Essa metáfora corporal está relacionada ao aumento da importância do cuidado com a saúde da população, baseada em um forte princípio de educação sanitária e de preocupação com a higiene: para que a cabeça pudesse operar seus planos, era necessário que os membros (os trabalhadores) estivessem em condições de trabalhar pelo futuro da nação.
Unidade 2
Do Período Getulista à Ditadura Civil Militar
O projeto de nação do governo Vargas e o papel da saúde
Como mencionamos anteriormente, o governo varguista foi baseado em um projeto de nação complexo, que envolvia desde a organização do aparato estatal até políticas culturais.
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Espírito nacionalista
Esse projeto estava diretamente ligado ao espírito nacionalista das décadas de 1930 e 1940, momento de emergência de diferentes regimes autoritários pelo mundo.
Uma nova nação
Principalmente após a implantação do Estado Novo, em 1937, a ideia de que não se tratava somente de governar, mas também de construir uma nova nação, se colocava no centro do discurso e da ideologia do getulismo.
Um aspecto importante do projeto era a ideia de uma nação una, harmônica e indivisível, tanto nos corpos quanto nas almas, ideal que imergiu nas instituições na forma de um instrumento de mobilização das massas a favor das ações governamentais.
Nessa construção ideológica, ganhava destaque a metáfora do corpo da nação, recorrentemente usada pelo discurso oficial do Estado para a defesa de uma atenção especial ao bem-estar corporal. Esse ideal era marcado pela “militarização dos corpos”, emblemática na criação da disciplina de Educação Física nos currículos escolares.
Veja abaixo o que o historiador Alcir Lenharo comenta sobre a metáfora do corpo da nação, em seu livro Sacralização da Política:
A nação, por exemplo, é associada a uma totalidade orgânica, à imagem do corpo uno, indivisível e harmonioso; o Estado também acompanha essa descrição; suas partes funcionam como órgãos de um corpo tecnicamente integrado; o território nacional, por sua vez, é apresentado como um corpo que cresce, expande, amadurece; as classes sociais mais parecem órgãos necessários uns aos outros para que funcionem homogeneamente, sem conflitos; o governante, por sua vez, é descrito como uma cabeça dirigente e, como tal, não se cogita em conflituação entre a cabeça e o resto do corpo, imagem da sociedade.
Lenharo, Alcir. Sacralização da Política. Campinas. SP: Papirus, 1986. pp. 16 – 17.
Robert Wegner, sociólogo, Pesquisador do DEPES/Fiocruz e Professor no PPGHCS/Fiocruz faz reflexões sobre a eugenia
Fonte: VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz
A Ciência Nazista | Nerdologia
Sobre a eugenia e o nazismo, assista ao vídeo: A ciência Nazista.
Sinopse:
No Nerdologia de hoje, vamos ver como a ciência foi usada para a formação dos campos de concentração nazistas.
Dessa forma, a organização do aparato de saúde pública não se tratava somente de uma questão de estrutura do Estado, mas também possuía papel relevante na construção ideológica da nação. Isso não significa dizer que a saúde foi ponto central nas preocupações do governo Vargas, mas que ela assumiu uma dimensão distinta do que era apresentado na Primeira República. Se, antes, a ideia do sanitarismo era redimir o país a partir da medicina, na Era Vargas a saúde era parte da construção de uma nação harmônica, integrada e preparada para o futuro civilizatório.
A vinculação da saúde a esse projeto nacional tinha como princípios a centralização administrativa, com os serviços vinculados a instituições do governo federal e à verticalização das ações, com estratégias definidas para problemas sanitários específicos.
Um aspecto significativo desse processo foi a criação, em 1941, dos Serviços Nacionais, responsáveis por coordenar ações verticalizadas para doenças e agravos específicos, como a tuberculose, a malária, o câncer e as doenças mentais.