Módulo 3 | Aula 1
Existem algumas situações especiais para o acompanhamento de PrEP:
Vamos ver como fica a oferta de PrEP para cada um desses casos listados acima.
A PrEP oral pode ser indicada para pessoas acima de 15 anos e 35 kg ou mais e não é necessário o consentimento dos pais e/ou responsáveis, desde que a pessoa tenha compreensão da profilaxia e seu acompanhamento.
Para os(as) usuários(as) com indicação de PrEP sob demanda, verificar a capacidade de compreensão do esquema.
Vale destacar que deve ser garantido no Sistema Único de Saúde o acesso a serviços, orientações e consultas de saúde para os adolescentes sem a necessidade de presença e autorização de pais, mães ou responsáveis, com direito à privacidade e sigilo.
Para mais informações, acesse a Nota Técnica Nº 498/2022 - CGAHV/DCCI/SVS/MS que trata sobre o acesso à Profilaxia Pré-Exposição de risco à infecção pelo HIV para adolescentes a partir de 15 anos, com peso corporal igual ou maior a 35kg, que apresentem potencial risco para infecção por via sexual pelo HIV.
Os usuários podem se beneficiar com:
O risco de aquisição do HIV aumenta durante a gestação, assim como também é maior o risco de transmissão vertical do HIV quando a gestante se infecta durante a gravidez ou durante o aleitamento do recém-nascido.
Portanto, informe a pessoa sobre os benefícios de continuar usando a PrEP em caso de gravidez ou amamentação.
Os medicamentos nos esquemas da PrEP são seguros para uso na gestação e durante a amamentação.
A PrEP não apresenta risco com relação aos desfechos da gravidez e essas pessoas podem se beneficiar especialmente da PrEP, como forma de prevenção da transmissão vertical do HIV.
Os medicamentos usados na PrEP não interagem com anticoncepcionais hormonais, independentemente do método anticoncepcional ser oral, injetável ou implantável.
Eles são seguros e eficazes para o HIV em pessoas que usam contraceptivos hormonais.
Não existe contraindicação ao uso concomitante de PrEP e hormônios em pessoas trans, porém homens trans, pessoas não binárias designadas como sexo feminino ao nascer, e mulheres trans e travestis em uso de hormônios à base de estradiol devem utilizar somente a modalidade de PrEP diária.
Tomar PrEP pode resultar em elevações da creatinina no sangue em 1 a cada 200 pessoas, pois os rins de algumas pessoas podem não processar suficientemente a PrEP e remover a creatinina do sangue através da urina.
Um nível elevado de creatinina é definido como um aumento de 50% acima da linha de base ou uma elevação acima da faixa normal.
Os rins processam os medicamentos da PrEP e são responsáveis pela remoção da creatinina do sangue. Algumas pessoas podem desenvolver níveis elevados de creatinina sérica durante o uso da PrEP.
A descontinuação da PrEP geralmente é suficiente para restaurar a função renal basal. Causas adicionais e manejo de elevações de creatinina sérica devem ser considerados, especialmente se ocorrer qualquer um dos seguintes:
Elevações da creatinina sérica superiores a 1,5 vezes o limite superior do normal.
Creatinina sérica elevada ou clearance de creatinina diminuída não retornam aos níveis normais dentro de três meses após a interrupção da PrEP.
Resultados anormais de creatinina ≥1 mês após a interrupção da PrEP.
Nesses casos, considere causas conhecidas de insuficiência renal crônica ou grave, que são raras em populações que usam PrEP (por exemplo, diabetes, pressão alta descontrolada, infecção pelo vírus da hepatite C (HCV), insuficiência hepática por qualquer causa e pré-eclâmpsia durante a gravidez).
Depois de interromper a PrEP, verifique novamente a creatinina sérica e clearance da creatinina e reinicie a PrEP se o clearance da creatinina tiver retornado a ≥60 mL/min. Considere interromper a PrEP se a amostra de sangue de um usuário que reiniciou a profilaxia mantiver:
Os aumentos de creatinina associados ao início da PrEP geralmente são corrigidos após a descontinuação da PrEP e não retornam após o reinício subsequente.
Aproximadamente 80% dos aumentos de creatinina sérica se resolvem sozinhas, sem a necessidade de interromper a PrEP. Elevações transitórias na creatinina podem ser devido à desidratação, exercício ou dieta.
Avalie sempre o uso de suplementos de academia, como a creatina.
Para pessoas com infecção crônica por Hepatite B, sem indicação de tratamento específico, há um baixo risco de reativação inflamatória hepática grave (hepatite fulminante) com o uso e interrupção da PrEP, seja ela diária ou sob demanda. Dessa forma, recomenda-se uma avaliação individual entre o risco de se infectar pelo HIV e o benefício do uso da PrEP, visto que a chance de ocorrer hepatite fulminante é considerada baixa.
Nos casos em que se considera indicada a PrEP, recomenda-se preferencialmente a PrEP oral diária, pela possibilidade de indução de resistência do vírus da Hepatite B ao tenofovir com uso intermitente do mesmo.
Pessoas com infecção por hepatite B que estão considerando iniciar a PrEP devem fazer testes de AST e ALT, e devem ser avaliados quanto a sinais de doença hepática. Já os usuários com fibrose hepática que iniciam e interrompem a PrEP podem apresentar uma exacerbação da hepatite.
As pessoas candidatas à PrEP com diagnóstico de hepatite viral B crônica devem ser referenciadas para avaliação e acompanhamento específico.
O que acontece se alguém que está tomando PrEP e tem hepatite B, interromper a PrEP?
É importante avaliar a indicação de tratamento para Hepatite B quando se aventa a possibilidade de interrupção de PrEP, com monitoramento de uma possível reativação do HBV e crises hepáticas. Os(as) usuários(as) de PrEP com infecção crônica para Hepatite B devem ser informados sobre os riscos, para ciência no caso de uma interrupção por conta própria e também para que possa sinalizar ou recorrer aos serviços em caso de sintomas sugestivos de reativação da hepatite.
Em geral, a soroconversão ocorre quando:
A pessoa já estava com HIV antes de iniciar a PrEP, em período de janela imunológica.
A pessoa recebeu PrEP, mas não usou ou usou de forma irregular e, consequentemente, contraiu o HIV.
Em casos mais raros, a pessoa tomou PrEP regularmente todos os dias e ainda contraiu HIV, especialmente se a cepa do HIV mostrou resistência a um medicamento da PrEP.
Se o(a) usuário(a) da PrEP testar positivo/reagente para HIV, confirme o diagnóstico de HIV com uma segunda amostra de sangue. O(a) usuário(a) com suspeita de soroconversão para o HIV deve ser encaminhado(a) a um serviço de referência, realizar exames de carga viral e genotipagem e, após a coleta desses exames, iniciar TARV o mais brevemente possível, mesmo que de maneira preemptiva, até a confirmação diagnóstica.
Para saber mais sobre o tema, faça o download do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV no site GOV.COM
O uso de álcool e outras drogas recreativas, como cocaína e metanfetaminas, não reduzem a eficácia da PrEP, mas podem prejudicar a adesão ao uso do medicamento.
É importante a abordagem também com relação à prática do Chemsex: prática sexual sob a influência de drogas psicoativas (metanfetaminas, gama-hidroxibutirato – GHB, MDMA, cocaína, poppers) com a finalidade de melhorar ou facilitar as experiências sexuais.