Curso 1

Vacinação Covid‑19:
Protocolos e Procedimentos Técnicos

Módulo 3

Tópico 3

Aplicação da Vacina: preparo, cuidados e orientações

Cada imunobiológico demanda uma via específica para a sua administração a fim de manter a eficácia plena. A aplicação das vacinas Covid‑19 produzidas até o momento é por via parenteral intramuscular.

imagem de blocos A-Z
Via parental

A prescrição de agentes terapêuticos por meio de injeções parenterais data de 1890. Em seu sentido amplo, refere-se à administração de drogas ou nutrientes por qualquer via que não a oral e a intestinal. Em seu sentido restrito, refere-se à administração de drogas por via intradérmica, subcutânea, intramuscular, intravenosa, intraarterial, intra-óssea, intraperitoneal, intrapulmonar, intrapleural, intrapericárdica e intracardíaca

A velocidade da absorção se dá mais rápida e completa do que pela via oral ou intestinal. Sendo a absorção mais completa, pode-se determinar doses mais precisas e prever com maior segurança seus resultados. A especificidade de cada droga, o tipo de ação desejada (local ou geral) e a velocidade pretendida de absorção do medicamento determinam a escolha da via.

A administração de imunobiológicos (vacina) exige ações preparatórias e cuidados, entre os quais são padrão:

  • Verificar imunobiológico que será administrado e retirar o lote respectivo da câmara de refrigeração.
  • Higienizar as mãos antes e após o procedimento.
  • Examinar o produto, observando a aparência da solução, o estado da embalagem, o número do lote e o prazo de validade.
  • Observar a via de administração e a dosagem.
  • Mostrar ao usuário a vacina que será administrada, o lote e o prazo de validade.
  • Preparar o imunobiológico na presença do usuário.

Verificar e registrar o imunobiológico e o lote administrado em cada pessoa. Essa ação é imprescindível para monitorar o Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV).

Aplicação das vacinas para Covid‑19

As vacinas Covid‑19 são de aplicação intramuscular e, por isso, é preciso ficar atento para alguns aspectos dessa aplicação:

  • Na via intramuscular, o imunobiológico é introduzido no tecido muscular,sendo apropriado para a administração neste local, no máximo, o volume de 5 ml.
  • As regiões anatômicas selecionadas para injeção intramuscular devem estar distantes dos grandes nervos e vasos sanguíneos.
  • Esta via é utilizada para administração de volumes superiores a 1,5ml de soluções irritantes (aquosas ou oleosas).
  • A solução é introduzida dentro do corpo muscular.

Em pessoas com mais de 18 anos de idade, que serão o foco das etapas iniciais da vacinação contra Covid‑19, o músculo deltóide será o mais utilizado.

Administração da vacina no músculo deltoide

O deltóide é um músculo superficial, com espessura reduzida, tecido estriado e denso, fixado no terço lateral da clavícula. Por ser uma musculatura bem vascularizada é muito utilizada na aplicação de injeções e vacinas, pois apresenta absorção rápida da droga.

Para proceder à administração da vacina:

  • Posição da pessoa para vacinar: sentada ou deitada ou de pé com o antebraço flexionado sobre o tórax.
  • Localize o músculo deltóide e trace um triângulo imaginário com a base voltada para cima.
  • Meça quatro dedos abaixo do acrômio e introduza a agulha no centro do triângulo com a seringa em 90°.
  • Calibre da agulha/tipo de pessoa: Agulhas de uso mais frequente em adultos calibre 25 x 7 ou 25x 8 (adulto obeso calibre 30 x 7 ou 30 x 8).

Na administração de vacina não é realizada a aspiração após introdução da agulha no músculo antes de administrar o imunobiológico.

Quando não for possível a aplicação da vacina no músculo deltóide, selecione outro músculo, preferencialmente região dorsoglútea vasto lateral da coxa, seguindo as Orientações quanto a aplicação de vacina intramuscular e a não indicação de aspiração, do Ministério da Saúde.

Para um resultado eficaz esperado, é imprescindível seguir alguns cuidados gerais para a administração em via intramuscular:

  • Higienizar as mãos;
  • Conferir o imunobiológico a ser administrado;
  • Preparar a vacina ( movimentos rotatórios com o frasco antes de aspirar a dose para homogeneização da solução, evitando,eventos adversos locais mais intensos, principalmente em razão da presença do hidróxido de alumínio utilizado como adjuvante em algumas vacinas);
  • Limpar a pele da pessoa a ser vacinada com algodão seco;
  • Introduzir a agulha em ângulo reto;
  • Injetar o imunobiológico lentamente;
  • Retirar a agulha em movimento único e firme;
  • Fazer leve compressão no local com algodão seco;
  • Observar a ocorrência de eventos adversos imediatos pós-vacinação
  • Desprezar a seringa e agulha utilizadas na caixa coletora de material perfurocortante
  • Higienizar as mãos ao fim de cada aplicação

Algumas ações que podem prevenir complicações na aplicação intramuscular:

  • Selecionar o melhor local (músculo) para aplicação, de acordo com características da pessoa e do imunobiológico.
  • Conhecer os marcos anatômicos para seleção do sítio de aplicação em cada músculo.
  • Seguir rigorosamente as normas e procedimentos para o preparo da vacina a ser aplicada.

Coadministração (administração simultânea com outras vacinas)

É improvável que a administração simultânea com as demais vacinas do calendário vacinal incorra em redução da resposta imune ou risco aumentado de eventos adversos. No entanto, considerando à limitação dos dados de segurança e eficácia sobre as vacinas COVID-19 conhecidos até então, e visando um melhor monitoramento de eventos adversos pós-vacinação, neste momento, não se recomenda a administração simultânea com as demais vacinas do calendário vacinal.

Nesse sentido, preconiza-se um INTERVALO MÍNIMO de 14 DIAS entre as vacinas COVID-19 e as diferentes vacinas do Calendário Nacional de Vacinação.

Exceções a essa recomendação são justificáveis quando se considerar que os benefícios da vacinação superam os potenciais riscos desconhecidos da coadministração em intervalos menores, como em situações de urgência (p.ex., imunoprofilaxia para tétano no manejo de feridas em um indivíduo suscetível, administração de soros antiofídicos após acidente, profilaxia pós-exposição da raiva humana, para controle de surtos de sarampo ou de hepatite A).

Intercambialidade

Indivíduos que iniciaram a vacinação contra a covid-19 deverão completar o esquema com a mesma vacina. Os casos que, porventura, venham a ser vacinados de maneira inadvertida com 2 vacinas diferentes, deverão ser notificados como um erro de imunização no e-SUS Notifica (https://notifica.saude.gov.br) e serem acompanhados com relação ao desenvolvimento de eventos adversos e falhas vacinais. Neste momento, não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas COVID-19 e nem reinício do esquema vacinal.

Sobre erro de imunização

É considerado erro de imunização qualquer evento evitável causado pelo uso inapropriado de medicamentos incluindo prescrição, orientação verbal, manipulação, dispensação, administração.

Os erros de imunização, consequentes de atitudes ou procedimentos não cumpridos conforme estabelecidos nas normas, por si só ou em conjunto, podem causar redução ou falta do efeito esperado e eventos adversos graves e até fatais. Pode, inclusive, interferir na confiança da população e consequentemente nas coberturas vacinais e no controle das doenças imunopreveníveis.

Os erros mais comuns são:

  • Erro da via de aplicação
  • Erro na reconstituição de vacinas
  • Administração de vacina fora do prazo de validade
  • Erro no volume a ser administrado

É obrigatório registrar os erros de imunização no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI).

Sistemas de Registros: SI-PNI e E-SUS

O registro da vacina é importante por vários motivos. Para a pessoa, é o documento, a prova de sua vacinação. Para o sistema de saúde monitora a cobertura vacinal, auxilia no planejamento logístico e ainda fornece informação importante para estabelecer a efetividade e segurança da vacina.

Como a maior parte das vacinas atualmente disponíveis contra a Covid‑19 requerem aplicação de duas doses, os registros também são úteis para que as equipes possam fazer a busca ativa de pessoas que não completaram o esquema vacinal.

De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid‑19, o registro de dose aplicada na campanha nacional será individualizado, nominal incluído no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), em todos os pontos de vacinação. O registro será feito direto pelo SI-PNI ou pela coleta manual de informações.

O registro da aplicação, dos erros de imunização e dos Eventos Adversos no no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações são fundamentais para a Vigilância Pós Vacinação.