Unidade 3

Da Ditadura Civil Militar à regulamentação do SUS

Aula 4

Os desafios da estruturação do SUS:
desigualdade e saúde

A partir dessa perspectiva, a busca pela equidade que rege o SUS tem como um de seus desafios a imensa desigualdade social no Brasil.

Fonte: Nunes et al. (2001)

Em termos de políticas e ações, a abordagem do sistema de saúde à pauta da desigualdade é controversa, envolvendo limitações do seu próprio funcionamento. As desigualdades regionais, por exemplo, teriam como estratégia a regionalização administrativa, o que permitiria um planejamento orientado para as demandas locais. Entretanto, o aspecto estrutural da desigualdade coloca limites à gestão local, envolvendo demandas intersetoriais, caso do saneamento básico e do acesso à moradia, por exemplo.​

Outros exemplos importantes de políticas que lidam com o problema da desigualdade são a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Ambas possuem raízes nas mobilizações sociais pelo acesso à saúde e representam um esforço de construção política através de outro elemento importante previsto na estruturação do SUS: a participação popular.​

Material Complementar

Série NEGRAS - Ep. 05 - Política Nacional de Saúde Integral da População Negra - PNSIPN

Para saber mais sobre o assunto, veja o vídeo sobre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), produzido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA):​

Sinopse:

Existem imensas diferenças nos indicadores sociais e econômicos entre pessoas negras e brancas. Nos indicadores de saúde, acontece a mesma coisa. Essas diferenças, quando não são positivas, são chamadas de desigualdades e iniquidades.​

Mas afinal, você sabe a diferença entre desigualdade e iniquidade?​

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e a história da saúde da mulher​

Campanha educativa promovida pelo Programa de Oncologia (Pro-Onco) do Ministério da Saúde, em 1993, com a atriz Cássia Kiss.
Campanha educativa promovida pelo Programa de Oncologia (Pro-Onco) do Ministério da Saúde, em 1993, com a atriz Cássia Kiss.
Fonte: Acervo Observatório História e Saúde.

Ao longo da história, a medicina e a saúde pública brasileira mobilizaram diferentes discussões voltadas à saúde das mulheres. No século XIX, com o desenvolvimento da ginecologia e da obstetrícia, tecnologias, práticas e conhecimentos relacionados à medicina reprodutiva se tornaram centrais ao pensamento sobre saúde da mulher.​

De modo geral, o pensamento médico e sanitário é desenvolvido articulando uma série de valores morais, estruturas sociais e agendas políticas. No caso da saúde das mulheres, a formulação de enunciados técnicos envolviam também percepções acerca do papel social atribuído às mulheres na sociedade brasileira. ​​​

Manifestação no Dia Internacional da Mulher pela garantia dos direitos das mulheres e pela igualdade de gênero.
Manifestação no Dia Internacional da Mulher pela garantia dos direitos das mulheres e pela igualdade de gênero.
Fonte: agenciajovem.org

Nos anos 1970 e 1980, fortes críticas a uma visão de saúde centrada na reprodução foram feitas pelos movimentos de mulheres, tensionando os campos médico e da saúde a ampliar as ações e preocupações quanto à saúde feminina. Como resultado desses movimentos, surge a ideia de “saúde da mulher” num sentido mais amplo, explicitado em 1984 com a criação do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM).​

Em 2004, uma nova política nacional foi implementada, atualizando pautas colocadas pelos movimentos de mulheres desde os anos 1970 e 1980.​