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Campus Virtual Fiocruz

Informação para o SUS: políticas e sistemas

Módulo 3 | Aula 2
Rede Nacional de Dados em Saúde

Tópico 4

Problemas de Interoperabilidade

Antes da implementação da RNDS, o Brasil enfrentava desafios significativos relacionados à interoperabilidade dos sistemas de saúde. Com mais de 2.000 tipos diferentes de sistemas de prontuário eletrônico e mais de 200 sistemas nacionais para a entrada de dados, cada um operando de maneira isolada e com pouca ou nenhuma interoperabilidade entre si. Essa fragmentação resultava em uma falta de comunicação e integração entre as diferentes plataformas utilizadas. Hospitais, clínicas, laboratórios e outros prestadores de serviços de saúde usavam sistemas diversos, desenvolvidos por diferentes fornecedores e com diferentes padrões de dados. Como consequência, as informações de saúde de um paciente, muitas vezes, não estavam acessíveis em um único local, dificultando a continuidade do cuidado e a tomada de decisões clínicas baseadas em dados completos e precisos. Para compreender os principais problemas enfrentados e como a RNDS atuou para solucioná-los, apresentamos a seguir uma organização em tópicos que detalha esses aspectos.

Hospitais, clínicas, laboratórios e outros prestadores de serviços de saúde utilizavam sistemas diversos, desenvolvidos por diferentes fornecedores e com padrões de dados distintos. Como consequência, as informações de saúde de um paciente muitas vezes não estavam acessíveis em um único local, dificultando a continuidade do cuidado e a tomada de decisões clínicas baseadas em dados completos e precisos.

Algumas alternativas, como o linkage de bases de dados, eram consideradas para contornar essa fragmentação. Entretanto, esse processo é extremamente complexo e trabalhoso. Os sistemas de informações mais antigos, que tratam de eventos únicos, apresentam maior possibilidade de inconsistências, afetando a confiabilidade dos dados. Além disso, a qualidade e o preenchimento das informações eram problemas que traziam resultados pontuais e pouco satisfatórios em âmbito nacional.

A ausência de interoperabilidade gerava redundâncias nos registros de saúde. Um mesmo paciente podia ter múltiplos prontuários eletrônicos em diferentes instituições de saúde, cada um contendo informações parciais ou duplicadas. A falta de padronização na forma como os dados eram registrados e armazenados resultava em inconsistências, dificultando a consolidação e análise dessas informações. Isso também representava um desperdício de recursos, pois os profissionais de saúde precisavam repetir processos de coleta e registro de informações.

A transferência de informações entre diferentes sistemas de saúde era um grande desafio. Sem um padrão comum para a estrutura e o formato dos dados, a troca de informações frequentemente encontrava barreiras técnicas. Em situações críticas, como emergências médicas, a transferência rápida e precisa de dados relevantes sobre o histórico de saúde do paciente era comprometida. Além disso, a falta de interoperabilidade limitava a capacidade de monitorar e responder de forma eficaz a surtos de doenças e outras crises de saúde pública.

A gestão de saúde pública dependia fortemente da disponibilidade de dados precisos e integrados para planejar e implementar políticas eficazes. A fragmentação dos sistemas e a falta de interoperabilidade dificultavam a obtenção de uma visão completa e atualizada sobre a saúde da população. Isso afetava negativamente a capacidade dos gestores de identificar tendências, alocar recursos de forma eficiente e monitorar o impacto das intervenções de saúde pública.

A falta de padronização nos dados de saúde era um dos maiores obstáculos para a interoperabilidade. Diferentes sistemas utilizavam terminologias, formatos de dados e protocolos de comunicação variados, tornando a integração dos dados uma tarefa complexa e onerosa. A implementação de padrões internacionais, como o HL7® FHIR® (Fast Healthcare Interoperability Resources), era essencial para superar esses desafios, fornecendo um framework comum para a troca de dados de saúde.

A implementação da RNDS representou um passo significativo para resolver os problemas de interoperabilidade nos sistemas de saúde do Brasil. A RNDS estabeleceu uma plataforma nacional que conecta os diversos sistemas de saúde, facilitando a troca de informações de maneira padronizada e segura. A integração com a RNDS permitiu que dados clínicos, epidemiológicos e administrativos fossem compartilhados entre diferentes instituições de saúde, melhorando a continuidade do cuidado e a eficiência da gestão de saúde pública.

Com a interoperabilidade promovida pela RNDS, os profissionais de saúde têm acesso a informações completas e atualizadas sobre o histórico dos pacientes, independentemente de onde o atendimento foi prestado. Isso facilita diagnósticos mais precisos, tratamentos mais eficazes e uma melhor coordenação do cuidado. Além disso, a interoperabilidade melhora a capacidade de resposta a crises de saúde pública, como a pandemia de COVID-19, permitindo uma coleta e análise de dados mais rápidas e precisas.

Podemos concluir que os problemas de interoperabilidade dos sistemas de saúde no Brasil representavam um grande obstáculo para a gestão eficiente dos dados de saúde. A fragmentação dos sistemas, as redundâncias e inconsistências nos dados e a falta de padronização dificultavam a continuidade do cuidado e a tomada de decisões baseadas em informações completas. A implementação da RNDS trouxe soluções significativas para esses desafios, estabelecendo uma plataforma nacional de interoperabilidade que conecta diferentes sistemas de saúde e facilita a troca de informações de maneira segura e padronizada. Com isso, a RNDS não apenas melhora a gestão dos dados de saúde, mas também promove uma saúde pública mais eficiente e responsiva.

“Até 2028, a RNDS estará estabelecida e reconhecida como a plataforma digital de inovação, informação e serviços de saúde para todo o Brasil, em benefício de usuários, cidadãos, pacientes, comunidades, gestores, profissionais e organizações de saúde.”

BRASIL. Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).