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Mpox: Vigilância, Informação e Educação em Saúde

MÓDULO 4 | AULA 1 Vigilância em Saúde

Introdução

Fonte: Freepik.com

Quando falamos em vigilância em saúde estamos falando de um conjunto bastante amplo de práticas que quase sempre passam despercebidas em nosso cotidiano.

Quando olhamos a validade de um produto na geladeira de um mercado, quando compramos um medicamento na farmácia, quando acompanhamos as informações sobre o avanço de uma doença no verão ou quando ouvimos a notícia da interdição de um estabelecimento comercial, estamos diante de uma série de atividades típicas de vigilância em saúde.

A maior parte dessas atividades estão agrupadas em quatro grandes estruturas operacionais. Talvez você já tenha ouvido falar em vigilância Sanitária, Epidemiológica, Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador.

pan_tool_alt Clique Toque nos cards para saber do que cada uma delas é responsável

Responsável pela vigilância de:

  • Medicamentos.
  • Alimentos.
  • Produtos de interesse à saúde.
  • Estabelecimentos e serviços de saúde.
  • Portos, aeroportos e fronteiras.

Responsável pela realização de:

  • Visita domiciliar.
  • Detecção de casos suspeitos.
  • Notificação de doenças.
  • Busca ativa de contatos.
  • Investigação.
  • Análise dos dados.
  • Recomendação de medidas de prevenção e controle.
  • Divulgação das informações.
  • Imunização.

Responsável pela vigilância:

  • Da qualidade da água.
  • Da qualidade do ar.
  • Dos resíduos sólidos (lixo) e líquidos (esgotamento sanitário).
  • De vetores e zoonoses.
  • Do uso de inseticidas e agrotóxicos.
  • Análise de impacto ambiental de empreendimentos.

Responsável pela:

  • Elaboração de mapas de risco no ambiente de trabalho.
  • Avaliação do impacto de tecnologias à saúde do trabalhador.
  • Notificação de doenças ocupacionais.
  • Prevenção de acidentes de trabalho.
Vigilância Sanitária
Vigilância Sanitária

Responsável pela vigilância de:

  • Medicamentos.
  • Alimentos.
  • Produtos de interesse à saúde.
  • Estabelecimentos e serviços de saúde.
  • Portos, aeroportos e fronteiras.
Vigilância Epidemiológica
Vigilância Epidemiológica

Responsável pela realização de:

  • Visita domiciliar.
  • Detecção de casos suspeitos.
  • Notificação de doenças.
  • Busca ativa de contatos.
  • Investigação.
  • Análise dos dados.
  • Recomendação de medidas de prevenção e controle.
  • Divulgação das informações.
  • Imunização.
Vigilância em Saúde Ambiental
Vigilância em Saúde Ambiental

Responsável pela vigilância:

  • Da qualidade da água.
  • Da qualidade do ar.
  • Dos resíduos sólidos (lixo) e líquidos (esgotamento sanitário).
  • De vetores e zoonoses.
  • Do uso de inseticidas e agrotóxicos.
  • Análise de impacto ambiental de empreendimentos.
Vigilância à Saúde do Trabalhador
Vigilância à Saúde do Trabalhador

Responsável pela:

  • Elaboração de mapas de risco no ambiente de trabalho.
  • Avaliação do impacto de tecnologias à saúde do trabalhador.
  • Notificação de doenças ocupacionais.
  • Prevenção de acidentes de trabalho.

Ainda que, muitas vezes, essas ações se encontrem gerenciadas de forma separada na estrutura organizacional das secretarias municipais e estaduais de saúde, há uma profunda articulação entre elas.

E a Vigilância em Saúde?

Quando esse conceito começou a ser utilizado na saúde pública, surgiram pelo menos três interpretações diferentes:

  1. Vigilância em Saúde como integração técnica e administrativa entre as vigilâncias epidemiológica e sanitária: esse movimento permitiu a reorganização dos organogramas das secretarias de saúde de muitos estados, municípios e até do Ministério da Saúde.
  2. Vigilância em saúde como análise da situação de saúde de um lugar: embora esse enfoque sugira utilização articulada das diferentes perspectivas e ferramentas das vigilâncias, não incorpora as ações voltadas ao enfrentamento dos problemas da população.
  3. Vigilância em Saúde como reorganização das práticas de saúde: essa proposta leva em conta, por um lado, a busca de integralidade do cuidado à saúde e, por outro, a necessidade de adequar as ações e serviços à situação concreta da população de cada área territorial, definida em função das características e sanitárias, seja um distrito sanitário, um município ou uma microrregião de saúde.

Essa última visão é parte de um grande esforço do movimento sanitário brasileiro de mudar o modelo de atenção à saúde no país.

Para Assistir

Para entendermos melhor essa discussão, vale observar a seguir um quadro que compara as características principais de modelos de atenção à saúde que estão presentes em nosso país.

MODELOS DE ATENÇÃO E VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Modelo Sujeito Objeto Meios de Trabalho Formas de organização
Modelo Médico assistencial Privatista (Biomédico)
  • Médico.
  • Especialistas.
  • Complementariedade (paramédicos).
  • Doença (patologia).
  • Doentes (clínica e cirurgia).
Tecnologia médica (indivíduo).
  • Rede de serviços de saúde.
  • Hospital.
Modelo sanitarista
  • Sanitarista.
  • Auxiliares.
  • Modos de Transmissão.
  • Fatores de risco.
Tecnologia sanitária.
  • Campanhas sanitárias.
  • Programas especiais.
  • Sistemas de vigilância epidemiológica e sanitária.
Vigilância em Saúde
  • Equipe de saúde.
  • População.
  • Cidadãos.
Danos, riscos, necessidades e determinantes dos modos de vida e saúde (condições de vida e trabalho). Tecnologias de comunicação social, de planejamento e programação local situacional e tecnologias médico-sanitárias.
  • Políticas públicas saudáveis.
  • Ações intersetoriais.
  • Intervenções específicas (promoção, prevenção e recuperação).
  • Operações sobre problemas e grupos populacionais.
Fonte: Adaptado de Teixeira (2001).

A constituição e a consolidação próprias de cada uma das estruturas operacionais da vigilância em saúde (epidemiológica, sanitária, ambiental e da saúde do trabalhador) teve como consequência indesejável a desarticulação de suas ações e processos formativos. Quando organizadas em bases de conhecimentos e de práticas aparentemente independentes, as vigilâncias desperdiçam um extraordinário potencial analítico e de intervenção sobre os condicionantes da produção social de saúde e doença (Monken; Batistella, 2008).

Saiba Mais

Por condicionantes da saúde e da doença compreendem-se os fatores explicativos de diferenças evitáveis relacionadas à posição que os indivíduos ocupam na hierarquia social e aos fatores de risco e vulnerabilidades a que estão expostos em suas circunstâncias de vida, que abarcam desde os efeitos de políticas públicas até comportamentos e estilos de vida. Nos últimos anos, a expressão “determinantes e condicionantes da saúde" tem sido substituída pelo termo "determinação social" , visando deslocar o foco nos fatores (aparentemente estáticos, descolados dos sujeitos) para os processos (dinâmicos, vinculados à produção e reprodução cotidiana das desigualdades).

A Vigilância em Saúde possui uma dimensão técnica e uma dimensão gerencial. Veja a seguir!