A atenção primária salutogênica é orientada para a saúde integrada em seus processos centrais e adaptada às necessidades de seus usuários. Visa, de forma centrada na pessoa, capacitar a pessoa/usuário para que possam ter modos de vida e comportamentos saudáveis e, consequentemente, contribuir para melhorar sua saúde na vida cotidiana, especialmente a partir da ampliação dos níveis de Literacia para a Saúde.
Módulo 1 | Aula 2 Reflexões sobre a salutogênese no contexto da Atenção Primária à Saúde
Tópico 3
A aplicação da salutogênese na APS e a Literacia para Saúde (LS)
Conforme o Grupo de Trabalho sobre Salutogênese da União Internacional para Promoção e Educação da Saúde, da Sociedade de Pesquisa em Salutogênese e do Centro de Salutogênese da Universidade de Zurique (2022), a atenção primária salutogênica deve orientar-se por meio do SCO, pois a promoção da saúde pode se diferenciar entre a prática promotora da saúde - uma orientação salutogênica da organização da atenção primária e seus processos centrais - para a promoção da saúde na prática, com medidas salutogênicas únicas como complemento da atenção primária. A orientação salutogênica dos processos centrais da APS ainda está em processo de implantação, inclusive nos países europeus.
Para uma atenção primária salutogênica, faz-se fundamental integrar uma orientação salutogênica em seus processos centrais. Desenvolver um cenário promotor de saúde/salutogênico que se concentra na saúde integral dos usuários, dos familiares e da comunidade local, nos quais os fatores culturais devem ser observados nas comunidades e ambientes locais, pelas equipes de APS.
Conforme o Centro de Salutogênese da Universidade de Zurique (2022), o modelo salutogênico pode ser um recurso para compreender e usar como interação em diversas estratégias com os usuários, a equipe de saúde e as comunidades.
A salutogênese pode ser concebida como um processo de aprendizagem constante nos recursos de saúde, por meio da melhoria da Literacia para a Saúde, que demonstra melhor compreensão sobre a assistência à saúde. Ou seja, um dos recursos primordiais para lidar melhor com riscos à saúde e estressores na atenção primária salutogênica é a Literacia para a Saúde.
Saiba mais...
Para ampliar seus conhecimentos acerca da Literacia leia a entrevista Literacia para a Saúde:
Além disso, argumenta-se que a ampliação dos níveis de Literacia para a Saúde dos profissionais da saúde poderá contribuir para apoiar a compreensão e a capacidade de gerenciamento e a significância dos cuidados, a partir do senso de coerência dos usuários dos serviços de saúde. Resumindo, os cuidados primários salutogênicos podem ser vistos como cuidados compreensíveis, gerenciáveis e significativos para usuários, suas famílias, comunidade e equipe de saúde.
Esta informação pode ser apropriada pelo indivíduo com o desenvolvimento das suas capacidades de compreensão, influenciando o julgamento para tomar uma decisão. Esta avaliação é determinada pela capacidade de gestão e aproveitamento do conhecimento adquirido sobre a saúde e a vida cotidiana.
Esta aplicação é mediada pela capacidade de investimento que o indivíduo desenvolve na construção das suas opções de vida mais ou menos favoráveis à promoção da sua saúde. Nesta direção, identifica-se a ampliação dos níveis de LS, vista como consequência do acesso da pessoa à informação de saúde e seu uso ou aplicação.
A equipe de saúde deve estar capacitada para um trabalho interdisciplinar que permita uma perspectiva abrangente no cuidado dos usuários.
Os recursos e necessidades de saúde dos profissionais que atuam na APS também são percebidos como essenciais para a atenção primária salutogênica.
Do ponto de vista da saúde pública, a atenção primária salutogênica inclui ir além do individual, abordando a saúde da comunidade local e levando em consideração outros serviços sociais e de assistência à saúde relevantes. Portanto, a atenção primária salutogênica está em consonância com o sistema social, a equipe de saúde e os indivíduos, articulando para que todos sejam incluídos na rede social de atuação. (ROJATZ, et al., 2022).