Módulo 3

Preparação e resposta às Emergências em Saúde Pública no Contexto da COVID-19

Aula 2

Fake news: problemas frente à COVID-19

Episódios envolvendo notícias falsas vêm sendo cada vez mais comuns, causando grandes transtornos. O Relatório de segurança digital no Brasil, publicado em 2018, inclui o nosso país dentre os campeões de produção e circulação de fake news. Com a pandemia de COVID-19 esse fenômeno vem se agravando e tornou-se motivo de grande preocupação para profissionais de saúde (Barcelos et al, 2021).

A disseminação de fake news relacionadas à COVID-19 pelas redes sociais tem o potencial de influenciar o comportamento das pessoas e grupos populacionais, prejudicando sua adesão aos cuidados comprovados pela ciência. Em um cenário pandêmico, os efeitos são ainda mais devastadores, uma vez que pesquisas apontam que 110 milhões de cidadãos brasileiros (mais de 50% da população do país) acreditam em notícias falsas sobre a COVID-19.

(Barcelos et al, 2021)

Estas situações devem ser combatidas por meio da busca ativa das informações falsas, para que sejam esclarecidas o mais rápido possível, da utilização de plataformas de conhecimento, para checagem e esclarecimento das fake news, e do envolvimento das partes interessadas e todos os tipos de mídia. Em um contexto nacional, é necessário o reforço das políticas, planos e treinamento de pessoal para Comunicação de Riscos para casos específicos de fake news.

As fake news mais comuns são aquelas que ensinam métodos caseiros para evitar o contágio, indicam medicamentos sem comprovação científica para tratamento, questionam a eficiência e os efeitos das vacinas e as de conteúdo político-ideológico. Estas últimas contribuem para reforçar a negação da ciência e das instituições de saúde pública, embutindo falsas ideias como tratamento precoce, isolamento vertical e imunidade de rebanho.

Alguns exemplos de casos de fake news:

Um estudo conduzido por pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – Fiocruz, identificou as principais fake news relacionadas à COVID-19, recebidas entre março e maio de 2020, pelo aplicativo “Eu Fiscalizo”.

A primeira etapa da pesquisa revelou que 65% das notícias falsas ensinam métodos caseiros para prevenção e 20% para cura da doença. As que envolvem golpes bancários são 5,7% e 5% referem-se a golpes para arrecadação destinada a instituições de pesquisa. As que tratam novo coronavírus como uma estratégia política intencional são 4,3%. Na segunda fase do estudo, a pesquisa constatou que 24,6% das notícias falsas afirmavam que a doença é uma estratégia política, 10,1% ensinam métodos caseiros para prevenir o contágio do novo coronavírus, 10,1% defendem o uso da cloroquina e hidroxicloroquina sem comprovação de eficácia científica e 7,2% são contra o distanciamento social

(Galhardi et al, 2020)

Neste sentido, os profissionais de saúde, por meio de comunicados oficiais, são essenciais para o combate efetivo às fake news. Cabe aos profissionais especializados em comunicação em saúde auxiliar na identificação do discurso por trás das fake news, os interesses em jogo, além de reforçar a necessidade de checar toda informação recebida antes de compartilhá-la.

Atenção

Instituições de ensino e pesquisa têm colaborado no combate das fake news por meio da criação de plataformas de conhecimento, manuais digitais e outras ferramentas para checagem rápida de informações.

As plataformas “Fato ou Fake?” do Laboratório de Educação, Informação e Comunicação em Saúde (ECoS) da Universidade de Brasília (UnB) e “Covid Verificado” do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) são alguns exemplos.