Curso 1

Vacinação Covid‑19:
Protocolos e Procedimentos Técnicos

Módulo 5

Tópico 2

Causas dos eventos adversos pós-vacinação

Em relação à causa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) agrupa os EAPV em cinco categorias:

EAPV causado ou precipitado por uma vacina devido a uma ou mais de suas propriedades inerentes.

As reações relacionadas à vacina decorrem da resposta do vacinado, mesmo se o preparo, manipulação e aplicação da vacina tenham sido feitos de forma correta. Nem sempre o exato mecanismo pelo qual ocorre a reação é conhecido. A reação pode ocorrer por mecanismo imune idiossincrático, como na anafilaxia, ou devido à replicação do agente microbiano, por exemplo, como no caso de vacinas com vírus atenuados

EAPV causado ou precipitado por uma vacina devido a um ou mais defeitos de qualidade, incluindo dispositivos de administração.

As reações relacionadas a defeitos de qualidade da vacina ou de seu dispositivo de administração podem impactar na resposta imune do indivíduo, aumentando o risco de reações adversas. A inativação insuficiente de um vírus em uma vacina de vírus inativado ou a contaminação do produto no processo de fabricação são exemplos deste tipo de problema, que se tornou muito raro após a introdução das Boas Práticas de Fabricação.

EAPV causado por manipulação, prescrição ou administração inadequadas; é possível prevenir sua ocorrência.

As reações decorrentes de erros de imunização são preveníveis e, por isso, devem ser identificadas e corrigidas. A RDC 406/2020 define erro de medicação como “qualquer evento evitável que possa causar ou levar a uso inapropriado de medicamentos, ou causar dano a um paciente, enquanto a medicação está sob o controle dos profissionais de saúde, pacientes ou consumidores, envolvendo o uso não intencional, com finalidade terapêutica, podendo ou não ter prescrição”.

EAPV que decorre da ansiedade em relação à vacinação.

As reações de ansiedade relacionadas à imunização não estão relacionadas ao conteúdo da vacina, e sim ao estresse decorrente do procedimento de injeção. Os desmaios (síncope vasovagal), relativamente comuns entre crianças acima de 5 anos e adolescentes, não requerem tratamento além de colocar o paciente em posição reclinada. Algumas crianças que desmaiam podem, na verdade, estar tendo uma convulsão hipóxico-isquêmica e, neste caso, pode ser necessária uma investigação adicional. A hiperventilação decorrente da ansiedade em relação a imunização pode levar a tonturas, formigamento ao redor da boca e mãos e crianças mais novas podem apresentar vômitos.

EAPV causado por outro motivo que não a vacina, erro de imunização ou ansiedade relacionada à imunização, em que existe associação temporal.

As reações adversas mais comuns não são graves e têm intensidade leve, como febre ou dor no local da aplicação, observadas principalmente dentro de um ou dois dias após a vacinação. Estas reações geralmente não requerem atendimento médico. Eventos graves, como anafilaxia e convulsões, são mais raros e precisam ser investigados a fim de se estabelecer causalidade com a vacina.

Reação adversa

É preciso diferenciar evento adverso de reação adversa. Na reação adversa, existe uma relação causal com a vacina estabelecida. Apenas parte dos EAPV observados estão realmente associados à vacina. Muitas vezes, a associação entre a vacinação e o evento adverso é apenas temporal e o evento é coincidente.

Frequência e intensidade de reações adversos à vacina

Traduzido de Vaccine Safety Basics, WHO

Garantir práticas adequadas em todo o percurso que a vacina faz, desde a produção até a administração, é um dos maiores desafios dos programas de imunização e é essencial para seu sucesso e credibilidade. É muito importante observar condições de armazenamento, indicações, contraindicações, dosagens, procedimentos de reconstituição e administração descritos em bula, além da data de validade. Uma vacina congelada durante o transporte pode, por exemplo, levar a aumento das reações locais.

É preciso, também, compreender bem as contraindicações de cada vacina, evitando a ocorrência de EAPV evitáveis e que podem ser graves. As precauções descritas em bula devem ser avaliadas pelo médico em relação a benefício-risco para cada situação específica. Por outro lado, conhecer a indicação correta de cada vacina evita que a oportunidade de vacinar seja perdida.