1) A atuação das editoras como gatekeepers de informação
As políticas editoriais das revistas científicas definem temas prioritários, formatos, critérios de cientificidade e qualidade. Em última instância, definem o que é publicável, quando, onde e como. Critica-se, por exemplo, que o seu critério de seleção dos artigos a serem publicados privilegie os experimentos “bem-sucedidos” em detrimento dos experimentos considerados “fracassados” - por não atingir o “resultado esperado”. Para alguns comentadores, esta escolha é prejudicial porque a atividade de pesquisa se caracteriza mais por tentativas e “erros” do que pelos “acertos”. Por isso, optar por publicar “o que deu certo” diminui drasticamente o volume de informação relevante disponível, estimulando a obsessão pela construção do “experimento perfeito”, a procrastinação para o compartilhamento de informação relevante e, em última análise, desencorajando a colaboração entre os pares.
Segundo a estimativa de Jean Claude Bradley (2013), proponente dos cadernos abertos de laboratório, 87% da sua produção científica não ultrapassaria os muros de seu laboratório por serem experimentos que classificados como “fracassados”, portanto, desprezíveis para publicação. As questões de fundo são: quem melhor do que a própria comunidade científica para definir o que é relevante? O quanto podemos aprender e avançar a partir dos “erros” em ciência?