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letramento racial para trabalhadores do sus

Iniciando as reflexões sobre práticas antirracistas no trabalho em saúde

No módulo 1 desse curso, você pôde perceber que vivemos em uma sociedade marcada por profundas desigualdades ligadas à discriminação racial, que se refletem em todas as esferas da vida, incluindo a saúde. Você notou que o racismo estrutural impacta diretamente e indiretamente o cotidiano das instituições, como aquelas que compõem o Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, ficou claro o quanto é essencial que os profissionais de saúde estejam preparados para reconhecer, enfrentar e combater essas desigualdades.

Agora, no módulo 2, intitulado Prática antirracista como princípio do trabalho em saúde, você terá a oportunidade de aprofundar sua compreensão sobre a questão racial. Poderá entender melhor como a relação imbricada entre raça, classe e gênero impacta as condições e os cuidados em saúde, o que torna ainda mais desafiador o enfrentamento do racismo nas práticas de assistência e gestão no SUS. Enriquecerá também sua compreensão sobre as origens das desigualdades raciais, a questão da branquitude e o que podemos fazer na prática das ações de saúde.

Este módulo foi elaborado para apoiar a sua qualificação, enquanto trabalhadora e trabalhador da saúde, sob uma perspectiva crítico-reflexiva, a fim de atingir os seguintes objetivos:

  • Reconhecer a branquitude na sociedade brasileira como parte do problema do racismo, que propicia a construção de lugares de privilégio e vantagem estrutural;
  • Reconhecer vocabulário racial, códigos raciais e práticas racializadas, de modo a facilitar as discussões de raça e racismo, bem como as práticas antirracistas na saúde;
  • Identificar maneiras pelas quais o racismo é mediado por gênero e classe e as expressões dessas imbricações na área da saúde;
  • Identificar possibilidades de práticas antirracistas no âmbito do SUS, considerando os processos de trabalho, a formação na saúde e o cuidado em saúde.

Esperamos que, com esses conteúdos e com as reflexões propostas, você possa reconhecer os mecanismos de operação do racismo no cotidiano do trabalho em saúde e suas possíveis formas de enfrentamento.

Ao assumir um comprometimento ético-político antirracista e adotar práticas de enfrentamento às desigualdades raciais, as instituições de saúde ampliam sua capacidade de resposta às necessidades de saúde da maioria da população usuária do SUS. Além disso, podem fortalecer a relação entre os serviços, os trabalhadores e usuários da saúde na busca pelo princípio da equidade e por justiça social.

Assista ao vídeo a seguir em que os professores Marcos Vinícius Ribeiro de Araújo e Daniel de Souza Campos, autores dos conteúdos elaborados para esse módulo, falam um pouco mais sobre o que você vai encontrar por aqui e reforçam o convite para ingressarmos nessa jornada de aprendizagem!

[Vinheta de abertura]

[Narrador] - Olá, seja bem-vinda e seja bem-vindo ao módulo “Prática Antirracista como Princípio do Trabalho em Saúde”, que é o segundo módulo do curso de Letramento Racial para Trabalhadores do SUS.

[Narrador] - No módulo 1 desse curso, você pôde compreender aspectos sobre as relações entre racismo e saúde, levando em consideração elementos da formação da sociedade brasileira. Ficou nítido que o racismo é resultante de práticas históricas e sociais, ou seja, o racismo é apreendido.

[Narrador] - Você provavelmente constatou também que o racismo não é algo que ficou no passado, mas que é continuamente reatualizado, interferindo diretamente na estrutura e no funcionamento da sociedade brasileira. Após reconhecer essa realidade, chegamos a um ponto que precisamos conversar agora. De que forma podemos efetivar práticas antirracistas como o princípio do trabalho em saúde? Você já parou para pensar que, quando refletimos sobre o antirracismo, é natural e comum que venha a nossa mente exemplos de ações e contextos vinculados às nossas interações no mercado de trabalho, no cotidiano do mercado, interações muito vinculadas ao campo, muito mais pessoais do que propriamente do nosso fazer no trabalho?

[Narrador] - Isso significa que, raramente, a gente considera o antirracismo no nosso cotidiano das instituições, sobretudo quando estamos pensando o trabalho em saúde. Hoje sabemos que a maioria dos cursos de formação em saúde, sejam eles de nível técnico ou de graduação, ignoram o tema do antirracismo no processo de trabalho em saúde. No mundo do trabalho, a realidade também não é muito diferente. Além disso, se analisarmos bem, perceberemos que as práticas de saúde, ainda enraizadas pelo modelo biomédico, pouco ou nem sempre consideram o racismo no processo de adoecimento da população brasileira.

[Narrador] - Foi partindo desta constatação que este módulo foi elaborado, com o objetivo de apoiar a qualificação de trabalhadores e trabalhadoras em saúde para ação crítico-reflexiva. E assim foram organizados quatro eixos: O sistema escravista e trabalho livre no Brasil; Raça e racismo na contemporaneidade; imbricações de gênero e classe; Branquitude: O lugar do branco nas ações raciais; e Antirracismo: definições e ferramentas para reorientação das práticas de saúde na organização de serviços, processo de trabalho, formação e cuidado em saúde.

[Narrador] - Nós esperamos que as discussões levantadas nesse módulo possam ajudar no aprimoramento das suas práticas profissionais e enriquecimento da sua formação, por meio de procedimentos de identificação dos mecanismos de operação do racismo no cotidiano do trabalho em saúde e das possíveis formas de enfrentamento.

Até breve!

[Vinheta de encerramento]