Tarja Aula 1

SARS-CoV-2- transmissão e prevenção

Objetivos de aprendizagem:

Ao final desta aula, você será capaz de:

  • Conhecer a história da pandemia por SARS-CoV-2.

  • Conhecer os principais mecanismos de transmissão do SARS-CoV-2 e as repercussões no organismo.

  • Conhecer as principais medidas não farmacológicas para a prevenção da Covid-19.

História da Pandemia por SARS-CoV-2 - os primeiros casos detectados à pandemia pela Covid-19

O novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, causador da doença Covid-19, foi detectado em 29 de dezembro de 2019, em quatro pacientes com pneumonia admitidos em um hospital na cidade chinesa de Wuhan. Os quatro haviam trabalhado no Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, que vende aves vivas, produtos aquáticos e animais selvagens, o que sugeriu a disseminação de animais para pessoas (BRASIL, 2020a). No entanto, um número crescente de pacientes não teve exposição ao mercado de animais, indicando a ocorrência de disseminação de pessoa para pessoa (BRASIL, 2021).

Em 9 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou a circulação do novo coronavírus e poucos dias depois, foi notificado o primeiro caso em território japonês e, dias após, o primeiro caso nos Estados Unidos. Em 30 de janeiro, a OMS declarou a epidemia uma emergência de saúde pública de importância internacional. Em março de 2020, a OMS declarou a Covid-19 como uma pandemia, devido à sua expansão geográfica. O Comitê de Emergência indicou a necessidade de detecção precoce, quarentena e tratamento rápido (LANA et al., 2020). Até o dia 27 de janeiro de 2022, foram notificados à OMS 356.955.803 casos confirmados de Covid-19, incluindo 5.610.291 de mortes.

Acompanhe a situação da Covid-19 pelo mundo no painel da OMS em WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard (inglês).

Votes for women Fonte: WHO

Meio Ambiente e surgimento de pandemias

A pandemia de Covid-19 causou mais incertezas e debates globais do que as anteriores, como SARS (2002-2003), gripe aviária (2003-2009), gripe suína (2009-2010) e Ebola (2014-2016). Entretanto, as evidências indicam que essas pandemias não são doenças aleatórias, mas uma consequência da interação inadequada entre humanos e fauna selvagem (ESPEJO et al., 2020). Essa interação pode ocorrer, entre outras razões, devido a questões culturais, as iniquidades no acesso à alimentação adequada e a degradação ambiental.

O vírus SARS-CoV-2 já estava ativo bem antes dos primeiros casos detectados em dezembro de 2019 em Wuhan. A origem dessa zoonose (doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas) pode ser rastreada até as mudanças no ecossistema, que diminuíram a biodiversidade, facilitando muito o contato entre os humanos e os reservatórios de animais que carregam patógenos, tais como bactérias, fungos, protozoários e vírus, incluindo o SARS-CoV-2. Neste caso, esses reservatórios de vírus são os morcegos.

A transição entre surtos limitados que ocorreram até 2019 e a explosão epidêmica de dezembro-janeiro de 2020 foi possível devido à amplificação das condições gerais negativas que causaram os pequenos surtos anteriores. A explosão epidêmica era previsível e poderia ter acontecido onde quer que as condições que a permitiram pudessem ser replicadas. A globalização da infecção parece ter sido causada por uma mutação na proteína spike do SARS-CoV-2 que aumentou dramaticamente sua transmissibilidade (PLATTO, 2021), aliado à circulação de pessoas entre países via transporte aéreo, falta de adoção de medidas preventivas a tempo, entre outros fatores.

Atenção

SPIKE - em português espícula, que é como um espinho, localizado na parte externa do vírus.

As ciências ambientais devem desempenhar um papel importante na compreensão e mitigação das mudanças e desafios atuais em nível global. Uma abordagem de desenvolvimento sustentável global é altamente necessária para lidar com essas variações, sendo fundamental uma melhor compreensão das interações entre meio ambiente, atividades humanas e doenças (ESPEJO et al., 2020).

Novas variantes do SARS-CoV-2

O SARS-CoV-2, assim como os outros vírus, possui a tendência de se transformar constantemente, o que chamamos de mutações.

Atenção

MUTAÇÕES - são eventos naturais e esperados dentro da evolução de um vírus. Essas transformações do vírus levam ao que chamamos de variantes, que habitualmente tendem a surgir com o passar do tempo.

Embora a maioria das mutações não tenha impacto significativo na disseminação do vírus, algumas mutações ou combinações de mutações podem oferecer ao vírus uma vantagem seletiva, como maior transmissibilidade ou a capacidade de evitar a resposta imune do hospedeiro, ou seja, de evitar que o organismo consiga combater o vírus.

A OMS avalia rotineiramente se as mutações do SARS-CoV-2 – mais conhecidas como variantes do vírus - resultam em alterações na transmissibilidade, apresentação clínica e gravidade da doença ou se têm impacto no diagnóstico, tratamento ou na eficácia das vacinas.

Algumas variantes emergentes independentes do SARS-CoV-2 foram notificadas à OMS. Evidências científicas recentes indicam que algumas novas variantes do SARS-CoV-2 se espalham mais fácil e rapidamente do que outras variantes. Mas ainda são necessários mais estudos para entender o quanto elas estão disseminadas no mundo, as diferenças clínicas, o potencial de reinfecção e se elas podem afetar o tratamento das pessoas afetadas, o diagnóstico e a eficácia das vacinas (BRASIL, 2021).

Transmissão do SARS-CoV-2

Compreender como, quando e em quais ambientes as pessoas infectadas podem transmitir o vírus SARS-CoV-2 é importante para o desenvolvimento e implementação de medidas de controle voltadas para quebrar as cadeias de transmissão (WHO, 2020).

A transmissão do SARS-CoV-2 pode ocorrer por meio do contato direto, indireto ou próximo com pessoas infectadas, por meio de secreções infectadas, como saliva e secreções respiratórias ou gotículas respiratórias, que são expelidas quando uma pessoa infectada tosse, espirra, fala ou canta.

Como ocorre a transmissão do SARS-CoV-2:

A seguir, veja mais sobre os tipos de transmissão!

Transmissão por gotículas

A transmissão de gotículas respiratórias pode ocorrer quando uma pessoa está em contato próximo (até 1 metro) com uma pessoa infectada com sintomas respiratórios (por exemplo, tosse ou espirro) ou que está falando ou cantando. Nessas circunstâncias, as gotículas respiratórias que incluem o vírus podem atingir a boca, o nariz ou os olhos de uma pessoa suscetível e podem resultar em uma infecção. Também pode ocorrer a transmissão por contato indireto, envolvendo o contato com um objeto ou superfície contaminada (Transmissão por fômite) e em seguida, tocar a boca, nariz ou olhos (WHO, 2020; BRASIL, 2021).

Transmissão por via aérea

A transmissão aérea é definida como a disseminação de um agente infeccioso por núcleos de gotículas (aerossóis), que permanecem infecciosos quando suspensos no ar por longas distâncias e tempo. A transmissão aérea do SARS-CoV-2 pode ocorrer durante procedimentos médicos que geram aerossóis, como intubação e reanimação.

Estudos têm avaliado se o SARS-CoV-2 também pode se espalhar através de aerossóis, mesmo na ausência de procedimentos geradores de aerossol, particularmente em ambientes fechados com ventilação insuficiente ou por exposição prolongada a concentrações elevadas de aerossol em espaços fechados (WHO, 2020; MENESES, 2020).

Alguns relatos de surtos relacionados a espaços fechados lotados, fora de serviços de saúde, sugeriram a possibilidade de transmissão por aerossol, combinada com a transmissão de gotículas - como durante a prática de coral, em restaurantes ou em aulas de ginástica. Nesses eventos, a transmissão por aerossol de curto alcance, particularmente em locais internos específicos, como espaços lotados e inadequadamente ventilados por um tempo prolongado com pessoas infectadas, não pode ser descartada.

Investigações detalhadas desses aglomerados sugerem que a transmissão por gotículas e fômites (que veremos a seguir) também pode explicar a transmissão de humano para humano dentro desses aglomerados. Além disso, os ambientes de contato próximo desses grupos podem ter facilitado a transmissão de um pequeno número de casos para muitas outras pessoas, especialmente se a higiene das mãos não foi realizada, as máscaras não foram usadas e o distanciamento físico não foi mantido (WHO, 2020).

Diferença entre gotículas e transmissão via aérea

As gotículas respiratórias têm tamanho entre 5 e 10 μm de diâmetro (unidade de medida microscópica - milésima parte do mm). Quando possuem menos de 5μm de diâmetro são chamadas de aerossóis ou de núcleos de gotículas.

Transmissão por fômite

Secreções respiratórias ou gotículas expelidas por indivíduos infectados podem contaminar superfícies e objetos, criando fômites, que são as superfícies contaminadas.

O vírus SARS-CoV-2 viável e/ou RNA detectado por RT-PCR podem ser encontrados nessas superfícies por períodos que variam de horas a dias, dependendo do ambiente - temperatura e umidade - e do tipo de superfície. Uma alta concentração de vírus foi encontrada nas unidades de saúde onde pacientes com Covid-19 estavam sendo tratados.

Atenção

RT-PCR - exame que identifica o material genético do vírus.

A transmissão também pode ocorrer indiretamente através do contato com superfícies no ambiente imediato, ou objetos contaminados com vírus de uma pessoa infectada (por exemplo, estetoscópio ou termômetro), seguido de toque na boca, nariz ou olhos (WHO, 2020).

Estudos preliminares demonstraram que o vírus da Covid-19 pode sobreviver por até 72 horas em plástico e aço inoxidável, menos de 4 horas em cobre e menos de 24 horas em papelão. Outros estudos indicam que o vírus SARS-CoV-2 pode sobreviver por um longo tempo em temperaturas entre -2 e 4°C, porém sobrevive apenas 5 minutos a 70°C e são estáveis à temperatura ambiente, em pH de 3-10. Contudo, estes estudos não são definitivos, uma vez que o tempo de sobrevivência do vírus pode sofrer influência de diversas condições (BRASIL, 2020b; ESPEJO et al., 2020).

Superfícies e o tempo de sobrevivência do SARS-CoV-2

Transmissão por pessoas infectadas

Com sintomas
O SARS-CoV-2 é transmitido principalmente por pessoas sintomáticas e sua concentração é mais alta no trato respiratório superior – nariz e garganta – principalmente a partir do terceiro dia após o início dos sintomas. Pessoas infectadas com SARS-CoV-2, que apresentam sintomas, podem infectar outras pessoas, principalmente por meio de gotículas e contato próximo (WHO, 2020).

Dados preliminares indicam que alguns pacientes com Covid-19 podem transmitir o vírus de 24 a 48 horas antes do início dos sintomas e por até 3 semanas após o início dos sintomas, o que destaca a importância do distanciamento físico.

Fora do ambiente doméstico, pessoas que tiveram contato físico próximo com uma pessoa com Covid-19 sintomática, que compartilharam refeições apresentam maior risco de infecção. Também apresentam risco aumentado se estiveram junto com pessoas sintomáticas, em espaços fechados, por uma hora ou mais, como em locais de culto, academias, locais de trabalho, entre outros (WHO, 2020).

Sem sintomas
O vírus também pode ser transmitido por pessoas assintomáticas. Um caso assintomático é caracterizado pela confirmação laboratorial do SARS-CoV-2 em um indivíduo que não desenvolve sintomas (BRASIL, 2020b). Vários estudos demonstraram que pessoas podem infectar outras antes de apresentarem sintomas (WHO, 2020).

Manifestações clínicas da Covid-19

O período de incubação da Covid-19 é definido como o tempo entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas e é em média de 05 dias, podendo ser de até 14 dias. As manifestações clínicas podem surgir entre o primeiro e o décimo quarto dia após a exposição. O diagnóstico rápido de infectados e o reconhecimento precoce dos contactantes, aqueles que tiveram contato com o caso confirmado, são essenciais para impedir a transmissão e prover os cuidados de saúde necessários com rapidez (BRASIL, 2021; MENESES, 2020).

O quadro clínico inicial mais comum da Covid-19 é semelhante à síndrome gripal, com o paciente apresentando febre e/ou sintomas respiratórios, mas também podem ocorrer outras manifestações, como sintomas gastrointestinais e a perda do paladar e do olfato. Os casos leves representam cerca de 80% dos casos e não necessitam de oxigenoterapia ou internação hospitalar. Já os casos graves da doença ocorrem em torno de 14% dos casos e necessitam de hospitalização. Os casos críticos da doença ocorrem em cerca de 5% dos pacientes com Covid-19 e evoluem rapidamente para falência respiratória, com necessidade de suporte ventilatório, choque séptico e disfunção múltipla de órgãos (MENESES, 2020).

Os sinais e sintomas mais comuns da Covid-19 são: febre, tosse e falta de ar. Outros sintomas não específicos incluem: dor de cabeça; calafrios; dor de garganta; coriza; diarreia e outros sintomas gastrointestinais; perda parcial ou total do olfato; diminuição ou perda total do paladar; dores musculares e cansaço ou fadiga. Os idosos com Covid-19 podem apresentar um quadro diferente das pessoas mais jovens que, por exemplo, podem não apresentar febre, evoluir com hipotermia, confusão mental ou apresentar queda da própria altura (BRASIL, 2021).

Agravantes para as manifestações clínicas

As manifestações clínicas da Covid-19 em termos de sua gravidade, a mortalidade (quantos pacientes morrem em relação à população) e a letalidade (quantos pacientes morrem em relação ao total de pessoas com a doença) sofrem influência significativa do contexto socioeconômico das populações atingidas. Ainda que idosos e pessoas com várias condições de saúde prévias à Covid-19 possam desenvolver quadros mais graves, o grau de vulnerabilidade social e econômica dos indivíduos e populações tem importante determinação para a evolução do quadro do paciente.

As dificuldades de acesso a serviços básicos de saúde e/ou serviços de urgência e emergência, assim como os locais e as condições de moradia, a alimentação, a cor da pele, o acesso à informação, influenciam diretamente as chances de um indivíduo e de uma dada população em adoecer e morrer pela Covid-19.

Segundo Boletim 2 Socioepidemiológico das Favelas, com dados da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, colhidos entre junho e setembro de 2020, bairros com altas ou altíssimas concentrações de favela, tinham uma incidência da doença mais importante, assim como uma maior mortalidade e letalidade (FIOCRUZ, 2020).

Boletim Socioepidemiológico das Favelas

Todas as faixas etárias podem ser acometidas pela Covid-19, mas a ocorrência da doença e sua gravidade em cada faixa etária variaram ao longo da pandemia. No caso do Brasil, se comparamos a mortalidade materna (gestantes e puérperas) por Covid-19 nas semanas epidemiológicas de 2020 com as semanas epidemiológicas de 2021, observamos que em 2021 a mortalidade materna/semana epidemiológica foi quatro vezes maior do que em 2020. Também a gravidade da doença em gestantes e puérperas foi mais importante entre os casos de Covid-19 que ocorreram neste segmento da população no ano de 2021 do que em 2020 (RODRIGUES; LACERDA; FRANCISCO, 2021).

“Covid longa”

Um outro aspecto sobre as manifestações clínicas é que o adoecimento pela Covid-19 tem se caracterizado em muitos casos pela longa duração de sintomas clínicos. A “Covid Longa” é definida como a presença de sinais e sintomas que se desenvolvem durante ou após a infecção pela Covid-19 e que persistem por 12 ou mais semanas.

Um em cada dez pacientes acometidos pela Covid-19 desenvolve a Síndrome da Covid Longa (www.world.physio/wptday).

Síndrome da Covid Longa

Novas cepas: transmissibilidade e sintomas

Algumas variantes foram identificadas do SARS-CoV-2, como alpha, beta, gama, delta, kappa e ômicron com diferentes combinações de mutações, e que podem desencadear diferentes transmissibilidades, quadros clínicos e respostas imunes.

Aparentemente, todas essas variantes têm maior transmissibilidade, mas não se pode afirmar que tenham capacidade de causar doenças mais graves e ou que consigam “escapar” das atuais vacinas existentes (KHATEEB et al., 2021). Na maioria das situações em que ocorre um número maior de casos graves por uma dessas variantes, o fato se explica mais pelo aumento da transmissibilidade, ou seja, um número maior de casos e, por consequência, a um número maior de casos graves.

Podem ocorrer reinfecções pelo SARS-CoV-2, seja pela mesma cepa da primeira infecção ou por infecção por outras variantes que prejudicam a resposta do organismo da pessoa na primeira infecção. O primeiro caso pode ocorrer em casos de uma curta duração da imunidade, isto é, da capacidade de resistir à infecção do vírus, ou por uma resposta de anticorpos frágil ou ausente.

A ocorrência de um quadro sintomático durante a reinfecção pelo SARS-CoV-2, em uma pessoa que na primeira infecção não teve sintomas ou teve poucos sintomas, pode ser explicado tanto por sua resposta imune, como pela exposição a uma carga viral maior (FINTELMAN et al., 2021).

Principais medidas não farmacológicas para a prevenção da Covid-19

As estratégias mais importantes para a prevenção da Covid-19 são as chamadas “medidas não farmacológicas” e a utilização de vacinas.

As medidas não farmacológicas para a prevenção da Covid-19 (sem uso de medicamentos ou vacinas) compreendem um conjunto de ações, baseadas em evidências científicas, que visam reduzir a transmissão do SARS-CoV-2. São medidas de saúde pública importantes e devem ser aplicadas para indivíduos e populações.

As principais medidas não farmacológicas recomendadas

Essas são medidas reconhecidas e efetivas de vigilância para a redução do risco de danos associados a emergência de saúde pública (AKERMAN; CASTIEL, 2021). A intensidade de sua aplicação deve ser avaliada considerando indicadores epidemiológicos e demográficos, assim como aspectos de vulnerabilidade social e econômica dos indivíduos e populações sob a responsabilidade dos serviços de saúde.

Políticas públicas como medida de prevenção

É preciso considerar que as medidas não farmacológicas tendem a ser perenes, pois o “vírus veio para ficar”. Deve-se pensar nelas não apenas como medidas individuais, mas como pistas para intervenções que possam melhorar as condições de vida e transporte dos indivíduos e das populações.

Ainda assim, as medidas não farmacológicas para a prevenção da transmissão do coronavírus precisam ser acompanhadas de outros investimentos em políticas sociais e de enfrentamento de problemas anteriores à pandemia, como por exemplo, o caso do desemprego e da violência doméstica. A pandemia escancarou muitos outros problemas já presentes, mas que com o aumento da desigualdade houve piora, além do desemprego e violência doméstica, a fome, a insegurança alimentar…

Muitos movimentos sociais, especialmente em contextos de comunidades de favelas, reivindicaram que a implementação de medidas de isolamento e quarentena fossem acompanhadas da expansão de programas de auxílio financeiro e de distribuição de renda para indivíduos e grupos mais vulneráveis economicamente.

No Equador, o movimento feminista denunciou o aumento da violência contra mulher no período da quarentena, no sentido de evidenciar que apesar do ambiente doméstico ser o mais seguro em relação a proteção ao vírus, era também o ambiente mais suscetível para a vivência da violência doméstica. Assim, a efetividade das ações das medidas de saúde pública e de enfrentamento às emergências sanitárias precisam ser acompanhadas de outros programas intersetoriais.

A seguir, conheça um caso de mobilização comunitária contra Covid-19.

Salud Cherán – a experiência de uma comunidade indígena no México

Desde o início da pandemia de Covid-19, uma comunidade indígena autônoma no México chamada Cherán, implementou medidas sanitárias para prevenir sua expansão. Dentre as medidas empregadas estão a introdução de barreiras sanitárias nas entradas da comunidade, a difusão de informações de prevenção pela rádio comunitária, a coleta e distribuição de alimentos para os mais vulneráveis, distribuição de testes rápidos e empréstimo de tubos de oxigênio, ações de desinfecção das ruas, boletins informativos e campanhas de prevenção.

Mesmo sem muitos recursos, as campanhas eram realizadas muitas vezes no papel e depois difundidas pelas redes sociais. Conheça mais detalhes na publicação Autonomía indígena: la crisis pandémica y las respuestas comunitarias en Cherán K’eri. A seguir material desenvolvido pela comunidade sobre a história natural da doença.

Resumo da aula

A Covid-19 é uma doença transmissível, principalmente através da transmissão respiratória. Esse aspecto traz muita relevância para que ambientes fechados (pouca ventilação), aglomerações e permanência por períodos mais prolongados sejam fatores de importante contribuição para a transmissão da doença. Ainda que a maior parte dos casos não apresente sintomas ou poucos sintomas, a ocorrência de muitos casos pode levar a situações graves e de óbitos, como tem sido o panorama da Covid-19 na América Latina e Caribe.

A Covid-19 se manifesta de forma aguda, mas pelo menos um em cada dez casos apresenta a Covid-19 de longa duração, atingindo idosos, jovens e crianças. Além das vacinas, as principais medidas de prevenção são as chamadas medidas não farmacológicas, que devem ser concebidas, não só relacionadas aos indivíduos, mas também às populações, de forma a reduzir riscos e vulnerabilidades de ordem social e econômica.

Para saber mais sobre a Covid-19, acesse o curso: Manejo da Infecção Causada pelo Coronavírus.

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