MÓDULO 4 | AULA 3 A vigilância da Mpox no território
Ferramentas para realizar a territorialização em saúde
Territorializar informações em saúde significa adotar métodos de identificação das formas de expressão territorial das ações humanas e seus problemas, para que a equipe de saúde e usuários do SUS compreendam a dinâmica social dos lugares. Territorializar é o ato de usar, estar, agir e produzir dos atores sociais nos territórios, em suas mais diversas formas e a capacidade de cada um deles de atribuir valores e significados a esse processo.
Por meio de determinadas técnicas e instrumentos utilizados em associação e que se complementam para a apreensão das questões existentes no território, como:
Mapeamento
Produção de imagem
Método observacional
Uso de entrevistas
A utilização de mapas com dados do território é um instrumento para obtenção e de reunião de informações, além de ser uma ferramenta de comunicação entre membros da equipe de saúde e a população. A representação de territórios por meio de mapas cartográficos ou mesmo de desenhos (croquis) possibilita visualizar o que ocorre no espaço de vida das pessoas, tanto para localizar como para entender a relação entre recursos locais e riscos, determinações sociais e causas implicadas na produção da doença Mpox no território.
Complementar
Para saber mais sobre o tema, assista ao vídeo sobre o mapeamento da Estratégia Saúde da Família.
A produção de imagens é uma técnica que faz a mediação de entendimento com a realidade por meio de signos nelas contidos que ajudam a compreender as características do território no sentido da identificação e análise das condições de vida. Quando associada à entrevista, por meio de roteiros, potencializa a escuta das “vozes do território” no sentido de identificar especificidades nos determinantes sociais implicados na transmissão e produção da Mpox.
Sobre a imagem: em 1854, na epidemia de cólera em Londres, o médico John Snow, ao utilizar o método da territorialização de informações, teve na técnica de mapeamento a estratégia principal para fazer a localização de casos de mortalidade pela doença e de determinadas informações sobre os recursos do território existentes na época, como as fontes de obtenção de água pela população. Ao localizar o maior número de casos de óbitos próximos a determinada fonte, fez uma associação sobre a existência de algum problema na qualidade da água em uso pela população residente nas proximidades com as mortes por cólera. Esse procedimento inaugurou a Epidemiologia como área de conhecimento no campo da saúde pública.
O processo de territorialização compreende:
- Informações sobre a estrutura demográfica (população absoluta ou total, faixa etária, gênero, níveis educacionais e taxa de alfabetização de adultos);
- Identificação dos espaços naturais, principalmente em relação às populações mais próximas de áreas de vegetação e de animais silvestres, que podem ser determinantes para a transmissão da Mpox;
- Informações sobre o estado da infraestrutura sanitária são determinantes para conhecer as condições de vida e os riscos existentes, principalmente em relação às doenças infecciosas.
O acesso de domicílios particulares ao abastecimento de água da rede geral e suas condições de uso é determinante para o cuidado da Mpox, assim como a quantidade e o tipo de serviços de saúde (público e privado) disponível que possa atender aos casos identificados.
Outros elementos importantes são os espaços públicos de lazer que proporcionam encontros entre os diversos grupos sociais, como igrejas, clubes e associações e praças. Além disso, devemos considerar os serviços existentes no território, tais como bares e restaurantes e escolas, ou seja, lugares que aproximam as pessoas, permitem interação social e a disseminação de patologias como a Mpox, principalmente quando se trata de locais fechados.
Além disso, muitos desses atores sociais podem ser parceiros diretos para ações educativas e comunicativas de vigilância em saúde no enfrentamento da Mpox.
Ao final da aula discutimos que o processo de territorialização de informações para a Vigilância em Saúde visa identificar, planejar e agir no enfrentamento da Mpox, com ênfase em trabalho territorializado, participação social e intersetorialidade. Os principais pilares desse processo incluem:
- Dados sobre a estrutura demográfica da população;
- Recursos de comunicação locais que utilizam a linguagem da comunidade, como rádios, jornais comunitários, carros de som e blogs para disseminar informações e atividades;
- Ações educativas em saúde nas escolas;
- Cooperação intersetorial no território;
- Condições de moradia e infraestrutura de saneamento, que têm impacto direto no enfrentamento da Mpox;
- Serviços e programas de saúde das unidades de saúde locais;
- Atividades nas escolas e em manifestações culturais da comunidade;
- Parcerias para organizar ações educativas e comunicativas em vigilância em saúde.