Módulo 2 | Aula 1
letramento racial para trabalhadores do sus
Fundamentos práticos do letramento racial como ferramenta para a ação em saúde
Você já deve ter ouvido em algum lugar, sob forma de desabafo e chateação, alguém proferir “ah, hoje não se pode falar mais nada! O mundo está muito chato!”. A pergunta que se segue é: chato para quem? Para quem pode utilizar vocabulário, piadas, comportamentos opressivos de forma naturalizada ou para quem, sentindo o peso de palavras e gestos, se cala para não “criar problemas”?
É também neste lugar que o letramento racial se insere. Educar “os deseducados”, ou seja, aqueles/as que aprendem no ambiente doméstico, de lazer, de trabalho etc., atitudes racistas como algo natural e inofensivo, e por outro lado ser ponto de apoio àqueles que carregam o peso dessas atitudes (muitas vezes em silêncio) para nomear e verbalizar palavras, piadas e comportamentos que ferem, discriminam e inferiorizam.
![Fonte: Jonathan Soren Davidson for Disabled And Here. Wikimedia Common.](../../../media/images/modulo2/aula1/topico2/Evening_lounging_-_Jonathan_Soren_Davidson_for_Disabled_And_Here.jpg)
Lembrando que, como todo o processo educacional, o letramento racial é um ato coletivo, em que a convivência mediada por reflexões e atitudes antirracistas vão criando condições de mudanças de práticas.
No trabalho em saúde, na medida em que buscamos práticas antirracistas, o letramento se converte em uma ferramenta fundamental para problematizar o nosso pensar, o nosso sentir e o nosso fazer. Não se trata de mudar apenas palavras por uma mera convenção (o que não é pouca coisa em uma sociedade racista), mas de tomar para si, se implicar em uma jornada de mudanças pessoais e institucionais, referenciada também em um compromisso ético-político com o cuidado em saúde.
Pensando no letramento racial como uma ferramenta para as práticas de saúde, o que ela pode nos oferecer?
Clique nas setas abaixo e conheça o que os sujeitos que desenvolvem o letramento racial serão considerados capazes de fazer (Twine; Steinbugler, 2006; Shucman, 2012):
Agora que você já se situou sobre os fundamentos do letramento racial e sua relação com a saúde, vamos dar seguimento desenvolvendo um pouco mais sobre estes pontos e refletindo sobre possibilidades de construção de práticas antirracistas na saúde.