Curso 1

Vacinação Covid‑19:
Protocolos e Procedimentos Técnicos

Módulo 3

Tópico 1

Vacinação no Sistema Único de Saúde - SUS

A Vacinação é um procedimento de administração de uma vacina, isto é, introdução no organismo de antígenos ou de microrganismos vivos atenuados, indutores de imunização, podendo ser bem-sucedida ou não. É um processo que no âmbito do SUS ocorre nos Serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), Centro de Referência de Imunobiológico Especial - CRIE, e Hospitais/Maternidades. A vacinação exige planejamento, organização, monitoramento e avaliação , sendo realizado dentro das unidades ou em vacinação extramuros (em rotina ou campanha).

No vídeo, a enfermeira Gisele Lúcia Nacur destaca os desafios e possíveis encaminhamentos da campanha nacional de vacinação da Covid‑19.

Os espaços onde são realizados os procedimentos de vacinação - as salas de vacina - exigem requisitos de organização e funcionamento específicos para assegurar a qualidade técnica dos procedimentos e o cumprimento de metas e objetivos definidos.

Contexto dos serviços na sala de imunização
Contexto dos serviços na sala de imunização

Contexto dos serviços na sala de imunização

Fonte: Manual de Rede de Frio.

Na organização do ambiente para realização da administração de imunobiológicos, as salas de imunização devem dispor de uma configuração suficiente para o atendimento seguro dos usuários nas atividades a que se propõe.

Nas situações em que se identifica necessidade de configurações alternativas, com supressão de itens, consulte o Manual de Rede de Frio.

De acordo com o Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação, a sala de vacina é classificada como área semicrítica, constitui um espaço de uso restrito e exclusivo para conservação e aplicação de imunobiológico, não sendo permitido a realização de quaisquer outros procedimentos no local.

imagem de blocos A-Z
Área semicrítica

É uma área de risco moderado a baixo para o desenvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde.

O funcionamento da sala de vacina segue normas e protocolos técnicos de Segurança, organizados e operacionalizados como fluxo de ações e procedimentos de rotina, diário e mensal. Tanto o fluxo de rotina diário como o mensal da sala de vacina agregam ações e procedimentos comuns ao conjunto de imunobiológicos, soros e vacinas do PNI como os específicos referentes a cada tipo de vacina. Essas orientações são definidas no Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação.

Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação

O Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação define que as atividades da sala de vacinação (procedimentos de manuseio, conservação, preparo e administração, registro e descarte de resíduos resultantes das ações de vacinação) são atribuições da equipe de vacinação.

A equipe de vacinação é constituída por enfermeiro, técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem. O enfermeiro responde pela organização, supervisão e monitoramento do processo de vacinação na unidade de saúde e extramuros.

O programa de trabalho da equipe de vacinação contempla prioridades e especificidades relativas à vacinação de rotina (calendário vacinal) e ações específicas estabelecidas quando são definidas campanhas vacinais, tendo como base a situação epidemiológica da área de abrangência na qual o serviço de vacinação está inserido.

Ações recomendadas para o bom andamento dos fluxos de vacinação:

  • Verificar se a sala está limpa e organizada.
  • Verificar a temperatura dos equipamentos de refrigeração.
  • Anotar a temperatura dos equipamentos de refrigeração no mapa de controle de temperatura.
  • Ligar sistema de ar condicionado.
  • Higienizar as mãos.
  • Positivar o gelox e enxugá-lo.
  • Organizar a caixa térmica de uso diário.
  • Organizar vacinas e diluentes na caixa térmica de uso diário - na temperatura entre +2⁰C a +8⁰C.
  • Conferir o prazo de utilização da vacina, após abertura do frasco multidose.
  • Anotar dia e hora da abertura do frasco no próprio frasco.
  • Organizar materiais de escritório, manuais e impressos.
  • Verificar se há registro da pessoa no sistema.
    • a) Se sim: proceder o preenchimento dos dados cadastrais.
    • b) Se não: conferir dados do cadastro e, se necessário, proceder à atualização.
  • Iniciar atendimento: avaliar histórico de vacinação, estado de saúde, indicações e contraindicações à administração do imunobiológico a ser aplicado.
  • Orientar sobre a vacina e possíveis eventos adversos.
  • Fazer registro no cartão de vacina do imunobiológico e rubricar - as informações obrigatórias do cartão de vacina estão indicadas no Art. 4º da Portaria GM/MS nº 69 (14/01/2021).
  • Fazer o aprazamento da aplicação da 2ª dose.
  • Higienizar as mãos antes e após o procedimento.
  • Conferir o imunobiológico a ser administrado.
  • Examinar o produto: aparência da solução, estado da embalagem, número do lote e prazo de validade.
  • Mostrar à pessoa a vacina que será administrada, o lote e o prazo de validade.
  • Avaliar a via de administração e a dosagem.
  • Preparar o imunobiológico na presença da pessoa a ser vacinada.
  • Administrar o imunobiológico conforme técnica específica (Intramuscular).
  • Descartar frasco do imunobiológico diretamente na caixa coletora ou reservar o frasco para autoclavagem e descarte posterior na caixa coletora.
  • Observar a ocorrência de eventos adversos pós-vacinação.
  • Retirar da caixa térmica: as vacinas e as bobinas de gelo reutilizáveis.
  • Guardar as vacinas no equipamento refrigerado..
  • Limpar e acondicionar bobinas de gelo no evaporador do refrigerador ou freezer.
  • Desprezar vacinas de frascos multidoses que ultrapassarem o prazo de validade após abertura
  • Registrar o número de doses desprezadas.
  • Lançar perdas técnicas no sistema de registro, controle conforme protocolo.
  • Verificar e anotar a temperatura do equipamento de refrigeração.
  • Certificar-se que os equipamentos estão funcionando devidamente.
  • Limpar e secar a caixa térmica.
  • Organizar arquivos, cartões e outros.
  • Deixar a sala em ordem e limpa.
  • Resetar a Câmara Fria antes de fechar a sala de vacina.

O Ministério da Saúde orienta manter o ar condicionado ligado, de forma initerrupta bem como o monitorar e validar a temperatura da câmera fria, diariamente.

Para saber como organizar a caixa térmica e manipular o gelox, consulte o Manual de Rede de Frio.

Nas Campanhas Vacinais, o inventário da vacina com o foco da Campanha é feito no encerramento do trabalho diário da sala de vacina e, caso haja necessidade, é solicitada a reposição do estoque

Fonte: Manual de Normas e Procedimentos para vacinação.

No encerramento do trabalho mensal:
  • Realizar o Inventário das vacinas. Essa ação é fundamental para a programação da Unidade de Saúde.
  • Monitorar as atividades de imunização: taxa de abandono, cobertura vacinal, eventos adversos, inconsistência e erros de registros.
  • Emitir o relatório de faltosos para busca ativa.

Fonte: Manual de Normas e Procedimentos para vacinação.

Equipe de vacinação

As atividades da sala de vacina assim como da vacinação extramuros envolvem procedimentos de manuseio, conservação, preparo, aplicação registro e descarte dos resíduos resultantes da ação de vacinação. Para realizar essas atividades, a composição e o tamanho da equipe dependerão de alguns fatores: porte do serviço de saúde, perfil quantitativo e situação da população a ser vacinada, considerando o território de referência.

Funções e atribuições da equipe de vacinação

  • Indicar e aplicar as vacinas.
  • Monitorar e avaliar efeitos adversos.
  • Controlar a temperatura da câmara de refrigeração, garantindo a conservação adequada dos imunobiológicos e sua eficácia.
  • Registrar as ações e procedimentos realizados.
  • Conferir os imunobiológicos que estão sendo entregues de acordo com a nota de fornecimento, verificando sua temperatura no momento da entrega.
  • Monitorar perdas físicas e técnicas.
  • Atender, avaliar e orientar as pessoas.
  • Planejar as atividades de vacinação.
  • Monitorar e avaliar o trabalho desenvolvido de forma integrada ao conjunto das demais ações da unidade de saúde.
  • Organizar junto à equipe as atividades extramuros (vacinação no domicílio, nas instituições de longa permanência, dentre outras).
  • Assegurar que a equipe esteja capacitada para o manuseio, o controle e monitoramento da conservação e aplicação de imunobiológicos.
  • Manter um programa de supervisão e monitoramento: relativos aos aspectos técnicos e aplicação do imunobiológico, orientação da pessoa (ou responsável) e manejo de possíveis reações adversas.
  • Registrar todos os dados referentes às atividades de vacinação no sistema de informação do SIPNI (iniciar o atendimento no sistema de informação, verificando histórico vacinal e só fazer a dispensação no sistema após conclusão do atendimento).
  • Monitorar a conservação dos imunobiológicos (registrar duas vezes/dia a temperatura da câmara de refrigeração, no Mapa de Controle Diário de Temperaturas).
  • Controlar o estoque de vacinas e materiais logísticos.
  • Monitorar a limpeza da sala de vacina.
  • Verificar o cumprimento do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) para material infectante.
  • Analisar o trabalho realizado e interpretação dos dados.
  • Buscar alternativas para possíveis reduções de abastecimento de imunizantes, considerando a possibilidade de remanejamento entre as unidades de saúde.

Nas campanhas de vacina, além da manutenção das ações e procedimentos de rotina são definidas e incorporadas especificidades referentes à vacina objeto da campanha.