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Mpox: Vigilância, Informação e Educação em Saúde

MÓDULO 1 | AULA 3 Tratamento e prevenção

Tópico 2

Medidas de prevenção e controle da infecção

A prevenção da Mpox deve ser realizada a partir de uma combinação de medidas de controle e de estratégias de conscientização da população sobre os fatores de risco para a transmissão do Orthopoxvirus monkeypox. Além disso, a vigilância epidemiológica e o monitoramento dos casos, incluindo o diagnóstico precoce, são essenciais para a contenção de surtos.

Como visto anteriormente, uma das principais formas de transmissão decorre do contato direto pessoa a pessoa, a partir do contato com as lesões cutâneas ou com secreções respiratórias.

Dessa forma, indivíduos que tenham contato com casos suspeitos ou confirmados de Mpox, como familiares e cuidadores, devem:

Higienização das mãos

Realizar constantemente a higienização das mãos com água e sabão e antissepsia com álcool 70%.

Uso de máscara

Utilizar máscara, preferencialmente do tipo cirúrgica, realizando a sua troca toda vez que estiver úmida ou danificada.

Evitar contato íntimo

Quando possível, evitar contato íntimo e prolongado com o indivíduo com diagnóstico confirmado/suspeito.

Isolamento

Manter o isolamento dessa pessoa em relação aos outros membros da família. Quando não for possível realizar esse isolamento, o recomendado é manter uma distância de pelo menos um metro e manter os ambientes ventilados.

Em casos graves, como os mencionados anteriormente, ou dependendo das condições de moradia, o médico deverá avaliar a necessidade do isolamento em ambiente hospitalar.

Quando o indivíduo com suspeita ou confirmação de Mpox apresentar lesões cutâneas, a utilização de camisas de mangas compridas ou calças compridas para cobri-las minimizam o risco de contágio.

Além de algumas precauções com as pessoas, é preciso estar atento a algumas medidas de higiene no ambiente doméstico:

  • Evitar contato físico com pessoas e animais.
  • Não compartilhar objetos e roupas.
  • Evitar tocar nas feridas e levar as mãos à boca e olhos.
  • Limpar, mais de uma vez por dia, as superfícies que são frequentemente tocadas com solução contendo água sanitária, incluindo o banheiro.
  • Roupas pessoais, roupas de cama e roupas de banho da pessoa com Mpox não devem ser sacudidas e nem reutilizadas. Devem ser lavadas separadamente, com sabão comum e água entre 60 e 90 °C. Na indisponibilidade de água aquecida, pode ser utilizada solução contendo água sanitária.
  • Não compartilhar talheres, os quais devem ser lavados com água entre 60-90 °C e sabão comum. Na indisponibilidade de água aquecida, pode ser utilizada solução contendo hipoclorito de sódio 0,1% (água sanitária).
  • Conter e descartar os resíduos contaminados (como máscaras, curativos e bandagens) de forma adequada, conforme orientação das autoridades sanitárias locais.
  • Quando descartar o lixo do paciente, utilizar, sempre que possível, luvas descartáveis.
  • Não descartar os resíduos infectantes/contaminados em lixo comum do domicílio, aterros ou lixões.

“Deve-se evitar contato dos animais com pessoas com Mpox e com os itens utilizados por essas pessoas, como roupas. Houve raríssimos relatos de transmissão de Mpox do ser humano para animais domésticos, de modo que essa recomendação busca evitar a propagação do vírus. Caso algum animal tenha tido contato com uma pessoa com diagnóstico confirmado e apresente sinais ou sintomas (por exemplo, letargia, falta de apetite, tosse, inchaço, secreções ou crostas nasais ou oculares, febre, erupções cutâneas), deve-se entrar em contato com as autoridades sanitárias”

(Brasil, 2022)

A Mpox exige isolamento domiciliar semelhante ao que aprendemos com a Covid-19, porém muito mais prolongado (em torno de 21 dias, podendo ser mais ou menos de acordo com a evolução clínica). Isso tem impactos muito fortes sobre estigma, saúde mental, subprocura dos serviços (sobretudo em casos mais localizados) e trabalho (no mínimo, entra pelo INSS com frequência, se tiver carteira assinada).

Vacina

Depois de todas as orientações de prevenção que acabamos de ver, você deve estar se perguntando sobre umas das mais tradicionais formas de prevenção para doenças infectocontagiosas: e a vacina?

Quando a varíola humana foi considerada erradicada, a produção da vacina histórica foi interrompida no mundo. As vacinas produzidas para a varíola podem proteger contra Mpox, incluindo:

Dryvax

Dryvax, uma vacina licenciada na década de 1930 pela Administração de Alimentos e Drogas dos EUA (FDA).

ACAM2000

ACAM2000, licenciada em 2007.

Imvanex, Imvamune,ou Jynneos

Uma vacina mais recente que foi desenvolvida para a varíola (MVA-BN, também conhecida como Imvanex, Imvamune,ou Jynneos) e aprovada pelas Autoridades Reguladoras Nacionais da União Europeia, Canadá e Estados Unidos para prevenir a varíola e a Mpox (Paho, 2022).

No Brasil, algumas doses do imunizante Jynneos/MVA-BN foram adquiridas pelo Ministério da Saúde. A quantidade é limitada e sua aplicação foi destinada a grupos desproporcionalmente afetados pela Mpox, sobretudo pessoas vivendo com HIV/AIDS. Atualmente, existem estudos clínicos em andamento para avaliar a eficácia e a segurança dessa vacina para Mpox.

O quadro a seguir apresenta a descrição do risco de exposição e recomendação para vacinação preventiva pós-exposição, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Descrição do risco de exposição e recomendação para vacinação preventiva pós-exposição (PEPV) de contatos para prevenção da varíola dos macacos (19 de agosto de 2022)
Risco de exposição Descrição da exposição Indicação de vacinação pós-exposição (PEPV)
Alto Exposição direta da pele ou membranas mucosas à pele ou secreções respiratórias de uma pessoa com varíola dos macacos confirmada, provável ou suspeita, seus fluidos corporais [por exemplo, lesão vesicular ou fluido pustuloso) ou material potencialmente infeccioso (incluindo vestimentas ou roupas de cama] se não estiver sendo usado EPI adequado. Isso inclui:
  • Inalação de gotículas ou poeira da limpeza de quartos contaminados.
  • Exposição da mucosa devido a respingos de fluidos corporais.
  • Contato físico com alguém que tenha varíola dos macacos, incluindo contato direto durante atividades sexuais. Isso inclui contato presencial, pele a pele ou boca a pele ou exposição a fluidos corporais ou materiais ou objetos contaminados (fômites).
  • Normalmente compartilhando uma residência (permanente ou ocasionalmente) durante o período de incubação presumido com uma pessoa que foi diagnosticada com varíola dos macacos, ou um ferimento penetrante por material perfurocortante contaminado ou através de luvas contaminadas.
Recomenda-se a PEPV com vacina apropriada para cada indivíduo ACAM2000 LC16 MVA-BN
Médio
  • Sem contato direto, mas próximo na mesma sala ou espaço físico interno com um paciente sintomático com varíola dos macacos confirmada, se não estiver sendo usado EPI adequado (ver orientação provisória sobre Manejo clínico da varíola dos macacos e prevenção e controle de infeção).
Recomenda-se a PEPV com vacina apropriada para cada indivíduo ACAM2000 LC16 MVA-BN
Baixo/Mínimo
  • Contato com uma pessoa com varíola dos macacos confirmada, provável ou suspeita ou um local que possa estar contaminado com o vírus da varíola dos macacos, usando EPI apropriado e sem quaisquer violações conhecidas do uso do EPI e dos procedimentos de colocação e retirada do EPI.
  • Contato comunitário, como estar em um local externo com um caso sintomático sem proximidade ou contato físico.
  • Nenhum contato conhecido com um caso sintomático de varíola dos macacos nos últimos 21 dias, ou pessoal de laboratório que manuseia amostras clínicas de sangue de rotina ou outras amostras não diretamente relacionadas com testes diagnósticos específicos.
Não é recomendada PEPV. Não aplicável
Fonte: Adaptação de Vacinas e imunização contra varíola dos macacos: orientação provisória (2025). CREATIVE COMMONS: © Organização Pan-Americana da Saúde, 2022. Alguns direitos reservados. Este trabalho é disponibilizado sob licença CC BY-NC-SA 3.0 IGO