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Mpox: Vigilância, Informação e Educação em Saúde

MÓDULO 3 | AULA 1 Prevenção e o papel dos profissionais de saúde na suspeita, encaminhamento e acompanhamento de casos

Tópico 2

Enfrentamento de estigmas frente a doença

O estigma só é superado quando os significados negativos atribuídos à marca corporal ou social são visíveis e desconstruídos, mas trata-se de um processo complexo pois depende de mudanças em diferentes níveis sociais e políticos.

Por exemplo, no caso das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), o estigma está associado a sistemas de opressão relacionados a gênero, racismo e preconceito contra pessoas mais pobres. Esse preconceito se origina em normas sociais relativas à sexualidade, mas é reforçado e reproduzido por mensagens veiculadas na mídia, em processos educativos e em serviços de saúde. Por isso, seu combate depende de ações individuais e institucionais.

Por vezes, devido ao estigma associado a determinadas doenças, profissionais de saúde tomam precauções exageradas, recusam atendimento, expõem o diagnóstico sem consentimento do paciente ou chegam a agredi-lo, verbal e/ou fisicamente. Essas ações são reflexo do estigma e o reforçam. Por isso, em cada ação dos trabalhadores da saúde é preciso ter atenção às formas de atendimento aos pacientes, a fim de reduzir a estigmatização e evitar a ampliação de seu sofrimento.

Podemos evitar a promoção do estigma por meio de comunicação, usando uma linguagem respeitosa e sem julgamentos, fornecendo informações precisas e atualizadas sobre a Mpox, bem como sobre as pessoas acometidas por esse vírus. Além disso, é importante criar um ambiente de aceitação e compreensão, acolhendo os pacientes para que se sintam à vontade e busquem assistência.

Ainda assim, será importante conhecer os grupos mais afetados e direcionar esforços para a comunicação com eles. O infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, lembra que a resposta brasileira ao vírus HIV trouxe como aprendizado a importância de disseminar rapidamente a informação dentro dos grupos mais vulneráveis, “difundindo informações através de indivíduos chave, por aplicativos e espaços de convivência” (Monterastelli, 2022).

Juliana César, assessora de Programas Institucionais da Gestos, organização que atua na prevenção do HIV, reforça essa noção: “Não deve existir a associação da doença com uma parcela da população. Qualquer pessoa pode estar vulnerável a essa infecção. O que deve acontecer é o direcionamento da mensagem a um grupo específico, uma segmentação da informação entre a população em geral e o grupo mais vulnerável” (Monterastelli, 2022).

O perigo do estigma não deve ser motivo para não se falar sobre a doença. Ao contrário, a comunicação clara e a naturalização da discussão sobre sexo nos serviços de saúde são fundamentais para que a população compreenda os riscos e as formas de prevenção e tratamento desse tipo de infecção. Assim, é essencial focalizar a comunicação para grupos específicos mais vulneráveis, sem promover estigma ou pânico.

Material
Complementar

Para ampliar os seus conhecimentos sobre os conteúdos abordados nesta aula, selecionamos uma lista de artigos, textos e vídeos complementares:

Para saber mais sobre a construção do estigma e como evitá-lo, acesse o curso Enfrentamento ao estigma e discriminação de populações em situação de vulnerabilidade nos serviços de saúde do Campus Virtual Fiocruz.