Unidade 3

Da Ditadura Civil Militar à regulamentação do SUS

Aula 4

Programas e estratégias referenciais do SUS

Fonte: Freepik

Criado em 1988 pelo Ministério da Saúde, o PNCT consiste em um programa intersetorial coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). Suas ações têm como objetivo reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco no Brasil.​

A atuação do programa engloba os seguintes campos: educação, comunicação e atenção à saúde, com apoio também às medidas legislativas e econômicas para o controle do tabagismo no país.​​

O PNCT articula a Rede de Tratamento do Tabagismo no SUS, o Programa Saber Saúde, as Campanhas e outras ações educativas e a Promoção de Ambientes Livres. O programa é referência mundial na redução da prevalência do tabagismo, variando de 34% em 1989 para 9,8% em 2020.

Uma das dimensões importantes ao funcionamento do SUS é a Atenção Primária à Saúde (APS), nível de cuidado responsável pelo primeiro contato dos usuários com o sistema de saúde. ​

Cartaz de divulgação do Programa Saúde da Família.
Cartaz de divulgação do Programa Saúde da Família.
Fonte: Acervo Observatório História e Saúde.

A partir de articulações com o território, as ações no nível da APS incluem um espectro de serviços que vão desde a promoção da saúde (por exemplo, orientações para uma melhor alimentação) e prevenção (como vacinação e planejamento familiar) até o tratamento de doenças agudas e infecciosas, o controle de doenças crônicas, cuidados paliativos e reabilitação.​

Em 1994, o Ministério da Saúde criou o Programa Saúde da Família, primeira política em âmbito nacional para o desenvolvimento da APS. Em 2006, houve uma ampliação da política com a Estratégia de Saúde da Família e, em 2012, o lançamento da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).​

O Programa Nacional de Imunização (PNI) foi iniciado em 1973, associado principalmente às vacinas para varíola, meningite e poliomielite. ​

Criado como uma tentativa de transformar uma tradição da saúde pública de realizar vacinação através de campanhas esporádicas, o programa se espelhou na experiência da Fundação de Serviços de Saúde Pública, da Fundação SESP (FSESP), de imunizações rotineiras na rede de serviços. No processo de estruturação do SUS e de organização dos sistemas de vigilância em saúde, o PNI ganhou bastante importância nas ações estratégicas do Ministério da Saúde, sendo uma das políticas mais bem sucedidas do setor.​

Fonte: Biomanguinhos

Um aspecto do PNI é a figura do personagem Zé Gotinha, criado em 1986 pelo artista plástico Darlan Rosa para a campanha de vacinação contra a poliomielite e mobilizada anualmente no calendário de vacinações. Nos últimos trinta anos, o PNI transformou-se em uma das principais políticas de saúde pública do Brasil, com ampla cobertura vacinal para diferentes doenças preveníveis antes consideradas graves problemas sanitários no país. ​

Fonte: Ministério da Saúde

Criado em 1988, no contexto de acirramento da epidemia de HIV/Aids, o Programa Nacional de Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids tem sido um ponto importante na agenda sanitária brasileira dos últimos trinta anos.​ ​

Tanto na viabilização das terapias através dos coquetéis antirretrovirais desde os anos 1990 quanto na implementação de estratégias preventivas, a exemplo da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), o programa tem coordenado ações de controle de infecções sexualmente transmissíveis.​

Fonte: Ministério da Saúde
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Entre 1995 e 2016, a taxa de mortalidade entre pessoas com HIV/Aids caiu 46%, um dos aspectos que qualifica o programa como referência internacional. Entretanto, os últimos anos têm sido marcados pelo desmonte gradual do programa e pelo aumento da incidência e da mortalidade por ISTs no Brasil, principalmente sífilis e HIV/Aids.​ ​

Fonte: Ministério da Saúde

Em 1997, foi criado o Sistema Nacional de Transplantes, no âmbito do Ministério da Saúde e da política de remoção e doação de órgãos para fins médicos no país. O sistema, estruturado a partir do funcionamento em rede entre o MS, secretarias de saúde, estabelecimentos hospitalares e serviços auxiliares, é considerado o maior do mundo de natureza pública.​

Embora sejam apontadas limitações ao seu funcionamento, sobretudo quanto ao número de doações abaixo do ideal, o SNT possui números consideráveis. Por exemplo, o SUS realizou 26.239 transplantes, respondendo a uma lista de espera com 32.402 adultos e 1.039 crianças. O critério para a lista de espera é a urgência, ela se organiza através de fila única.​​

Em 2017, um decreto presidencial alterou o SNT, criando outras instâncias para seu funcionamento, como as Centrais Estaduais de Transplantes (CET).​