Capa do curso de PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO DE RISCO À INFECÇÃO PELO HIV (PrEP) Oral

Módulo 3 | Aula 1

Análise de situações especiais da PrEP

Existem algumas situações especiais para o acompanhamento de PrEP:

  • Ser adolescente ou jovem (<25 anos)
  • Estar grávida e/ou amamentando
  • Fazer uso de anticoncepcionais hormonais
  • Apresentar creatinina sérica elevada durante o uso da PrEP
  • Ter hepatite B
  • Soroconverter para HIV após o início da PrEP
  • Consumir álcool e outras drogas

Vamos ver como fica a oferta de PrEP para cada um desses casos listados acima.

Adolescentes ou jovens menores de 25 anos

Jovens abraçados
Fonte: Freepik

A PrEP oral pode ser indicada para pessoas acima de 15 anos e 35 kg ou mais e não é necessário o consentimento dos pais e/ou responsáveis, desde que a pessoa tenha compreensão da profilaxia e seu acompanhamento.

Para os(as) usuários(as) com indicação de PrEP sob demanda, verificar a capacidade de compreensão do esquema.

Vale destacar que deve ser garantido no Sistema Único de Saúde o acesso a serviços, orientações e consultas de saúde para os adolescentes sem a necessidade de presença e autorização de pais, mães ou responsáveis, com direito à privacidade e sigilo.

Saiba mais

SAIBA MAIS

Para mais informações, acesse a Nota Técnica Nº 498/2022 - CGAHV/DCCI/SVS/MS que trata sobre o acesso à Profilaxia Pré-Exposição de risco à infecção pelo HIV para adolescentes a partir de 15 anos, com peso corporal igual ou maior a 35kg, que apresentem potencial risco para infecção por via sexual pelo HIV.

Os usuários podem se beneficiar com:

  • Consultas de acompanhamento mais frequentes e utilização de meios remotos de acompanhamento (lembretes por mensagens de celular ou teleatendimento).
  • Horário de atendimento flexível.
  • Profissionais de saúde acessíveis e abordagem sem julgamento.
  • Informações sobre dúvidas e receios sobre a experiência sexual.
  • Acesso a serviços adicionais, como testes de gravidez, contracepção, saúde mental, uso de substâncias e apoio social.

Gravidez e/ou amamentação

Mulher amamentando
Fonte: Freepik

O risco de aquisição do HIV aumenta durante a gestação, assim como também é maior o risco de transmissão vertical do HIV quando a gestante se infecta durante a gravidez ou durante o aleitamento do recém-nascido.

Portanto, informe a pessoa sobre os benefícios de continuar usando a PrEP em caso de gravidez ou amamentação.

Os medicamentos nos esquemas da PrEP são seguros para uso na gestação e durante a amamentação.

A PrEP não apresenta risco com relação aos desfechos da gravidez e essas pessoas podem se beneficiar especialmente da PrEP, como forma de prevenção da transmissão vertical do HIV.

Uso de anticoncepcionais hormonais ou hormônios utilizados por pessoas trans

Pessoa trans
Fonte: Freepik

Os medicamentos usados na PrEP não interagem com anticoncepcionais hormonais, independentemente do método anticoncepcional ser oral, injetável ou implantável.

Eles são seguros e eficazes para o HIV em pessoas que usam contraceptivos hormonais.

Não existe contraindicação ao uso concomitante de PrEP e hormônios em pessoas trans, porém homens trans, pessoas não binárias designadas como sexo feminino ao nascer, e mulheres trans e travestis em uso de hormônios à base de estradiol devem utilizar somente a modalidade de PrEP diária.

Creatinina sérica elevada durante o uso da PrEP

Tomar PrEP pode resultar em elevações da creatinina no sangue em 1 a cada 200 pessoas, pois os rins de algumas pessoas podem não processar suficientemente a PrEP e remover a creatinina do sangue através da urina.

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Um nível elevado de creatinina é definido como um aumento de 50% acima da linha de base ou uma elevação acima da faixa normal.

Os rins processam os medicamentos da PrEP e são responsáveis pela remoção da creatinina do sangue. Algumas pessoas podem desenvolver níveis elevados de creatinina sérica durante o uso da PrEP.

A descontinuação da PrEP geralmente é suficiente para restaurar a função renal basal. Causas adicionais e manejo de elevações de creatinina sérica devem ser considerados, especialmente se ocorrer qualquer um dos seguintes:

Nesses casos, considere causas conhecidas de insuficiência renal crônica ou grave, que são raras em populações que usam PrEP (por exemplo, diabetes, pressão alta descontrolada, infecção pelo vírus da hepatite C (HCV), insuficiência hepática por qualquer causa e pré-eclâmpsia durante a gravidez).

Depois de interromper a PrEP, verifique novamente a creatinina sérica e clearance da creatinina e reinicie a PrEP se o clearance da creatinina tiver retornado a ≥60 mL/min. Considere interromper a PrEP se a amostra de sangue de um usuário que reiniciou a profilaxia mantiver:

  • Uma elevação da creatinina sérica e
  • Diminuição do clearance da creatinina (<60 mL/min)

Os aumentos de creatinina associados ao início da PrEP geralmente são corrigidos após a descontinuação da PrEP e não retornam após o reinício subsequente.

Aproximadamente 80% dos aumentos de creatinina sérica se resolvem sozinhas, sem a necessidade de interromper a PrEP. Elevações transitórias na creatinina podem ser devido à desidratação, exercício ou dieta.

Avalie sempre o uso de suplementos de academia, como a creatina.

Ter hepatite B

Para pessoas com infecção crônica por Hepatite B, sem indicação de tratamento específico, há um baixo risco de reativação inflamatória hepática grave (hepatite fulminante) com o uso e interrupção da PrEP, seja ela diária ou sob demanda. Dessa forma, recomenda-se uma avaliação individual entre o risco de se infectar pelo HIV e o benefício do uso da PrEP, visto que a chance de ocorrer hepatite fulminante é considerada baixa.

Nos casos em que se considera indicada a PrEP, recomenda-se preferencialmente a PrEP oral diária, pela possibilidade de indução de resistência do vírus da Hepatite B ao tenofovir com uso intermitente do mesmo.

Pessoas com infecção por hepatite B que estão considerando iniciar a PrEP devem fazer testes de AST e ALT, e devem ser avaliados quanto a sinais de doença hepática. Já os usuários com fibrose hepática que iniciam e interrompem a PrEP podem apresentar uma exacerbação da hepatite.

As pessoas candidatas à PrEP com diagnóstico de hepatite viral B crônica devem ser referenciadas para avaliação e acompanhamento específico.

Saiba mais

O que acontece se alguém que está tomando PrEP e tem hepatite B, interromper a PrEP?

É importante avaliar a indicação de tratamento para Hepatite B quando se aventa a possibilidade de interrupção de PrEP, com monitoramento de uma possível reativação do HBV e crises hepáticas. Os(as) usuários(as) de PrEP com infecção crônica para Hepatite B devem ser informados sobre os riscos, para ciência no caso de uma interrupção por conta própria e também para que possa sinalizar ou recorrer aos serviços em caso de sintomas sugestivos de reativação da hepatite.

Soroconversão após o início da PrEP

Em geral, a soroconversão ocorre quando:

Se o(a) usuário(a) da PrEP testar positivo/reagente para HIV, confirme o diagnóstico de HIV com uma segunda amostra de sangue. O(a) usuário(a) com suspeita de soroconversão para o HIV deve ser encaminhado(a) a um serviço de referência, realizar exames de carga viral e genotipagem e, após a coleta desses exames, iniciar TARV o mais brevemente possível, mesmo que de maneira preemptiva, até a confirmação diagnóstica.

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SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o tema, faça o download do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV no site GOV.COM

Consumo de álcool e outras drogas

Pessoa consumindo álcool
Fonte: Freepik

O uso de álcool e outras drogas recreativas, como cocaína e metanfetaminas, não reduzem a eficácia da PrEP, mas podem prejudicar a adesão ao uso do medicamento.

É importante a abordagem também com relação à prática do Chemsex: prática sexual sob a influência de drogas psicoativas (metanfetaminas, gama-hidroxibutirato – GHB, MDMA, cocaína, poppers) com a finalidade de melhorar ou facilitar as experiências sexuais.

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