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Pré-natal de
Qualidade

Aconselhamento e Dispensação
de Contraceptivos e Prevenção
da Gravidez na Adolescência
Curso para ACS

Capa das páginas do curso Campus Virtual

Módulo 3 | Condições clínicas comuns

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Aula 4

Acompanhamento do crescimento fetal

Objetivos de aprendizagem:

  • Explicar a diferença entre PIG (Pequeno para Idade Gestacional) e RCIU (Restrição de Crescimento Intrauterino).
  • Identificar os principais fatores de risco para RCIU.
  • Utilizar a caderneta da gestante para acompanhar a curva de crescimento da altura uterina.
  • Reconhecer quando a altura uterina estiver abaixo do percentil 10 (P10).
  • Tomar a decisão de encaminhar para avaliação médica diante da suspeita de crescimento uterino alterado.
  • Apoiar identificação de risco, verificar preenchimento da caderneta, facilitar o acesso da gestante à rede.

Porque este assunto é relevante?

Ao longo da gestação o feto pode apresentar crescimento acima ou abaixo do esperado. Crescimentos acima ou abaixo do esperado não são necessariamente, um sinal de anormalidade ou patologia.

Todavia, fetos com crescimento acima ou abaixo do esperado, em particular abaixo do esperado (PIG/CIUR), apresentam maior risco de morbimortalidade. Acompanhar o crescimento e desenvolvimento fetal constitui uma das tarefas fundamentais do pré-natalista.

> Fetos com crescimento abaixo do esperado

Nem todo feto pequeno apresenta alguma doença. Alguns são menores do que o esperado simplesmente porque os pais também têm estatura ou constituição física menores. Nesses casos, o feto é considerado Pequeno para a Idade Gestacional (PIG), mas não apresenta nenhuma alteração patológica.

Fonte: Freepik (2025)

Mas outros são pequenos em decorrência de alguma doença. Por causa disso, não atingiram o seu potencial de crescimento, isto é, não cresceram o tanto que poderiam ter crescido. Estes apresentam uma Restrição do Crescimento Intrauterino (RCIU).

As principais doenças causadoras de Restrição do Crescimento Intrauterino são:

Comprimido

Infecções

Em particular TORCH (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes)

Diu de cobre

Malformações congênitas

Alterações estruturais ou funcionais que comprometem o desenvolvimento fetal e podem levar à restrição de crescimento.

Comprimido

Insuficiência placentária

Na maioria das vezes associada à hipertensão

Alerta

Atenção!

Cabe ao médico avaliar os fetos que não estão crescendo bem e distinguir entre aqueles que são pequenos constitucionais e aqueles pequenos que apresentam algum problema (RCIU).

> Fatores de risco

O primeiro passo é identificar mulheres que apresentam um risco maior (fatores de risco) para Restrição de crescimento intrauterino (RCIU) durante a gravidez.

Fatores de risco maiores Fatores de risco menores
  • Idade materna > 40 anos.
  • Tabagismo > 11 cigarros/dia.
  • Cocaína.
  • Exercício diário vigoroso.
  • RN PIG previamente.
  • Decesso fetal prévio.
  • PIG materno.
  • Hipertensão crônica.
  • Diabetes com doença vascular.
  • Lesão renal.
  • SAF.
  • Sangramento pesado similar à menstruação.
  • Pré‑eclâmpsia grave.
  • Baixo peso materno.
  • Idade materna ≥ 35 anos.
  • Nuliparidade.
  • IMC < 20.
  • IMC 25–29,9.
  • Tabagismo 1–10/dia.
  • Baixa ingestão de fruta antes da gestação.
  • Pré‑eclâmpsia.
  • Intervalo intergestacional < 6 meses.
  • Intervalo intergestacional ≥ 30 meses.
  • PIG paterno.

Estes fatores podem ser identificados desde a primeira consulta através da anamnese e exame físico e devem ser registrados na caderneta de gestante.

Quais são os fatores de risco para o Crescimento Intrauterino Restrito? (informação na primeira consulta)

Categoria Definição do risco Tamanho do risco
Fatores de risco maternos
Idade Idade materna > 40 anos OR 3,2 (1,9–5,4)
Uso de substâncias Uso > 11 cigarros por dia
Cocaína
OR 2,21 (2,03–2,4)
OR 3,23 (2,43–4,3)
Exercícios Atividade física vigorosa AOR 3,3 (1,5–7,2)
Fatores de risco paternos
PIG Pai do PIG OR 3,47 (1,17–10,27)
História obstétrica pregressa
PIG prévio PIG em gestação prévia OR 3,9 (2,14–7,12)
Decesso Óbito fetal prévio OR 6,4 (0,78–52,56)
História obstétrica pregressa
PIG Mãe foi PIG OR 2,64 (2,28–3,05)
HAC Hipertensão crônica ARR 2,5 (2,1–2,9)
DM Diabetes e doença vascular OR 6 (1,5–23)
Doença renal Lesão renal AOR 5,3 (2–10)
SAAF Síndrome anticorpo antifosfolípide RR 6,22 (2,43–16,0)
Fonte: RCOG, 2013; Ministério da saúde, Brasil 2024.

O segundo passo é acompanhar o crescimento uterino através da mensuração da altura uterina.

A medida da altura uterina (AU) é o método utilizado para identificar alterações do crescimento uterino. Deve ser realizada em todas as consultas, a partir de 24 semanas de gestação, utilizando técnica padronizada. A mensuração da altura uterina não é confiável em mulheres com IMC > 35, portadoras de miomatose e gestações gemelares. A avaliação do crescimento fetal utilizando medida da AU continua sendo uma importante ferramenta de triagem durante o pré-natal de rotina na APS.

Mensuração da altura uterina

Fonte: Campus virtual Fiocruz, por meio da ferramenta Chatgpt.

Clique aqui e assista ao vídeo para entender as instruções sobre a técnica da mensuração da altura uterina.

Os resultados da mensuração uterina devem ser anotados na caderneta de gestante, nos campos próprios para isso e devem ser plotados na curva de crescimento. Veja a tabela abaixo:

Fonte: Caderneta da Gestante, Ministério da Saúde, 2024.

Se o crescimento da altura estiver dentro das curvas (entre p10 e p90), significa que o crescimento é normal, e não há motivos para preocupação.

Porém, se os pontos estiverem acima ou abaixo da curva, existe uma suspeita de crescimento anormal, que deve ser confirmada por um ultrassom. Veja na imagem a seguir:

Gráfico
Fonte: Caderneta da Gestante, Ministério da Saúde, 2024.

Quando os valores encontrados estão muito acima ou abaixo dos percentuais esperados (P90 ou P10), podem indicar alterações importantes que merecem investigação. Veja abaixo os principais achados e possíveis causas.

Acima da Curva (P90)

  • Crescimento fetal acima do esperado.
  • GIG (Grande para a Idade Gestacional).
  • Macrossomia fetal (> 4.000 g).
  • Diabetes materno.
  • Gestação gemelar.
  • Miomatose uterina.
  • Polidrâmnio (excesso de líquido amniótico).

Abaixo da Curva (P10)

  • Crescimento fetal abaixo do esperado.
  • PIG (Pequeno para a Idade Gestacional).
  • RCIU (Restrição de Crescimento Intrauterino).

Crescimento do feto de acordo com as semanas

Crescimento do feto
Fonte: Freepik, 2025.

Qual o papel do ACS no acompanhamento do crescimento fetal?

O ACS, junto com a equipe de saúde, deve estar atento às gestantes apresentando fatores de risco para RCIU, pode apoiar a gestante na mudança de estilo de vida (como cessação do tabagismo e outras substâncias, importantes fatores de risco), e acompanhar gestantes com patologias como hipertensão e diabetes.

Alerta

Atenção!

Fique atento ao preenchimento da Caderneta da Gestante. Muitas vezes, a curva de crescimento da altura uterina não é registrada pelos profissionais do pré-natal, o que dificulta a avaliação do desenvolvimento do bebê. Se o cartão não estiver preenchido, comunique-se com sua equipe de saúde para garantir o acompanhamento adequado!

Crescimento abaixo da curva

Um exame de ultrassom deve ser feito se a altura uterina estiver abaixo do p10 na curva de crescimento ou houver uma mudança na velocidade de crescimento ao longo da gravidez, mesmo se a medida estiver acima do p10. Não é um exame que deve ser feito em caráter de urgência, mas é prudente que seja realizado o mais rápido possível, em particular se a medida da altura uterina estiver muito abaixo do esperado, se diminuição ou ausência de movimentos fetais ou se presentes fatores de risco para CIUR. O CIUR não diagnosticado é uma das causas de óbito fetal em gestações de termo ou próximo do termo.

Fonte: Freepik, 2025.

A ultrassonografia é que vai dizer se o crescimento fetal é normal ou anormal.

Após realizar ultrassom, o próprio profissional ultrassonografista avalia se o crescimento é normal ou anormal, segundo uma curva de normalidade.

Alerta

Atenção!

Se a ultrassonografia confirmar um crescimento fetal < p10, então fica confirmado que este feto apresenta um crescimento abaixo do esperado.

> Conduta diante do crescimento fetal abaixo do esperado no ultrassom

Quando é confirmado o crescimento abaixo do esperado, a gestante deverá ser avaliada por um especialista em alto risco, por meio de consulta presencial ou teleconsulta, quando a consulta presencial não é possível. A partir desse momento, essa gestante pode precisar de um protocolo de seguimento especial para ela:

  • Com realização de doppler obstétrico (em artérias umbilicais e cerebrais médias).
  • US semanal ou quinzenal, para avaliar a vitalidade.
  • Pode ser necessário antecipar o momento do parto.

Idade Gestacional
(semanas)
Peso fetal estimado (gramas)
Percentil
26 29 35 41 44
10 26 29 35 41 44
11 34 37 45 53 56
12 43 48 58 68 73
13 55 61 73 85 91
14 70 77 93 109 116
15 88 97 118 137 146
16 110 121 146 171 183
17 136 150 181 211 226
18 167 185 223 261 279
19 205 227 273 319 341
20 248 275 331 387 414
21 299 331 399 467 499
22 359 398 478 559 598
23 426 471 568 665 710
24 503 556 670 784 838
25 589 652 785 918 981
26 685 758 913 1068 1141
27 791 879 1055 1234 1319
28 908 1004 1210 1416 1513
29 1034 1145 1379 1613 1754
30 1169 1294 1559 1824 1949
31 1313 1453 1751 2049 2189
32 1465 1621 1953 2285 2441
33 1622 1794 2162 2530 2703
34 1783 1973 2377 2781 2971
35 1946 2154 2595 3039 3244
36 2110 2335 2813 3291 3516
37 2271 2513 3028 3543 3785
38 2427 2686 3236 3786 4045
39 2576 2851 3435 4019 4294
40 2714 3004 3619 4234 4524
Fonte: HADLOCK et al., 1991.

Qual o papel do ACS, neste momento?

O papel do ACS, depois que o US confirma um crescimento abaixo do esperado (< p10) é principalmente acompanhar a agendamento da avaliação com especialista. Idealmente, esta avaliação deve ser o mais rápido possível – em até 7-10 dias após realização do US e do diagnóstico.

Este acompanhamento deve ser feito em conjunto com a equipe de saúde e a gerência da unidade.

O acompanhamento do crescimento fetal é uma das ações mais importantes do pré-natal, pois permite identificar precocemente situações que colocam em risco a saúde do bebê e da gestante. Reconhecer a diferença entre PIG e RCIU, saber identificar fatores de risco, interpretar corretamente a curva de crescimento e garantir a continuidade do cuidado com apoio da equipe de saúde são etapas essenciais nesse processo. O ACS tem papel fundamental nesse acompanhamento, servindo como ponte entre a gestante e os demais profissionais da rede, garantindo que nenhum sinal de alerta passe despercebido. Assim, fortalecemos o cuidado, promovemos gestação mais segura e contribuímos para melhores desfechos maternos e perinatais.

Atividade

Em relação ao crescimento fetal, é correto afirmar que:


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