Módulo 1 | Aula 1 Diabetes Mellitus: epidemiologia, fatores de risco e estratégias de prevenção
Fatores de risco do diabetes mellitus
O envelhecimento populacional, decorrente do aumento da expectativa de vida ao longo do século XX (transição demográfica), é o principal fator responsável pelo aumento contínuo do diabetes no mundo.
Por outro lado, as doenças ditas "crônico-degenerativas", cuja prevalência cresce com a idade, tornaram-se cada vez mais comuns (transição epidemiológica), sendo o diabetes tipo 2 exemplo emblemático dessas doenças.
Dados demográficos do Banco Mundial mostram que entre 2000 e 2019, a expectativa de vida aumentou de 68 anos para 73 anos, baixando para 72 anos em 2020 e 71 em 2021, em provável consequência da pandemia de COVID-19.
Já a proporção de pessoas com 65 anos ou mais passou de 7% em 2000 para 10% em 2022, após um aumento muito regular desde a década de 1960.
Outro fator responsável pelo aumento contínuo do diabetes no mundo é o excesso de peso: em média, o diabetes é mais frequente (2 a 4 vezes) em pessoas obesas se comparado às pessoas com peso normal.
É importante destacarque para "produzir" diabetes, o excesso de peso deve encontrar um contexto genético suscetível.
Infelizmente, a transição nutricional revela cada vez mais populações propensas a desenvolverem hiperglicemia crônica com o ganho de peso, em quase todas as partes do mundo.
Pela definição da Organização Mundial da Saúde, obesidade é o excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde.
Uma pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC) – calculado dividindo o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros – é maior ou igual a 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2.
Os indivíduos que possuem IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são diagnosticados com sobrepeso e já podem ter alguns prejuízos com o excesso de gordura.
A obesidade tornou-se uma fonte de doenças crônicas e um marcador de pobreza: seu aumento é observado com mais frequência em países de baixa e média renda, e dentro de um mesmo país, nas classes sociais mais desfavorecidas.
Em um estudo conduzido em 2014 no Brasil, com moradores de favela da Região Metropolitana do Recife (Melo et al.,2020) foi observado excesso de peso em 70,3% da população, e o percentual de obesidade grave (IMC maior ou igual a 40 kg/m2) era 3,4%, quase o dobro da frequência de casos de baixo peso (1,9%)!
Tais resultados apontam para o grande risco de se ver parcelas carentes ou de baixa renda de uma população adoecendo por conta da obesidade e de suas consequências, entre elas o diabetes.
É necessário e urgente enxergar esse problema como prioridade de saúde pública, para não adicionar às desigualdades sociais de saúde que os mais economicamente frágeis já enfrentam.