Curso 1

Vacinação Covid‑19:
Protocolos e Procedimentos Técnicos

Módulo 1

Tópico 2

Um pouco de história

As vacinas têm uma história que começou no final do século 18. A partir do final do século 19, as vacinas puderam ser desenvolvidas em laboratório. No entanto, no século 20, tornou-se possível desenvolver vacinas baseadas em marcadores imunológicos. No século 21, a biologia molecular permite o desenvolvimento de vacinas que antes não eram possíveis.

Um dos capítulos mais brilhantes da história da ciência é o impacto das vacinas na longevidade e na saúde humana. A Organização Mundial de Saúde destaca as vacinas como uma das intervenções de saúde pública mais efetivas, em termos de vidas salvas e benefícios econômicos.

História das vacinas

Você pode ver a linha a tempo das vacinas na página A História das Vacinas (em inglês), criada pelo Colégio de Médicos da Filadélfia, nos Estados Unidos.

Na mesma época, a variolação se estabeleceu em algumas partes da África e começou a ganhar terreno na Europa. A prática se espalhou rapidamente na Inglaterra e também se tornou popular nos Estados Unidos, onde ficou claro que indivíduos variolados sofriam menos durante as epidemias.

No final do século 18, induzir imunidade contra a varíola por meio da variolação havia se tornado relativamente comum entre europeus abastados. No entanto, a prática era imperfeita e às vezes perigosa. Era necessário um método de inoculação mais seguro e eficaz, bem como uma compreensão científica mais profunda dos mecanismos imunológicos subjacentes a esse fenômeno.

Jenner e a vacina contra a varíola

No século XVII a varíola matava cerca de 400 mil pessoas por ano. Em 1789, o médico inglês Edward Jenner (1749-1824) começou a observar que as pessoas que ordenhavam vacas não contraíam a varíola, desde que tivessem adquirido forma animal da doença. Em 1796, Jenner extraiu o pus da mão de uma ordenhadora que havia contraído a varíola bovina e o inoculou em um menino saudável.

Ele, então, expôs repetidamente o menino à varíola. Sua teoria era que seu jovem ficaria imune à varíola após a inoculação. Foi um procedimento radical e arriscado, improvável de ser aprovado nos comitês de ética em pesquisas atuais - e que poderia ter matado o menino. Mas funcionou!

Essa pequena vitória encorajou o médico a estender seus estudos, o que resultou em um relatório que provou que sua vacina era segura em crianças e adultos. Estabelecido e comprovado o princípio da vacinação, o passo seguinte foi a aplicação desse novo método a outras doenças. Jenner, o pai fundador da imunização, abriu um novo ramo da ciência, mas caberia a uma nova geração de pensadores inovadores impulsionar a vacinação.

Observações empíricas subsequentes no século 19 observaram que patógenos com virulência reduzida e até bactérias patogênicas mortas também agiam como vacinas. Essa descoberta permitiu o desenvolvimento de vacinas de patógenos totais atenuadas e inativadas, iniciadas pelo trabalho de Louis Pasteur e Robert Koch.

Após a descoberta de Jenner, foi Louis Pasteur que avançou na imunização. Em 1879, ele produziu a primeira vacina desenvolvida em laboratório como parte de seus esforços para imunizar contra o cólera das galinhas. Os esforços de Pasteur para entender os mecanismos por trás de infecções mortais, como raiva ou antraz, acabaram levando-o a desenvolver vacinas contra ambos na década de 1880.

Devido a estes avanços, a vacinação ganhou atenção e tornou-se uma questão de prestígio, com as leis de vacinação obrigatória implementadas no final do século XIX, ao redor do mundo.

O anúncio da erradicação da varíola foi realizado na Assembléia Mundial da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 8 de maio de 1979. Capa da edição da Revista da OMS, em maio de 1980

Fonte: Agência Fiocruz

Durante o século 20, várias vacinas bem sucedidas foram introduzidas (contra difteria, sarampo, caxumba e rubéola), mas o grande destaque resultou do desenvolvimento da vacina contra a poliomielite (década de 1950) e da erradicação da varíola (1960 - 1970).

O desenvolvimento de novas vacinas caminhou lado a lado com os ciclos de inovação na ciência. Foram as novas descobertas científicas e tecnologias das últimas décadas que levaram a um avanço mais rápido na biologia molecular, virologia e vacinologia.

A realização de campanhas de vacinação em massa fez com que, dois séculos depois da descoberta, a varíola fosse a primeira doença erradicada do mundo por causa de uma vacina. O último caso de varíola notificado no Brasil foi em 1971 e, no mundo, em 1977 na Somália.


História das Vacinas no Brasil

As vacinas transformaram a saúde pública, principalmente após o estabelecimento de programas nacionais de imunização na década de 1960. Ao lado da água potável, as vacinas são a maior conquista de saúde pública mundial.

O Brasil tem uma longa experiência no enfrentamento de doenças infecciosas por meio de imunização. As primeiras tentativas reportadas remetem ao século XIX, nos períodos Colonial e Imperial, quando houve iniciativas pontuais de vacinação contra a varíola, porém sob grande resistência.

No início do século XX, são bem documentadas as campanhas de vacinação promovidas por Oswaldo Cruz, principalmente para o controle da varíola e da febre amarela.

A Fundação Oswaldo Cruz (instituição federal vinculada ao Ministério da Saúde, que completou 120 anos em 2020) e o Instituto Butantan (instituição centenária ligada ao governo do estado de São Paulo) foram fundamentais para o desenvolvimento da capacidade nacional de produção de vacinas no país. Isso foi fundamental para viabilizar a disponibilidade de vacinas para a população brasileira ao longo das décadas, favorecendo o controle de numerosas doenças infecciosas, com redução de incidência e mortalidade.

Em 1973 foi formulado o Programa Nacional de Imunizações - PNI, por determinação do Ministério da Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam, até então, pela descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura.