Módulo 1 | Finalizando
letramento racial para trabalhadores do sus
Finalizando o módulo: Relações entre o racismo e a saúde como direito no Brasil
Parabéns! Chegamos ao fim do módulo 1 “Relações entre o racismo e a saúde como direito no Brasil”. Neste módulo, desvendamos as complexas relações entre racismo e saúde no Brasil, o contexto histórico do racismo no país e com toda essa gama de conhecimentos, percebemos que o racismo não é apenas uma questão individual, mas uma estrutura que influencia a organização econômica, cultural e política da sociedade.
Agora, vamos consolidar nossos conhecimentos e refletir sobre como podemos transformar essa realidade. Juntos, vamos relembrar as raízes históricas do racismo, as desigualdades no acesso à saúde e as possibilidades de construir um SUS mais justo e equitativo para todos. Este vídeo é um convite para que você se junte a nós nessa jornada e contribua para um futuro mais justo e igualitário.
Para isso, as autoras desse módulo, as professoras Regimarina Soares Reis(EPSJV /Fiocruz) e Letícia Batista da Silva (EPSJV /Fiocruz e UFF), retornam e nos apresentam uma fazem uma síntese sobre o que você estudou até aqui.
Finalizando o módulo: Relações entre o racismo e a saúde como direito no Brasil
[Vinheta de abertura]
[Professora Regimarina Reis] - Olá! Chegamos ao encerramento do Módulo 1 do Curso Letramento Racial para Trabalhadores do SUS, que abordou as relações entre o racismo e a saúde como direito no Brasil.
[Professora Letícia Batista] - Agora a gente vai tentar destacar alguns pontos centrais que tratamos e resgatar isso. Vamos lá.
[Professora Regimarina Reis] - Durante o nosso módulo, nós discutimos como o racismo é um grande obstáculo à efetivação da saúde como direito no Brasil. A população negra é a maioria da população brasileira, é a maioria dos usuários do SUS e as iniquidades raciais em saúde atravessam todas as fases da vida dessas pessoas. E a principal causa disso é o racismo.
E essas desigualdades vêm ocorrendo ao longo da história, ao longo dos séculos, desde que as primeiras pessoas negras foram trazidas à base da força e violência para trabalhar neste país como mão de obra escravizada. O nosso contexto histórico-social atual, ele é produto, moldado fortemente por processos de racismo e discriminação, mas a brutalidade e a violência vivida pelas pessoas negras neste país geralmente vêm encoberta por uma espécie de verniz que tenta nos passar a falsa ideia, a ideia equivocada, de que todas as pessoas negras estão plenamente integradas na sociedade brasileira, como se nós fôssemos todos iguais. E uma parte desse falseamento consiste na ideia equivocada de que o racismo é apenas um problema individual, uma falha de caráter ou uma questão de má índole de algumas pessoas. E é esse mito, essa falsa ideia, esse falseamento da realidade, que nós chamamos de mito da democracia racial. E nós precisamos desconstruir totalmente esse mito na sociedade brasileira.
[Professora Letícia Batista] - Essa discussão sobre o mito da democracia racial é tão importante porque este elemento não é um elemento apenas descritível, é um elemento que está no cotidiano das instituições. O que aparece para a gente como uma questão individual é, na verdade, uma questão também coletiva e também social.
[Professora Regimarina Reis] - Bom, a formação das pessoas, a reeducação das pessoas em perspectiva antirracista, ela é necessária e deve ser permanente. Não devendo, por exemplo, a sua formação se encerrar com este curso. A nossa expectativa, o nosso desejo é que você possa continuar a sua formação, a sua atuação, compreendendo o modo como o racismo estrutura a formação da nossa sociedade, produz iniquidades raciais, o modo como o racismo foi e vem sendo produzido e atualizado no nosso contexto histórico. E com isso você será capaz de atuar, de identificar sobre as manifestações, expressões e repercussões do racismo no âmbito do SUS.
[Professora Letícia Batista] - É preciso que qualifiquemos o sentido da igualdade no Sistema Único de Saúde. As práticas em saúde passam por um processo de entender como a equidade se estabelece também. Como que esses aspectos que são históricos e sociais repercutem no cotidiano das práticas, no cotidiano dos serviços de saúde. É importante que a gente entenda que essa relação é sempre dialética e contínua. O racismo é uma expressão nos indivíduos, é uma expressão nas instituições e também na coletividade. Construir práticas antirracistas requer não só compreender que há racismo, mas que pensemos dentro das instituições que a gente atua como que a gente constrói práticas que vão de encontro ao que já está estabelecido e que é tratado numa perspectiva de normalidade.
Não são aspectos normais, não são aspectos naturais, são construções sociais, econômicas que atravessam a forma como a gente produz cuidado em saúde. As práticas de saúde precisam ser repensadas a partir das necessidades de saúde dos usuários do SUS. Quando a gente fala, reitera, que a maioria da população brasileira é negra, formada por pretos e pardos, e quando a gente diz, são essas pessoas também os principais usuários do Sistema Único de Saúde, no sentido do volume e também da peculiaridade desse atendimento. Então fica aqui o nosso convite para que possamos construir práticas antirracistas e que o letramento racial seja apenas um primeiro ponto de partida para um processo que é muito mais amplo e que não é somente individual, é individual e coletivo.
[Vinheta de encerramento]