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Mpox: Vigilância, Informação e Educação em Saúde

MÓDULO 3 | AULA 2 Educação em saúde

Introdução

Ações de saúde pública sempre possuem caráter educativo. Isso é visível e intencional, ou seja, quando a preocupação com o ato educativo é explícita, como também quando o caráter educativo não fica exatamente claro e ocorre como consequência das orientações ou prescrições realizadas pelos trabalhadores da saúde ou mesmo pela mídia.

Vamos começar refletindo um pouco sobre a importância da dimensão educativa do trabalho em saúde.

O trabalho em saúde é uma atividade complexa, que, quase sempre, envolve se relacionar com outro sujeito, que está vulnerável e precisando de ajuda. Nesse sentido, para que o trabalho em saúde se realize, é necessário mais do que conhecimento técnico sobre doenças, suas formas de transmissão e tratamento. Ele envolve a possibilidade de acolhimento, escuta e de construção com o outro de um saber que o ajude a consolidar certa autonomia para cuidar de si, seja durante uma enfermidade ou no cotidiano de sua vida. Por vezes, ele envolve também ações informativas, como confecção de panfletos, cartazes ou organização de campanhas de prevenção de alguma doença.

Vamos nos dedicar, neste momento, a pensar sobre parte desse processo, problematizando os processos de comunicação e as práticas educativas desenvolvidas no âmbito da atenção à saúde. Assista ao vídeo e veja o que acontece na história.

Para Assistir

A princípio, pode parecer simples realizar essas ações. No entanto, ao contrário, é um desafio interagir com o outro e escutar suas necessidades e possibilidades para, a partir daí, pensar as ações de cuidado em saúde. O problema é que, muitas vezes, na correria do dia a dia, não paramos para pensar sobre isso e não nos damos conta dos efeitos que essa interação pode produzir no tratamento e na forma do outro se cuidar.

Já pensou sobre a forma como você interage com os usuários do serviço de saúde e os efeitos que essa interação pode produzir? E sobre os diferentes efeitos que podem ter panfletos e cartazes nas pessoas que os leem?

Evidentemente, não se pode predizer de que forma a conversa que temos com os usuários vai afetá-los. Cada usuário e cada situação de conversa é singular e imprevisível. Certamente, no entanto, pensar sobre a forma como abordamos o usuário pode ser muito importante para nos ajudar a ponderar os efeitos que podemos e queremos produzir com a nossa atuação. Nesse sentido, é importante sempre refletir sobre como desenvolver nosso trabalho de maneira a auxiliar os usuários no sentido de que possam desenvolver melhores formas de se cuidar. Além disso, é importante também nos preocuparmos em favorecer que os usuários possam construir conhecimentos sobre seus corpos e sua saúde a partir de sua própria experiência de vida. Dessa forma, eles ganham mais autonomia e ficam fortalecidos para se mobilizarem na luta pelo direito à saúde e pela transformação das condições e dos modos de vida que influem de forma importante em seus processos de adoecimento.

Considerando as reflexões sobre a dimensão educativa de quase todo trabalho em saúde que levantamos anteriormente, apontamos a grande importância que as ações de educação em saúde podem assumir em alguns contextos:

Estratégias de educação e comunicação

Adequadas estratégias de educação e comunicação podem ser eficazes para ampliar o debate público sobre as doenças, desde suas origens, sinais e sintomas, formas de prevenção e controle.

Capacidade de diálogo

O trabalho educativo pode ampliar a capacidade de diálogo entre trabalhadores da saúde e população, visto que acesso à informação não é suficiente para a promoção de mudanças de comportamento.

Estruturação de um SUS gratuito e universal

A estruturação de um Sistema Único de Saúde gratuito e universal demanda ampliação do debate e da troca entre trabalhadores e usuários, de modo a propiciar a produção de conhecimento sobre as condições de adoecimento da população e as necessidades de resposta pelas políticas públicas. Assim, pode-se favorecer o setor saúde para que extrapole uma leitura puramente biologicista dos processos saúde-doença.