Módulo 1 | Aula 1
letramento racial para trabalhadores do sus
Racismo, Antirracismo, Raça e Saúde
As sistemáticas desvantagens da população negra no Brasil
O infográfico “Evidências das desigualdades raciais no Brasil” expõe a profunda desigualdade racial existente na sociedade brasileira. São dados inquestionáveis de que a população negra vive em piores condições do que a população branca no acesso à renda, à segurança, ao emprego e às funções de poder. Mesmo negros e brancos tendo igualdade formal (na lei), a igualdade material (no dia a dia) não se concretiza, segundo os dados disponíveis.
Essa distribuição desigual de recursos, quando observamos os indicadores por extrato de raça/cor, não é um cenário pontual. O acompanhamento de indicadores sociais em séries históricas mostra que repetidamente a população negra vem acumulando desvantagens nas diversas esferas da vida em sociedade, em comparação à população branca.
Para exemplificar, o Gráfico 1 - Rendimento médio domiciliar por pessoa em Reais (R$) nos mostra que a desigualdade de renda entre brancos e negros se manteve praticamente inalterada durante uma década. Em 2021, o rendimento médio por pessoa residente no domicílio da população branca (R$ 1.866) era quase duas vezes o verificado para a população preta (R$ 965) e parda (R$ 945). Essa tendência se manteve desde 2012, expressando a tendência de perpetuação da maior concentração da população negra na base da estrutura de rendimentos, em atividades de menor remuneração, de baixo reconhecimento social e informais (IBGE, 2022).
Gráfico 1 - Rendimento médio domiciliar por pessoa em Reais (R$)
Por sua vez, o Gráfico 2 - Presença de pessoas negras no ensino superior entre 2010 e 2019, população geral e mulheres entre 18 e 24 anos, nos aponta que, embora possamos perceber um aumento da proporção de pessoas negras matriculadas no ensino superior entre 2010 e 2019, a diferença em relação às pessoas brancas não diminui ao longo do tempo; ao contrário, em 2010 era de 12,1% e em 2019 passou a ser de 13,1%.
No mesmo gráfico, identificamos que mulheres negras aumentaram sua presença no ensino superior entre 2010 e 2019. Entretanto, não houve nenhuma redução da disparidade em relação às mulheres brancas. Ou seja, houve ampliação da frequência da população negra no ensino superior no período avaliado, mas as desigualdades raciais foram mantidas intactas, mantendo a população negra em desvantagem.