização do SUS em nível local, e em grande parte responsável pela capilaridade do SUS em todo o território nacional.

A constituição de RAS implica em um esforço de cooperação, entre as esferas governamentais/entes federados que supere a competição, ainda que atravessada por tensões próprias à política governamental e de saúde.

A noção de rede foi adotada em inúmeras políticas de saúde e em experiências loco-regionais do SUS, tendo se fortalecido no discurso de entidades nacionais como o Ministério da Saúde (MS), o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), sendo objeto frequente das negociações e decisões no âmbito das Comissões Intergestores Regional (CIR) e da Comissão Intergestores Tripartite (CIT).

Regulamentação da RAS

Em 2010, o MS regulamentou as RAS no SUS conceituando-as como “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado”.

Após diferentes tentativas de normatização de décadas anteriores, o Decreto nº 7.508/2011, regulamentou a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/1990), institucionalizando a organização das redes e regiões de saúde (agrupamentos de municípios) bem como de instâncias e dispositivos de gestão intergovernamental entre União, Estado e Municípios. O Decreto define que as regiões devem conter, no mínimo, atenção primária à saúde, vigilância à saúde, atenção ambulatorial especializada, atenção psicossocial, atenção hospitalar e de urgência e emergência.

Ainda em 2011, o MS passou a adotar também o conceito de redes temáticas como parte da estratégia de constituição de redes, focadas em determinados problemas de saúde e campos de cuidado, conformando a Rede de Atenção Obstétrica e Neonatal, a Rede de Atenção Psicossocial, a Rede de Atenção às Condições Crônicas, a Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência, a Rede de Atenção às Urgências e Emergências.

A atenção básica em saúde, também denominada atenção primária à saúde, ocupa um papel central e estratégico na construção da RAS. Deve, inclusive (re)orientar a organização do conjunto de serviços de saúde que compõe a RAS, tendo as necessidades de saúde individuais e coletivas como referência fundamental.

O movimento de descentralização tem na regionalização da saúde uma das suas principais referências e desafios, posto que na maioria dos municípios brasileiros, de pequeno porte, não é possível ofertar todos os tipos ações de saúde, requerendo, portanto, uma concepção e organização regional de rede, em geral intermunicipal, com apoio financeiro, técnico e de gestão das instâncias estaduais e nacional.

RAS e integralidade

Dentre as principais justificativas para a organização e funcionamento dos serviços como parte de uma rede, no Brasil, destacam-se o perfil demográfico e epidemiológico da população com destaque para o envelhecimento populacional e a tripla carga de doenças marcada por condições crônicas, acidentes e violências e a permanência e emergência das doenças infecciosas.

As RAS são uma importante forma de organização para dar conta de diferentes demandas e necessidades de saúde, a partir da articulação de diversos arranjos assistenciais e tipos de serviços de saúde, tendo como referência os princípios da universalidade, equidade e integralidade que congregam o direito social à saúde inscrito na Constituição de 1988.

Definindo Integralidade

A definição de integralidade prevista na Constituição aparece como assistência integral. Ela aparece vinculada tanto a modalidades de intervenção em saúde baseadas na história natural da doença (prevenção e cura) quanto remete a questões mais gerais que interferem na saúde (de ordem socioeconômica, por exemplo). Mas são muitas as interpretações sobre a integralidade.

Mattos (2001) refere-se à integralidade como um conceito polissêmico, destacando dimensões de sua “ocorrência”, a saber: práticas profissionais (em torno da abordagem das pessoas, do cuidado), organização dos serviços (arranjos, configurações, fluxos, ofertas) e políticas (abrangentes, focais etc.), ao que se agregam também as redes sociais e intersetoriais. Ao refletir sobre a natureza do conceito de integralidade, Mattos a destaca como uma bandeira de luta e imagem-objetivo.

Giovanella et al. (2002) entende a integralidade como um princípio associado à Reforma Sanitária e que apresenta além de perspectivas próximas às dimensões de Mattos, uma especial de articulação de um conjunto de políticas públicas vinculadas a mudanças sociais mais amplas para incidir na determinação social dos processos saúde enfermidade.

Cecílio (2006), partindo da premissa de que as necessidades de saúde são socialmente construídas, propõe que estas sejam tomadas como base para pensar a integralidade, ofertando a partir daí uma tipologia de necessidades, a saber: ter boas condições de vida, acesso a tecnologias que melhoram e prolongam a vida, vínculo com profissionais, autonomia no andar a vida, agregando posteriormente o direito à diferença como necessidade.

Miranda Jr (2014), por sua vez, formula a ideia de que as redes de atenção à saúde são uma estratégia de efetivação da integralidade em cenários regionais.

Por fim, como a maioria dos municípios brasileiros são de pequeno porte, a conformação de uma rede integral se completa disponibilizando a maioria dos tipos de serviços de saúde na região de saúde (intermunicipal) para dar conta das necessidades de saúde, desde as mais comuns até as menos frequentes e que demandem serviços especializados específicos, às vezes incluindo serviços de referência de outras regiões de um mesmo estado, de outro estado ou nacional.

Cabe lembrar que, em um país tão diverso, desigual e continental como o Brasil, a concepção de redes regionalizadas integrais deve nortear o processo de implementação do SUS, todavia, ainda não conformam uma realidade já concretizada nos vários lugares. Os constrangimentos estruturais à efetivação do SUS (a exemplo do subfinanciamento crônico, do mix público-privado e das complexas relações interfederativas), assim como as dinâmicas e atores loco-regionais, condicionam as possibilidades de tradução das RAS nas regiões de saúde com a garantia do acesso universal, integral e cuidado coordenado.

Além disso, a materialização cotidiana das redes, que não são apenas o conjunto de serviços, mas também a conexão e articulação de ações, depende também dos modos de interação entre profissionais e entre serviços, ademais das relações entre as três esferas governamentais.

Elementos organizadores de uma rede de atenção

Para que tenhamos uma rede de atenção em uma grande cidade ou numa região formada pelo agrupamento de municípios próximos, alguns componentes devem ser levados em conta. Estes componentes são sintetizados a seguir. Vejamos:

PARA IR MAIS LONGE:

A atenção à saúde coordenada pela APS: construindo as redes de atenção no SUS contribuições para o debate

A saúde-doença como processo social.

Fonte: OPAS

Série Técnica Redes Integradas de Atenção à Saúde explica em detalhe os componentes das redes de atenção à saúde e os desafios para sua constituição. Ele foi publicado em 2010 pela OPAS representação Brasil, coordenado por Renato Tasca

Integração na rede

É muito importante a continuidade e a integração dos cuidados numa rede. É fácil perceber isso se pensarmos, por exemplo, no caso de um usuário (ou paciente) que precisa ser encaminhado para outro profissional (para fazer um exame ou tratamento) ou que é cuidado em dois serviços de saúde ao mesmo tempo. Para não ocorrer descontinuidade do cuidado é necessário coordenação e integração na rede. Na saúde, não basta cada um fazer a sua parte, é preciso pensar constantemente em como e no que fazer para que o tempo e lógica do cuidado de uma pessoa seja bem gerido e articulado. Para a integração, diferentes ações de gestão, organizativas e interprofissionais são necessárias. Conheça algumas ações:

A integração dos serviços de atenção à saúde em rede assistencial amplia as condições de garantia do acesso à atenção integral e depende do estabelecimento de sistema de referência e contrarreferência decisivos para o exercício pleno das equipes de atenção primária em sua função da coordenação dos cuidados. No Brasil, a constituição de redes assistenciais regionalizadas ainda é um desafio e a sua consolidação é fundamental para garantir atenção a todos, de acordo com as suas necessidades.

Um dos condicionantes para garantia do cuidado integral na rede assistencial é a adequada regulação assistencial que oportunize o acesso conforme necessidade desde a atenção primária até os diversos especializados e hospitalares.

PARA IR MAIS LONGE:

A saúde-doença como processo social.

Fonte: Scielo

A regulação do acesso à atenção especializada e a Atenção Primária à Saúde nas políticas nacionais do SUS. Physis.

Para conhecer as iniciativas para regulação assistencial no SUS consulte o artigo de Melo e colaboradores.

Atenção Primária à Saúde nas RAS

A Atenção Primária à Saúde (APS) tem seu marco na declaração da Conferência Internacional de Alma-Ata de 1978 que conformou, no âmbito internacional, uma série de princípios para organizar sistemas de saúde segundo os princípios de universalidade, integralidade e equidade para garantia do direito à saúde. Ao longo do tempo foram se formando diferentes abordagens de APS associadas a distintas compreensões do direito à saúde e da responsabilidade estatal na garantia deste direito (Giovanella e Mendonça, 2012).

Podem ser identificadas quatro linhas principais de interpretação para atenção primária à saúde:

  • Com enfoque restrito de programa focalizado e seletivo, com cesta restrita de serviços dirigido a populações muito pobres – denominado em inglês Selective Primary Care.

  • Um dos níveis de atenção em sistemas públicos universais, que corresponde aos serviços ambulatoriais médicos não especializados de primeiro contato, incluindo ou não amplo espectro de ações de saúde pública e de serviços clínicos direcionados a toda a população, em sistemas públicos universais de saúde – denominada em inglês Primary Care.

  • APS abrangente ou integral, como uma concepção de modelo assistencial e de organização do sistema de saúde conforme proposto em Alma-Ata para enfrentar necessidades individuais e coletivas e seus determinantes sociais – denominada em inglês comprehensive Primary Health Care.

  • APS como filosofia que orienta processos emancipatórios pelo direito universal à saúde.

• Atributos da Atenção primária à Saúde e suas definições

Internacionalmente, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem sido pensada a partir de alguns atributos em sistemas universais de saúde. Conheça:

Primeiro contato

  • Serviços procurados regularmente cada vez que o paciente necessita de atenção em caso de adoecimento ou para acompanhamento rotineiro de sua saúde.

  • Porta de entrada preferencial do sistema de saúde: ponto de início da atenção e filtro para acesso aos serviços especializados.

Longitudinalidade

  • Assunção de responsabilidade longitudinal pelo usuário com continuidade da relação equipe/usuário ao longo da vida, independentemente da ausência ou da presença de doença.

Coordenação do cuidado

  • Coordenação das diversas ações e serviços para resolver necessidades menos frequentes e mais complexas.

Integralidade

  • Reconhecimento de amplo espectro de necessidades, considerando-se os âmbitos orgânico, psíquico e social da saúde, dentro dos limites de atuação do pessoal de saúde.

  • Implica oferecer serviços preventivos e curativos resolvendo a grande maioria das demandas e encaminhando quando necessário.

Orientação para a comunidade

  • Conhecimento das necessidades de saúde da população adscrita em razão do contexto econômico e social em que vive.

  • Conhecimento da distribuição dos problemas de saúde e dos recursos disponíveis na comunidade.

  • Participação da comunidade nas decisões sobre sua saúde.

Centralidade na família

  • Consideração do contexto e dinâmica familiar para avaliar como responder às necessidades de cada membro.

  • Conhecimento dos membros da família e seus problemas de saúde.

Competência cultural

  • Reconhecimento de diferentes necessidades dos grupos populacionais, suas características étnicas, raciais e culturais, entendendo suas representações dos processos saúde-enfermidade. (Starfield, 2002)

No Brasil, houve grande destaque para a APS, com a criação do Programa de Saúde da Família nos anos 1990. O Programa foi redefinido como Estratégia de Saúde da Família (ESF), está em praticamente todos 5.570 municípios brasileiros. Hoje é difícil encontrar um bairro, ou mesmo zonas mais remotas ou rurais, sem uma Unidade Básica de Saúde.

Estima-se que 65% da população brasileira esteja coberta pelas equipes de saúde da família no país em 2019.

A principal forma de organização da atenção básica no Brasil é através das Equipes de Saúde da Família, compostas por médico generalista (ou médico de família e comunidade), enfermeiro, técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde, podendo ainda contar com profissionais de saúde bucal. As Equipes de Saúde da Família (eSF) podem ser ainda complementadas por profissionais que antes compunham os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), que tinham o matriciamento como seu principal encargo e referencial teórico-metodológico. Esta estratégia, o NASF, encontra-se em reconstrução e reformulação, e é chamada agora de eMulti (Portaria GM/MS nº 635, de 22 de maio de 2023).

Núcleo de Apoio à Saúde da Família

A criação do NASF ampliou a resolutividade das Equipes de Saúde da Família, em 2008, a partir de incentivos financeiros do MS. O NASF era constituído por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, para atuarem em parceria com os profissionais das EqSF, compartilhando práticas em saúde nos territórios sob sua responsabilidade.

Suas áreas estratégicas abrangem atividade física/práticas corporais, práticas integrativas e complementares, reabilitação, alimentação e nutrição, saúde mental, serviço social, saúde da criança/adolescente/jovem, saúde da mulher e assistência farmacêutica. (Giovanella e Mendonça, 2012).

A ESF contribui para a redução de mortalidade infantil no Brasil, por exemplo, e tem ajudado a reduzir internações hospitalares em várias localidades.

Em termos práticos, podemos dizer que a atenção básica no Brasil opera com três principais funções nos seus territórios de abrangência: acolher a demanda espontânea, ofertar cuidado continuado, lidar com problemas/riscos coletivos à saúde, lançando mão de diferentes abordagens e estratégias, articulando ações de cuidado individual, de prevenção de doenças e de promoção da saúde no território. A APS, quando funciona adequadamente, é capaz de resolver ou manejar a maioria dos problemas de saúde, agudos e crônicos, e necessita de suporte de outros serviços da RAS para a produção de cuidado integral.

O modelo assistencial da APS no SUS, a Estratégia Saúde da Família, é de orientação comunitária e tem como diretrizes e características singulares:

É importante destacar que, no cenário da pandemia de COVID-19, a APS no SUS se reinventou desenvolvendo estratégias de vigilância em saúde, descobrindo novas formas de cuidado à distância por telefone, por WhatsApp, por visitas peridomiciliares dos ACS. Esses novos arranjos foram necessários para possibilitar o cuidado aos usuários com COVID-19 e para garantir a continuidade dos cuidados rotineiros como imunização e pré-natal, empreendendo ações comunitárias e de apoio social aos grupos vulneráveis, ainda que faltassem recursos, insumos, internet, equipamentos de proteção individual, acesso a testes e educação permanente.

Saiba mais sobre políticas de saúde

A saúde-doença como processo social.

Fonte: Scielo

O SUS vem sendo valorizado no contexto da pandemia de COVID-19, no entanto o modelo assistencial da atenção primária no SUS com sua equipe multiprofissional e de orientação comunitária, desde 2017 foi ameaçado. Para saber mais sobre como ocorreu esse retrocesso, leia o artigo Mudanças na Política Nacional de Atenção Básica: entre retrocessos e desafios.

A saúde-doença como processo social.

Fonte: Scielo

Para conhecer mais sobre os campos de atuação da APS no SUS consulte o capítulo 16 sobre APS do livro Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil, elaborado por Giovanella e Mendonça (2012)

O debate das RAS é central para o fortalecimento da APS e do SUS e para a integração de serviços e sistemas de saúde com ênfase na qualidade de vida dos cidadãos e na continuidade do cuidado, ou seja, para garantia da integralidade da atenção.

Os elementos abordados até aqui são importantes referências norteadoras para a organização do sistema de saúde brasileiro, público, universal, integral e com equidade. Mas os desafios nos mecanismos de financiamento e gestão, assim como a implementação parcial das RAS no contexto do SUS limitam o alcance das reflexões apresentadas nesta atividade.

Você chegou ao final da aula

Nesta aula você viu os seguintes tópicos:

  • CheckContextualização da emergência das RAS no plano internacional
  • CheckRAS no contexto brasileiro: organização e elementos centrais
  • CheckRAS e integralidade
  • CheckElementos organizadores de uma rede de atenção
  • CheckIntegração na rede
  • CheckAtenção Primária à Saúde nas RAS

Leitura sugerida:

CAMPOS, G. W. S.; DOMITTI, A. C. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 23, n. 2, p. 399-407, 2007. Disponível em:https://www.scielo.br/j/csp/a/VkBG59Yh4g3t6n8ydjMRCQj/?format=pdf&lang=pt

GIOVANELLA, L. et al. De Alma-Ata a Astana. Atenção primária à saúde e sistemas universais de saúde: compromisso indissociável e direito humano fundamental. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, n. 3, 2019. Disponível em:https://www.scielo.br/j/csp/a/9rWTS9ZvcYxqdY8ZTJMmPMH/?format=pdf&lang=pt

GIOVANELLA, L. et al. Sistema universal de saúde e cobertura universal: desvendando pressupostos e estratégias. Ciência Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 6, p. 1763-1776, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/7BM4FYp7dWJzyb7wzktwhJH/?format=pdf&lang=pt

GIOVANELLA, L.; ALMEIDA, P. F. Atenção primária integral e sistemas segmentados de saúde na América do Sul. Cadernos de Saúde Pública, v. 33, n. Supl. 2, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/BkZJXCKLpLBYrPxPs7HVYbG/?format=pdf&lang=pt

MEDINA, Maria Guadalupe, et al. Atenção primária à saúde em tempos de COVID-19: o que fazer?. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 8, p., 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/rYKzdVs9CwSSHNrPTcBb7Yy/?format=pdf&lang=pt

MENDES, Eugênio V. As redes de atenção à saúde. Ciência Saúde Coletiva, v.15, n.5, p. 2297-2305, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/VRzN6vF5MRYdKGMBYgksFwc/?format=pdf&lang=pt

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Declaração de Alma-Ata. In: Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde. Alma-Ata, Cazaquistão; 1978. Brasília: UNICEF, 1979. p. 2-5. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/39228/9241800011_por.pdf

VILARINS, G. C. M.; SHIMIZU, H. E.; GUITIERREZ, M. M. U. A Regulação em Saúde: aspectos conceituais e operacionais. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 36, n.9 5, p. 640-647. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/9s37MpDfXmBTY5bXx3XXxPh/?format=pdf&lang=pt

Vídeos complementares:

Para conhecer sobre os atuais desafios do planejamento das regiões de saúde e organização das redes no SUS assista aos vídeos dos seminários da série “O Valor do SUS” organizados pelo Projeto Região e Redes: caminhos da universalização da saúde no Brasil.

Fonte: Página do projeto Regiões e Redes

Transcrição

REFERÊNCIAS:

CECÍLIO, L. C. O. As Necessidades de Saúde como Conceito Estruturante na Luta pela Integralidade e Equidade na Atuação em Saúde. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (Org.). Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: UERJ, IMS, ABRASCO, 2009. p.117-130. Disponível em: https://www.cepesc.org.br/wp-content/uploads/2013/08/Livro-completo.pdf

GIOVANELLA, L. et al. Sistemas Municipais de saúde a diretriz da integralidade da atenção: critérios de avaliação. Saúde em Debate, v. 26, n. 60, p. 37-61, 2002. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2023/05/676164/v26-n60-janabr-2002-37-61.pdf

GIOVANELLA, L.; MENDONÇA, M. H. M. Atenção Primária à Saúde. In: GIOVANELLA, L.; ESCOREL, S.; LOBATO, L. V. C. (Org.). Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2012, p.493-545. Disponível em: http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/ATENCAO_PRIMARIA_A_SAUDE_ESF_Giovanella_L_Mendonca_MH.pdf

KUSCHNIR, R.; CHORNY, A. H. Redes de atenção à saúde: contextualizando o debate. Ciência Saúde Coletiva, v. 15, n. 5, p. 2307-2316, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v15n5/v15n5a06.pdf

MAGALHÃES JUNIOR, H. M. Redes de Atenção à Saúde: rumo à integralidade. Divulgação em Saúde para Debate, n. 52, p. 15-37, 2014. Disponível em: http://cebes.org.)br/site/wp-content/uploads/2014/12/Divulgacao-52.pdf

MATTOS, R. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores que merecem ser defendidos. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (Org.). Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ABRASCO, 2009. p. 43-68. Disponível em: https://www.cepesc.org.)br/wp-content/uploads/2013/08/Livro-completo.pdf

MELO, E. A. et al. Mudanças na Política Nacional de Atenção Básica: entre retrocessos e desafios. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 42, n. especial 1, p. 38-51, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/Vs4dLSn6T43b6nPBCFg8F3p/?format=pdf&lang=pt

MENDONÇA, M. H. M. et al. Atenção Primária à Saúde no Brasil: conceitos, práticas e pesquisas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2018, 614 p. Disponível em: https://books.scielo.org/id/bjj6w/03

ACESSIBILIDADE e primeiro contato: a “porta”. In: STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. p. 207-246. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/0253.pdf.