MÓDULO 1 | AULA 3 Tratamento e prevenção
Medidas de prevenção e controle da infecção
A prevenção da Mpox deve ser realizada a partir de uma combinação de medidas de controle e de estratégias de conscientização da população sobre os fatores de risco para a transmissão do Orthopoxvirus monkeypox. Além disso, a vigilância epidemiológica e o monitoramento dos casos, incluindo o diagnóstico precoce, são essenciais para a contenção de surtos.
Como visto anteriormente, uma das principais formas de transmissão decorre do contato direto pessoa a pessoa, a partir do contato com as lesões cutâneas ou com secreções respiratórias.
Dessa forma, indivíduos que tenham contato com casos suspeitos ou confirmados de Mpox, como familiares e cuidadores, devem:
Em casos graves, como os mencionados anteriormente, ou dependendo das condições de moradia, o médico deverá avaliar a necessidade do isolamento em ambiente hospitalar.
Quando o indivíduo com suspeita ou confirmação de Mpox apresentar lesões cutâneas, a utilização de camisas de mangas compridas ou calças compridas para cobri-las minimizam o risco de contágio.
Além de algumas precauções com as pessoas, é preciso estar atento a algumas medidas de higiene no ambiente doméstico:
- Evitar contato físico com pessoas e animais.
- Não compartilhar objetos e roupas.
- Evitar tocar nas feridas e levar as mãos à boca e olhos.
- Limpar, mais de uma vez por dia, as superfícies que são frequentemente tocadas com solução contendo água sanitária, incluindo o banheiro.
- Roupas pessoais, roupas de cama e roupas de banho da pessoa com Mpox não devem ser sacudidas e nem reutilizadas. Devem ser lavadas separadamente, com sabão comum e água entre 60 e 90 °C. Na indisponibilidade de água aquecida, pode ser utilizada solução contendo água sanitária.
- Não compartilhar talheres, os quais devem ser lavados com água entre 60-90 °C e sabão comum. Na indisponibilidade de água aquecida, pode ser utilizada solução contendo hipoclorito de sódio 0,1% (água sanitária).
- Conter e descartar os resíduos contaminados (como máscaras, curativos e bandagens) de forma adequada, conforme orientação das autoridades sanitárias locais.
- Quando descartar o lixo do paciente, utilizar, sempre que possível, luvas descartáveis.
- Não descartar os resíduos infectantes/contaminados em lixo comum do domicílio, aterros ou lixões.
“Deve-se evitar contato dos animais com pessoas com Mpox e com os itens utilizados por essas pessoas, como roupas. Houve raríssimos relatos de transmissão de Mpox do ser humano para animais domésticos, de modo que essa recomendação busca evitar a propagação do vírus. Caso algum animal tenha tido contato com uma pessoa com diagnóstico confirmado e apresente sinais ou sintomas (por exemplo, letargia, falta de apetite, tosse, inchaço, secreções ou crostas nasais ou oculares, febre, erupções cutâneas), deve-se entrar em contato com as autoridades sanitárias”
(Brasil, 2022)
A Mpox exige isolamento domiciliar semelhante ao que aprendemos com a Covid-19, porém muito mais prolongado (em torno de 21 dias, podendo ser mais ou menos de acordo com a evolução clínica). Isso tem impactos muito fortes sobre estigma, saúde mental, subprocura dos serviços (sobretudo em casos mais localizados) e trabalho (no mínimo, entra pelo INSS com frequência, se tiver carteira assinada).
Vacina
Depois de todas as orientações de prevenção que acabamos de ver, você deve estar se perguntando sobre umas das mais tradicionais formas de prevenção para doenças infectocontagiosas: e a vacina?
Quando a varíola humana foi considerada erradicada, a produção da vacina histórica foi interrompida no mundo. As vacinas produzidas para a varíola podem proteger contra Mpox, incluindo:
No Brasil, algumas doses do imunizante Jynneos/MVA-BN foram adquiridas pelo Ministério da Saúde. A quantidade é limitada e sua aplicação foi destinada a grupos desproporcionalmente afetados pela Mpox, sobretudo pessoas vivendo com HIV/AIDS. Atualmente, existem estudos clínicos em andamento para avaliar a eficácia e a segurança dessa vacina para Mpox.
O quadro a seguir apresenta a descrição do risco de exposição e recomendação para vacinação preventiva pós-exposição, segundo a Organização Mundial da Saúde.
| Descrição do risco de exposição e recomendação para vacinação preventiva pós-exposição (PEPV) de contatos para prevenção da varíola dos macacos (19 de agosto de 2022) | |||
|---|---|---|---|
| Risco de exposição | Descrição da exposição | Indicação de vacinação pós-exposição | (PEPV) |
| Alto | Exposição direta da pele ou membranas mucosas à pele ou
secreções respiratórias de uma pessoa com varíola dos macacos
confirmada, provável ou suspeita, seus fluidos corporais [por
exemplo, lesão vesicular ou fluido pustuloso) ou material
potencialmente infeccioso (incluindo vestimentas ou roupas de
cama] se não estiver sendo usado EPI adequado. Isso
inclui:
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Recomenda-se a PEPV com vacina apropriada para cada indivíduo | ACAM2000 LC16 MVA-BN |
| Médio |
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Recomenda-se a PEPV com vacina apropriada para cada indivíduo | ACAM2000 LC16 MVA-BN |
| Baixo/Mínimo |
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Não é recomendada PEPV. | Não aplicável |