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Mpox: Vigilância, Informação e Educação em Saúde

MÓDULO 4 | AULA 2 Informações na gestão de risco da Mpox

Tópico 1

Objetivo da realização da vigilância da Mpox nos territórios

Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2022), o objetivo geral da vigilância, da investigação de casos e do rastreamento de contatos nesse contexto é detectar novos contágios e interromper a transmissão de pessoa para pessoa, a fim de interromper o surto global e minimizar a transmissão zoonótica.

Para isso é necessário:

  1. Identificar rapidamente os casos e os grupos para oferecer o melhor atendimento clínico;
  2. Isolar os casos para evitar novas transmissões;
  3. Identificar, gerenciar e acompanhar os contatos para reconhecer os primeiros sinais de infecção;
  4. Identificar os grupos de risco de infecção e de doença grave;
  5. Proteger os profissionais de saúde da linha de frente;
  6. Adaptar medidas eficazes de controle e prevenção.

Acompanhando os dados da evolução da Mpox, você pode estar se perguntando: quem é mais vulnerável? Na verdade, qualquer pessoa que tenha contato físico próximo com alguém com sintomas de Mpox ou com um animal com o vírus corre maior risco de infecção. As pessoas que foram vacinadas contra a varíola possivelmente têm alguma proteção parcial contra a infecção por Mpox, no entanto é improvável que as pessoas mais jovens tenham sido vacinadas, porque a vacinação contra essa doença foi suspensa em todo o mundo depois que a varíola se tornou a primeira doença humana a ser erradicada, em 1980. Mesmo que as pessoas que foram vacinadas contra a varíola tenham alguma proteção contra a Mpox, elas também precisam tomar precauções para proteger a si e aos outros.

Recém-nascidos, crianças, gestantes e pessoas com deficiências imunológicas subjacentes podem estar em risco de sintomas mais graves e morte por Mpox. Os profissionais de saúde também correm maior risco devido à exposição mais longa ao vírus (Opas, 2023b).

As imunodeficiências são um grupo de doenças em que o paciente possui alguma falha no sistema imunológico (podemos citar HIV/AIDS, pessoas com doenças autoimunes ou transplantadas em uso de imunossupressores, pessoas com imunodeficiências primárias). Essa falha facilita o aparecimento de algumas doenças, em especial infecções, mas pode haver outros sintomas, como doenças autoimunes e diarreias, entre outras complicações

Fonte: USP (2025)

Ainda que não se possa classificar a doença como exclusivamente de transmissão sexual, seu padrão de disseminação tem levado os especialistas a considerarem cada vez mais a Mpox como uma infecção sexualmente transmissível (IST), o que é um outro sinal de vulnerabilidade para homens que fazem sexo com outros homens, pois, de acordo com um informe publicado pela Opas/OMS em março de 2023, 96% dos casos confirmados com informações disponíveis são do sexo masculino. A maioria dos casos com informações disponíveis têm entre 20 e 45 anos de idade e se identifica como homens que fazem sexo com outros homens (Opas, 2023).

Essa informação é muito relevante para compreender quais os grupos mais vulnerabilizados e para quem devem ser dirigidos os maiores esforços de prevenção.

Para realizar a vigilância da Mpox é preciso partir de algumas definições. Vamos relembrar!

Caso suspeito 1

Uma pessoa que esteve em contato com um caso provável ou confirmado de Mpox nos 21 dias anteriores ao início dos sinais ou sintomas e que apresenta qualquer um dos seguintes sintomas: febre aguda (maior do que 38,5 °C), dor de cabeça, mialgia (dor muscular/dor no corpo), dor nas costas, fraqueza profunda ou fadiga (WHO, 2022);

Caso suspeito 2

Uma pessoa que se apresenta com uma ou mais erupções cutâneas agudas inexplicáveis, lesões nas mucosas ou linfadenopatia (linfonodos inchados). A erupção cutânea pode incluir lesões únicas ou múltiplas na região anogenital ou em qualquer outra parte do corpo. As lesões da mucosa podem incluir lesões orais, conjuntivais, uretrais, penianas, vaginais ou anorretais, únicas ou múltiplas. As lesões anorretais também podem se manifestar como inflamação anorretal (proctite), dor e/ou sangramento.

Caso provável

Uma pessoa que apresenta uma erupção cutânea tal como descrita no caso suspeito e um ou mais dos itens a seguir:

  • Tem uma ligação epidemiológica com um caso provável ou confirmado de varíola nos 21 dias anteriores ao início dos sintomas;
  • Teve parceiros sexuais múltiplos e/ou casuais nos 21 dias anteriores ao início dos sintomas.
Caso confirmado

Uma pessoa com infecção por MPXV confirmada laboratorialmente pela detecção de sequências únicas de DNA viral por reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real e/ou sequenciamento. Trata-se da técnica utilizada pelos laboratórios de saúde pública capaz de identificar o vírus por meio de sequenciamento genético.

Caso descartado

Um caso suspeito ou provável para o qual os testes laboratoriais de fluido de lesão, amostras de pele ou crostas por PCR e/ou sequenciamento são negativos para MPXVc. A técnica de PCR (ou Reação em Cadeia da Polimerase) é uma tecnologia que consiste na amplificação de uma região específica de DNA. Ou seja, com essa metodologia é possível produzir uma quantidade enorme de cópias de pequenas porções do DNA que se deseja estudar.

Para a vigilância em saúde, um caso de Mpox é considerado um surto. Devido aos riscos à saúde pública associados a um único caso de varíola, os médicos devem notificar imediatamente os casos suspeitos às autoridades nacionais ou locais de saúde pública, independentemente de também estarem explorando outros possíveis diagnósticos, de acordo com as definições de caso anteriormente mencionadas ou com as definições de caso adaptadas nacionalmente. Os casos prováveis e confirmados de varíola devem ser notificados o mais cedo possível, incluindo um conjunto mínimo de dados de informações epidemiologicamente relevantes.

Uma definição de caso serve para diferentes propósitos e tem diferentes níveis de precisão nos diferentes estágios de uma investigação epidemiológica. Por vezes, o comportamento de uma doença em contextos específicos de um país ou região torna necessária a adaptação dessas definições de caso. De modo geral, esse procedimento visa aumentar a sensibilidade ou a especificidade da definição, de modo a favorecer a organização dos serviços de saúde no enfrentamento do surto ou epidemia.

Em nível local e nacional, é preciso documentar sistematicamente o número de casos suspeitos notificados, o número de casos suspeitos que são testados e o número de casos confirmados entre os testados.