Módulo 3 | Aula 2 Pessoas em situação de rua

Tópico 5

Estigma e a saúde das PSR

O estigma é uma causa significativa de morbidade e mortalidade para a população em situação de rua, além de ser uma barreira para um cuidado adequado. Você sabia que a linguagem utilizada para descrever as PSR impacta negativamente e torna suas vidas ainda mais difíceis?

Esta visão construída a partir de processos históricos de estigma e discriminação se expressa na maneira de interagir da sociedade, legisladores, polícia e alguns dispositivos do sistema de saúde com as PSR. Nas calçadas muitas vezes essas pessoas são ignoradas, isoladas, exploradas ou até se tornam vítimas de diversas formas de violência; o que amplia mais ainda o desafio de ter uma moradia, um trabalho estável, e piora os problemas de saúde mental.

A seguir, a partir de resultados de pesquisas que investigaram o estigma na PSR em diversas partes do mundo, você verá uma lista de frases negativas que expressam uma visão distorcida, um senso comum desfavorável e a rejeição social, que contribuem para o processo de marginalização dessas pessoas.

Você está convidado a refletir sobre cada uma dessas frases, levando em consideração se no seu cotidiano de trabalho você já ouviu afirmações como essas, e o que você pensou?

Em resumo, a vida nas ruas é traumática, quase sempre descrita como empobrecida, isolada socialmente, associada a altas taxas de infecção, doenças crônicas, transtornos mentais e abuso de substâncias. O estigma marca as PSR como "sujas", "desviantes" ou imorais o que as torna mais isoladas e vulneráveis. Pressão de parte da sociedade para produzir leis que criminalizam as pessoas por estarem nas ruas também as tornam mais propensas a serem alvos de abuso verbal e violência. São necessárias amplas campanhas de educação pública para neutralizar atitudes negativas em relação às PSR (Reilly &Williamson, 2022).

Estar em situação de rua influencia negativamente o senso de identidade; muitas destas pessoas sentem-se impotentes e estigmatizadas ao serem impedidas de entrar em certos locais como estabelecimentos comerciais, shoppings, transportes coletivos, órgãos públicos, inclusive na rede de saúde.

Rejeitar os estigmas é o primeiro passo crucial no cuidado às PSR. Para fazer isso, você deve se envolver com as PSR para entender melhor sua trajetória e contexto de vida atual. Essa compreensão permitirá que você aborde o problema de forma realista, em vez de confiar em suposições baseadas no estigma.

Para assistir...

O coletivo A Cor da Rua trabalha há mais de 10 anos diretamente com o envolvimento ativo das PSR em questões de saúde e na luta por direitos. O vídeo “Acolhimento Psicossocial das Pessoas em Situação de Rua diante da Pandemia da Covid-19” é um exemplo de abordagem participativa à saúde.