Módulo 3 | Aula 3 Complicações microvasculares e mistas e estratégias de prevenção
Introdução
Muito do conteúdo desta aula foi retirado, inspirado e/ou adaptado do capítulo 36 (Diabetes melito: cuidado longitudinal) do livro "Medicina ambulatorial: Condutas de atenção primária baseadas em evidências", 5ª edição, organizado por Bruce B. Duncan, Maria Inês Schmidt, Elsa R.J. Giugliani, Michael Schmidt Duncan e Camila Giugliani, publicado em 2022 pela Editora Artmed de Porto Alegre. A conteudista expressa seus sinceros agradecimentos aos autores deste capítulo, Maria Inês Schmidt, Michael Schmidt Duncan e Bruce B. Duncan, pela permissão concedida para utilizar seu conteúdo.
O diabetes, além de aumentar o risco de complicações cardiovasculares, apresenta também complicações específicas conhecidas como microvasculares ou microangiopatia: uma condição caracterizada pelo dano de pequenos vasos sanguíneos (capilares) que irrigam as células do corpo.
Entre as mais frequentes estão a retinopatia (nos olhos), a nefropatia (nos rins) e a neuropatia (nos nervos), que constituem, respectivamente, as causas mais comuns de cegueira irreversível, doença renal crônica e amputações não traumáticas de membros inferiores. Este último caso é frequentemente resultado da combinação de neuropatia com aterosclerose das artérias das pernas, uma complicação "mista".
Entre as pessoas com diabetes, aproximadamente uma em cada três tem retinopatia diabética; 20 a 40% desenvolvem algum grau de doença renal, sendo que 3% alcançam estágio final, necessitando de terapia de substituição (diálise ou transplante de rim). O "pé diabético", estágio avançado da neuropatia dos membros inferiores combinada com circulação arterial prejudicada, é responsável por 20% das internações de pessoas com diabetes e é a causa mais comum de internações prolongadas.
Apesar de não ser diretamente responsável pelo surgimento das complicações microvasculares do diabetes, a pressão arterial elevada contribui para acelerar sua evolução até as formas mais graves; é importante mantê-la controlada. No entanto, a prevenção do agravamento das complicações microvasculares do diabetes depende de um recurso fundamental: o rastreamento dos estágios iniciais. Isso ocorre porque existem medidas ou tratamentos que, quando aplicados precocemente, podem conter ou retardar a evolução para estágios mais graves, visando prevenir complicações como cegueira, necessidade de diálise ou amputações.
Nesta última aula do curso, vamos focar na prevenção do diabetes, detalhando as modalidades de rastreamento ativo dos estágios precoces, bem como as medidas a serem implementadas para evitar o avanço da doença.
Objetivos
Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de:
- Listar as principais complicações microvasculares que podem ocorrer em pessoas com diabetes.
- Compreender a importância do controle da glicemia e da pressão arterial, assim como do rastreamento ativo dos estágios iniciais, na prevenção dessas complicações.
- Conhecer os principais meios de prevenir ou frear a evolução para estágios mais avançados e graves dessas complicações.