Módulo 4 | Aula 3 Programas de saúde e o protagonismo dos Agentes Indígenas na garantia da atenção diferenciada
Programa HiperDia
As doenças crônicas não transmissíveis como diabetes mellitus, hipertensão arterial, obesidade, câncer e doenças no coração têm crescido cada vez mais no Brasil, entre os não indígenas e entre os indígenas.
O Diabetes e a Hipertensão são um grave problema de saúde pública e não param de crescer entre diversos povos em todo o país.
Existem poucos dados nacionais que trazem esses números, mas o I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, realizado entre 2008 e 2009, pesquisou, além das crianças, 6.707 mulheres indígenas em idade fértil (ou seja, entre 14 e 50 anos), e encontrou um total de 30,2% de sobrepeso e 15,7% de obesidade. Ou seja, quase metade das mulheres pesquisadas estavam com excesso de peso!
O excesso de peso está associado a doenças crônicas, pois aumenta as chances de desenvolver diabetes e hipertensão.
Pesquisas feitas em alguns lugares do país apontam um cenário bem grave dessas doenças entre os povos indígenas. Pesquisa que avaliou indígenas adultos do povo Xavante, por exemplo, encontrou 85,9% das mulheres e 84,7% dos homens com excesso de peso, e a síndrome metabólica (conjunto de várias doenças crônicas ao mesmo tempo) esteve presente em 66,1% deles. Esta pesquisa encontrou também 70,2% das mulheres e 46,8% dos homens com diabetes ou tolerância diminuída à glicose, e 10,4% com elevado risco cardiovascular.
Outra pesquisa com alguns adultos do povo Krenak em Minas Gerais, encontrou 31,2% de hipertensão arterial, 75% de excesso de peso e 57% de obesidade abdominal. Entre as mulheres Guarani, Kaiowá e Terena do Mato Grosso do Sul, que viviam na Reserva Indígena de Dourados em 2016, um estudo encontrou 40,3% de sobrepeso, 30,9% de obesidade, 57,7% com risco muito alto para doenças cardiovasculares e 37,7% com hipertensão arterial
O Programa HiperDia foi criado pela Portaria nº 37, de 04 de março de 2002 e tem como principais objetivos:
- implantar o cadastramento dos portadores de hipertensão e de diabetes;
- ofertar de maneira contínua para a rede básica de saúde os medicamentos para hipertensão: hidroclorotiazida 25 mg, propanolol 40 mg e captopril 25 mg e diabetes: metformina 850 mg, glibenclamida 5 mg e insulina, definidos e propostos pelo Ministério da Saúde;
- acompanhar e avaliar os impactos na morbimortalidade para estas doenças decorrentes da implementação do Programa Nacional.
Na prática, as ações deste Programa para a saúde indígena devem envolver toda a equipe de saúde, tanto no diagnóstico e acompanhamento dos(as) usuários(as), quanto na melhora da saúde destas pessoas.
Além de diagnosticar e acompanhar, o Programa também pode e deve aproveitar os encontros com os usuários para incluir educação em saúde para todos, principalmente conversando com a comunidade sobre a alimentação, alimentos que aumentam a pressão arterial, como aqueles ricos em sódio, por exemplo, e orientar os usuários sobre como, por meio da alimentação, podem cuidar dessas doenças.
Na sua comunidade, como são acompanhados os usuários com hipertensão arterial e com diabetes? Existem cuidados tradicionais realizados para evitar ou tratar essas doenças?
Para ler a Portaria que cria o Programa HiperDia na íntegra, clique no link abaixo:
O acesso a estas Políticas e Programas de saúde é um direito seu e de sua família e um dever do SasiSUS ofertá-los constantemente!
Para finalizar esta aula, vamos retomar a participação social dos Agentes Indígenas de Saúde, pois na maioria das vezes quem está à frente das ações de saúde, do acompanhamento dos usuários e da detecção de problemas de saúde são os Agentes Indígenas de Saúde.