Módulo 3

Preparação e resposta às Emergências em Saúde Pública no Contexto da COVID-19

Aula 2

Princípios básicos da comunicação de riscos

Comunicar riscos não é uma tarefa simples. Algumas iniciativas quando realizadas por meio de estratégias erradas podem prejudicar o processo todo, gerando insegurança, descrédito e falta de adesão às principais medidas preventivas.

No Brasil, a atual crise sanitária está imersa em uma crise política e econômica, pautada por questões ideológicas e partidárias que levam parte da população a desacreditar nas autoridades de saúde, e a negar a ciência como forma de saída da crise.

Para Refletir

A falta de consonância entre os discursos de autoridades políticas nas esferas federal, estadual e municipal confunde a população sobre medidas simples como o uso de máscaras e a necessidade de distanciamento social, por exemplo.

Para auxiliar países nesta difícil tarefa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda oito princípios básicos para a comunicação de riscos:

Por fim, é importante ressaltar que o processo de comunicação de riscos é pautado em critérios técnicos e científicos, mas não está alheio ao contexto social, político e econômico em que se encontra o cenário de risco. Os problemas e necessidades das pessoas devem ser levados em conta, o que exige a criação canais de diálogo, além do envolvimento dos afetados com suas percepções, experiências e vivências.

O glossário da OMS para termos relacionados a gestão de riscos de emergências em saúde e desastres (2020), apresenta três definições para Comunicação de riscos.

  • A troca interativa de informações e opiniões sobre perigos, riscos e fatores relacionados aos riscos (OMS 2015b).
  • Alcance das capacidades de comunicação necessárias por meio da prevenção, preparação, resposta e recuperação de um evento ou emergência em saúde pública para incentivar a tomada de decisão informada, a mudança de comportamento e a manutenção de confiança (OMS 2018a).
  • O processo de compartilhamento de informações e percepções sobre os riscos. Observação: a comunicação de riscos deve ser bidirecional, interação na qual especialistas e não especialistas devem trocar e negociar percepções relacionadas aos valores científicos, comunitários e preferências (OMS 2009).