Módulo 1 | Aula 1
letramento racial para trabalhadores do sus
Racismo, Antirracismo, Raça e Saúde
Para iniciarmos a nossa discussão, estima-se que o Brasil seja o país com a maior população negra fora da África, e a nação com a segunda maior população negra do mundo, ficando atrás apenas da Nigéria (Gates Jr., 2014).
Fomos o último país a abolir formalmente a escravidão, depois de o país receber cerca de 4 milhões de africanos como mão de obra escravizada, durante quase 4 dos 5 séculos da nossa história (IBGE, 1987).
Até hoje a população negra no Brasil vive em piores condições do que a população branca em praticamente todos os indicadores sociais (Campos et al., 2022; IBGE, 2022). Apesar disso, a discussão sobre a questão racial no Brasil ainda sofre negação, resistências e apagamento.
Fonte: Freepik.
Além de ser a maioria entre a população brasileira, a população negra é também majoritária entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda assim, persiste a ausência do ensino das relações raciais na educação básica, nos cursos de saúde de nível técnico, na graduação, na pós-graduação, na educação permanente e no controle social na saúde. Atente-se para as seguintes informações:
Entre os trabalhadores da saúde, a divisão do trabalho encontra-se em uma trama imbricada de raça, classe e gênero.
Observa-se a predominância de trabalhadoras negras ocupando postos de nível médio, precarizados, com menor remuneração e baixo reconhecimento social. Entre trabalhadores com graduação, a maioria é branca.
Há uma complexidade social, cultural e política acerca das identidades raciais e étnicas. Este debate não será alcançado por este material.
Situamos que aqui, sempre que mencionarmos a população negra, estaremos nos referindo a pretos e pardos. Esta é uma agregação mobilizada pelos movimentos negros, convencionada por institutos de pesquisa nacionais e adotada para a elaboração de políticas sociais. A justificativa se funda na similaridade das características socioeconômicas dos dois grupos, e na natureza das discriminações às quais estão expostos (Osorio, 2003).
Precisamos ter esse conjunto de elementos em consideração, pois discutiremos práticas antirracistas no trabalho em saúde pautadas na concepção de:
Racismo como produto das relações sócio-históricas, atualizado e perpetuado com base na ideia de raça;
Raça na atualidade como uma categoria social, e não um dado biológico; e
Antirracismo como tomada de responsabilidade e ação no enfrentamento das desigualdades raciais em saúde.
Desigualdades raciais: o que o SUS tem a ver com isso?
Com o país formado por maioria negra, seria esperado que essa proporção fosse equivalente nos dados de acesso à saúde, à educação, à renda, à moradia, às funções de direção e aos cargos políticos, certo? Mas isso não ocorre e nunca ocorreu. Por quê?
Navegue pelo Infográfico “Evidências das desigualdades raciais no Brasil”, clicando nos tópicos de cada dado, e responda mentalmente a seguinte questão: por que a população negra está em piores condições em todos os indicadores sociais apresentados?
Infográfico - Evidências das desigualdades raciais no Brasil
Fonte da ilustração: Adaptado de Storyset. Freepik.
Para saber mais
Para se aprofundar e entender mais sobre os dados relacionados às desigualdades raciais e ao racismo, acesse: