Módulo 4 | Aula 3 Programas de saúde e o protagonismo dos Agentes Indígenas na garantia da atenção diferenciada

Tópico 9

Protagonismo dos agentes indígenas de saúde na garantia da atenção diferenciada

Foto de duas agentes indígenas de saúde Munduruku, fazendo visita domiciliar na aldeia Kwatá, Amazonas. Elas vestem camisas brancas e abraçam uma idosa indígena que está sentada em uma cadeira do lado de fora de sua casa.
Agentes Indígenas de Saúde Munduruku, fazendo visita domiciliar. Aldeia Kwatá, Amazonas.
Foto: Daniel Scopel, 2011.

Os Agentes Indígenas de Saúde (AIS), os Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN) e os Agentes Indígenas Microscopistas (AIM) são profissionais importantes da equipe multidisciplinar de saúde, principalmente por serem indígenas, falantes da língua materna e conhecerem a realidade local e morarem na comunidade.

Os Agentes Indígenas de Saúde (AIS) são fundamentais para a efetivação da atenção diferenciada no território.

1993

Foi na II Conferência Nacional de Saúde dos Povos Indígenas, em 1993, que houve a solicitação para o Ministério da Saúde reconhecer o AIS como uma categoria profissional.


Em 1996, foi atribuído a esses profissionais um papel-chave no cuidado da população indígena a partir da promoção à saúde baseada no respeito e na articulação com os saberes indígenas.

1996

1999

A partir de 1999, o papel do AIS foi institucionalizado possibilitando a criação de cargos assalariados para os membros das comunidades e a presença recorrente de profissionais da saúde nas aldeias. A PNASPI afirma que o AIS deve ser membro da comunidade onde irá atuar e deve ser eleito por ela, atuando na APS. Além disso, é importante que esses trabalhadores tenham acesso a capacitações contínuas e diferenciadas.

(DIEHL, LANGDON e DIAS-SCOPEL, 2012; BRASIL, 2002, PONTES, 2013; GARNELO, SAMPAIO e PONTES, 2019; LANGDON et al., 2006).

Os AIS têm como atribuições:

  • a execução de atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde voltadas à população indígena, que podem ser desenvolvidas por meio de ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas;
  • organização e planejamento do trabalho;
  • vigilância em saúde;
  • realização de primeiros socorros e
  • mobilização social para participação no acompanhamento, planejamento e avaliação de ações e políticas de saúde (PL, 2019).
Saiba mais...

Está em andamento, desde 2021, o Projeto de Lei 3514/19, de autoria da deputada federal Joenia Wapichana - REDE/RR, que regulamenta as profissões de Agente Indígena de Saúde (AIS) e de Agente Indígena de Saneamento (Aisan), no âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). Esse PL é importante para o reconhecimento dos AIS e AISAN como profissionais de saúde com as mesmas prerrogativas que os Agentes Comunitários de Saúde. Atualmente, este Projeto de Lei está aguardando parecer do Relator na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF). É importante acompanhar este PL, pois o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, em Janeiro de 2023, o Projeto de Lei 1802/19 que classifica os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias como profissionais de saúde, garantindo direitos trabalhistas importantes. Fonte: Agência Câmara de Notícias

Além dos AIS, os Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN) também são profissionais indígenas, moradores da comunidade, e superimportantes para a equipe de saúde.

As atribuições dos AISAN também devem ser desenvolvidas por meio de ações coletivas ou individuais. Eles são responsáveis por atividades referentes, especificamente, ao saneamento básico e ambiental com objetivo de prevenção de doenças e promoção da saúde.

Dentre as funções do AISAN podemos citar:

Produzir e analisar informações voltadas para o saneamento;

Desenvolver estratégias e ações de educação, comunicação e mobilização social referente ao saneamento básico e ambiental.

(PL, 2019)

Os agentes indígenas são, portanto, os profissionais mais importantes da equipe e precisam ser valorizados. Costumam receber apenas um salário mínimo, sem estímulo para formação profissional, não tendo direito a nenhum descanso, nem aos finais de semana, nem feriados, por morarem onde trabalham.

A opinião, a participação e a presença destes profissionais nos espaços de controle social são fundamentais para a efetivação da atenção diferenciada na saúde indígena!