Módulo 3 | Aula 2 Pessoas em situação de rua

Tópico 8

Fim da aula

Como você viu no início da aula, viver nas ruas não é uma escolha. Essa situação resulta de processos de exclusão e desigualdades sociais que precisam ser enfrentadas. No contexto da atenção em saúde o trabalho com PSR impõe desafios e desloca os limites do espaço terapêutico para um contexto não-estruturado, que frequentemente apresenta situações imprevistas.

A literatura não traz uma abordagem terapêutica única, e recomenda uma oferta variada de serviços. O sucesso terapêutico deve ser definido individualmente, e a abordagem multidisciplinar é fundamental nestes casos, pois cada área do conhecimento é dotada de perspectivas e possibilidades de intervenções singulares. Mas, além do conhecimento técnico, o autoconhecimento, a capacidade de trabalhar em equipe, a humanização, a criatividade e a flexibilidade serão elementos essenciais nos processos de trabalho com as PSR.

Lidar com esta complexidade exige muita maleabilidade dos profissionais de saúde, especialmente nos contatos iniciais, e no plano de tratamento ou prevenção que deve ser centrado na PSR, de modo a alcançar as diferentes dimensões do indivíduo.

Um primeiro contato geralmente é feito no local onde vive a pessoa, nos termos dela, considerando sempre a visão de mundo que ela tem. Construir uma relação de confiança é o primeiro passo para uma intervenção bem-sucedida. Isto nem sempre é fácil e rápido, pois estamos lidando com pessoas que viveram muitas experiências negativas no contato com outros profissionais.

O comportamento deve ser avaliado em seu contexto para que seja possível identificar efeitos dos traumas psicológicos sobre a confiança, a vontade de perseverar e aceitar a ajuda de outras pessoas e uma variedade de outras dinâmicas pessoais e interpessoais que são importantes no tratamento e na recuperação das PSR.

É comum que PSR nos falem sobre falta de sentido na vida. Culpa, tristeza e perda de esperança também são experiências emocionais frequentes nesta população. Nestes cenários relacionamentos significativos são centrais para o cuidado em saúde.

Por outro lado, do ponto de vista dos profissionais que atendem às PSR, uma mistura de sentimentos, muitas vezes ambíguos, é experimentada: medo, aversão, curiosidade, simpatia e empatia, entre outros. Ter um espaço de supervisão ou ainda a reflexão por pares em presença de uma terceira pessoa constituem estratégias de promoção à saúde mental do trabalhador que atua com PSR (Santana, C; Rosa, A, 2016).

Saiba mais...

Para saber mais sobre as especificidades do cuidado às pessoas em situação de rua consulte o Manual de Cuidado A Saúde Junto à População em Situação de Rua.

Para saber mais ler dicas para uma boa aliança terapêutica com as PSR, considerando as condições e os modos de vida na rua consulte o livro “Saúde Mental das pessoas em situação de rua: conceitos e práticas para profissionais da assistência social”.

Continue se empenhando nos seus estudos, siga para a próxima aula!