Unidade 3
Da Ditadura Civil Militar à regulamentação do SUS
Os desafios da estruturação do SUS:
desigualdade e saúde
A partir dessa perspectiva, a busca pela equidade que rege o SUS tem como um de seus desafios a imensa desigualdade social no Brasil.
Em termos de políticas e ações, a abordagem do sistema de saúde à pauta da desigualdade é controversa, envolvendo limitações do seu próprio funcionamento. As desigualdades regionais, por exemplo, teriam como estratégia a regionalização administrativa, o que permitiria um planejamento orientado para as demandas locais. Entretanto, o aspecto estrutural da desigualdade coloca limites à gestão local, envolvendo demandas intersetoriais, caso do saneamento básico e do acesso à moradia, por exemplo.
Outros exemplos importantes de políticas que lidam com o problema da desigualdade são a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Ambas possuem raízes nas mobilizações sociais pelo acesso à saúde e representam um esforço de construção política através de outro elemento importante previsto na estruturação do SUS: a participação popular.
Material Complementar
Série NEGRAS - Ep. 05 - Política Nacional de Saúde Integral da População Negra - PNSIPN
Para saber mais sobre o assunto, veja o vídeo sobre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), produzido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA):
Sinopse:
Existem imensas diferenças nos indicadores sociais e econômicos entre pessoas negras e brancas. Nos indicadores de saúde, acontece a mesma coisa. Essas diferenças, quando não são positivas, são chamadas de desigualdades e iniquidades.
Mas afinal, você sabe a diferença entre desigualdade e iniquidade?
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e a história da saúde da mulher
Ao longo da história, a medicina e a saúde pública brasileira mobilizaram diferentes discussões voltadas à saúde das mulheres. No século XIX, com o desenvolvimento da ginecologia e da obstetrícia, tecnologias, práticas e conhecimentos relacionados à medicina reprodutiva se tornaram centrais ao pensamento sobre saúde da mulher.
De modo geral, o pensamento médico e sanitário é desenvolvido articulando uma série de valores morais, estruturas sociais e agendas políticas. No caso da saúde das mulheres, a formulação de enunciados técnicos envolviam também percepções acerca do papel social atribuído às mulheres na sociedade brasileira.
Nos anos 1970 e 1980, fortes críticas a uma visão de saúde centrada na reprodução foram feitas pelos movimentos de mulheres, tensionando os campos médico e da saúde a ampliar as ações e preocupações quanto à saúde feminina. Como resultado desses movimentos, surge a ideia de “saúde da mulher” num sentido mais amplo, explicitado em 1984 com a criação do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM).
Em 2004, uma nova política nacional foi implementada, atualizando pautas colocadas pelos movimentos de mulheres desde os anos 1970 e 1980.