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Módulo 2 | Aula 2 Cirurgia Bariátrica

Tópico 2

Tipos de cirurgia bariátrica e metabólica

As cirurgias diferenciam-se pelo mecanismo de funcionamento, existindo três procedimentos básicos em cirurgia bariátrica e metabólica, que são didaticamente divididos e classificados em:

Fonte: Freepik

São procedimentos que limitam a capacidade do estômago de receber alimentos, fazendo com que o paciente faça a ingestão de um volume de comida menor. Isso também induz a uma sensação de saciedade precoce, já que o paciente come menos e já se sente saciado.

São procedimentos que alteram pouco o tamanho e a capacidade do estômago em receber alimentos, contudo há uma alteração drástica na absorção dos alimentos no intestino delgado. Há um desvio no intestino que faz com que seja menor o tempo do alimento no trânsito pelo intestino delgado, diminuindo a capacidade de absorção dele, e assim induzindo ao emagrecimento. São cirurgias em que o paciente deve estar ciente da necessidade e da importância do controle dos micronutrientes (vitaminas).

São procedimentos que são restritivos e disabsortivos, no qual ocorre uma restrição na capacidade de receber o alimento pelo estômago, que se encontra pequeno, e possui um desvio curto do intestino com discreta má absorção de alimentos. São as cirurgias mais realizadas no Brasil e no mundo, sendo consideradas cirurgias de ouro, pois apresentam elevados índices de satisfação, excelente controle das doenças associadas e manutenção do peso perdido a longo prazo.

Saiba Mais

Técnicas de cirurgias bariátricas

Bypass gástrico, o cirurgião reduz o espaço para o alimento no estômago. Ao mesmo tempo, faz um desvio no intestino que aumenta a sua produção de hormônios da saciedade. Ao ingerir menos comida e se sentir mais saciada, a pessoa emagrece.

Bypass gástrico: o cirurgião reduz o espaço para o alimento no estômago. Aos mesmo tempo, faz um desvio no intestino que aumenta a sua produção de hormônios da saciedade. Ao ingerir menos comida e se sentir mais saciada, a pessoa emagrece.

Gastrectomia vertical, também chamada de cirurgia de Sleeve, nela o médico cirurgião transforma o estômago em uma espécie de tubo, com uma capacidade muito pequena.

Gastrectomia vertical: também chamada de cirurgia de Sleeve, nela o médico cirurgião transformao estômago em uma espécie de tubo, cpom uma capacidade muito pequena

Duodenal switch, além de transformar o estômago em um tubo, o cirurgião faz aquele desvio do intestino para aumentar a produção de hormônios da saciedade.

Duodenal switch: além de transformar o estômago em um tubo, o cirurgião faz aquele desvio do intestino para aumentar a produção dos hormônios da saciedade

Fonte: Guia para entender o tratamento com cirurgia bariátrica e metabólica (ABESO)

Vale ressaltar que a cirurgia bariátrica e metabólica pode ser feita por cirurgia aberta, por videolaparoscopia, robótica e mais atualmente por procedimento endoscópico, teoricamente menos invasivo, porém, mais confortável ao paciente.

Leitura
Complementar

Guia para entender o tratamento com cirurgia bariátrica e metabólica

Imagem do guia, na capa há uma mulher branca com cabelos castanhos, ela veste um top cinza e calças cinzas, está sorrindo e segurando um copo de água.
Fonte: ABESO

Sugerimos a leitura do E-book “Guia para entender o tratamento com cirurgia bariátrica e metabólica”, da Associação Brasileira para o estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

Critérios para realização da cirurgia bariátrica e metabólica

O Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 424, de 19 de março de 2013, traz as diretrizes gerais para o tratamento cirúrgico da obesidade, tendo como indicações para cirurgia bariátrica e metabólica:

  • Indivíduos que apresentem IMC >50 Kg/m2;
  • Indivíduos que apresentem IMC > 40 Kg/m², com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado, na Atenção Básica e/ou na Atenção Ambulatorial Especializada, por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos;
  • Indivíduos com IMC > 35 kg/m2 e com comorbidades, tais como pessoas com alto risco cardiovascular, Diabetes Mellitus e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos.

Os seguintes critérios devem ser observados:

  1. Indivíduos que não responderam ao tratamento clínico longitudinal, que inclui orientação e apoio para mudança de hábitos, realização de dieta, atenção psicológica, prescrição de atividade física e, se necessário, farmacoterapia, realizado na Atenção Básica e/ ou Atenção Ambulatorial Especializada por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos;
  2. Respeitar os limites clínicos de acordo com a idade. Nos jovens entre 16 e 18 anos, poderá ser indicado o tratamento cirúrgico naqueles que apresentarem o escore-Z maior que +4 na análise do IMC por idade, porém o tratamento cirúrgico não deve ser realizado antes da consolidação das epífises de crescimento. Portanto, a avaliação clínica do jovem necessita constar em prontuário e deve incluir: Análise da idade óssea e avaliação criteriosa do risco-benefício, realizada por equipe multiprofissional com participação de dois profissionais médicos especialistas na área. Nos adultos com idade acima de 65 anos, deve ser realizada avaliação individual por equipe multiprofissional, considerando a avaliação criteriosa do risco-benefício, risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento;
  3. O indivíduo e seus responsáveis devem compreender todos os aspectos do tratamento e assumirem o compromisso com o segmento pós-operatório, que deve ser mantido por tempo a ser determinado pela equipe;
  4. Compromisso consciente do paciente em participar de todas as etapas da programação, com avaliação pré-operatória rigorosa (psicológica, nutricional, clínica, cardiológica, endocrinológica, pulmonar, gastroenterológica e anestésica).
E quais são as contraindicações para cirurgia bariátrica e metabólica?

Cuidados pré e pós-operatórios da cirurgia bariátrica e metabólica

Figura ilustrativa de duas mulheres sentadas, a mulher que está do lado esquerdo veste uma blusa verde de mangas curtas e calças escuras, há uma planta ao seu lado, a mulher que está do lado direito veste uma blusa azul com mangas compridas e calças escuras, uma segura a mão da outra e há balões de conversa entre elas, mas a mulher que está do lado direito está com um balão com várias linhas emboladas em cima da cabeça.
Fonte: Freepik

O preparo pré-operatório visa diminuir os riscos da cirurgia, otimizar a segurança e melhorar os resultados metabólicos e outras comorbidades. Problemas de saúde preexistentes devem ser compensados da melhor forma possível, com a otimização das medidas necessárias, como ajuste de doses de medicamentos, dieta específica, fisioterapia e preparo psicológico. Nessa fase, também é obrigatório o preenchimento do documento de Consentimento Informado, no qual o paciente reconhece estar devidamente ciente sobre os benefícios e riscos da cirurgia.

No pós-operatório, além do acompanhamento nutricional, o acompanhamento psicológico é muito importante e deve ser sempre preventivo e educativo. É necessário considerar o aparecimento de novos fatores de estresse e ansiedade após a cirurgia. Além disso, o paciente pode criar expectativas que não serão atingidas, especialmente em relação à velocidade de melhora.

Em relação à alimentação, há uma série de etapas progressivas quanto à consistência, orientadas pelo nutricionista para favorecer a adaptação alimentar e a cicatrização do estômago e do intestino. Em todas elas, há necessidade de suplementação proteica.

Etapas progressivas em relação à alimentação do paciente no pós-operatório

Adaptação de imagem do E-book Guia para entender o tratamento com cirurgia bariátrica e metabólica.
Fonte: Guia para entender o tratamento com cirurgia bariátrica e metabólica (ABESO)

Na maioria das vezes, é necessária a reposição com suplementos e vitaminas devido às deficiências nutricionais que ocorrem tanto pela menor quantidade de alimentos ingeridos quanto pela diminuição da absorção dos nutrientes, quando é realizado o desvio intestinal.

Todas as técnicas cirúrgicas exigem que a pessoa faça suplementação e acompanhamento nutricional periódico para eventuais ajustes, sempre individualizados conforme a necessidade de cada um.

É fundamental que a alimentação seja a mais equilibrada possível e que, juntamente com ela, a suplementação seja usada de maneira correta.

Suplementação para pacientes pós-cirurgia bariátrica e metabólica.

Tabela azul com três colunas com os suplementos mais utilizados, polivitamínicos na forma de comprimidos, contendo zinco, cobre, folato, vitaminas A, E, K e C, Vitaminas B 12, B1 e B6, Cálcio, geralmente na forma de citrato de cálcio, Vitamina D, Suplementos de proteínas, como whey protein, leite em pó, albumina em pó e outros e ferro.

Fonte: Guia para entender o tratamento com cirurgia bariátrica e metabólica (ABESO)

O paciente com aderência ao acompanhamento pós-operatório poderá ser submetido à cirurgia plástica reparadora do abdômen, das mamas e de membros, conforme orientações para indicação de cirurgia plástica reparadora pós-cirurgia bariátrica e metabólica.

Benefícios da cirurgia bariátrica e metabólica

Os benefícios da cirurgia bariátrica e metabólica vão muito além da perda de peso. Há um melhor controle da glicemia, possibilidade de remissão de doenças associadas à obesidade e melhoria da qualidade de vida do paciente de forma geral.

Destacam-se aqui algumas doenças que melhoram após a cirurgia bariátrica e metabólica: diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia (níveis elevados de gordura no sangue), doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, angina, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, hipertensão), hérnia de disco, depressão, entre outras.