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Campus Virtual Fiocruz

Diabetes Mellitus no SUS
Promoção, prevenção e o fortalecimento do autocuidado

Módulo 1 | Aula 1 Diabetes Mellitus: epidemiologia, fatores de risco e estratégias de prevenção

Tópico 3

Epidemiologia descritiva do diabetes mellitus

No mundo

Mapa-múndi nas cores azul escuro.
Fonte: Campus Virtual Fiocruz

Regularmente, desde o ano 2000, a IDF (International Diabetes Federation - Federação Internacional de Diabetes) publica o "IDF-Diabetes Atlas" que reúne dados a respeito da situação epidemiológica da doença na escala global.

Em seu último relatório (2021), apontou que 537 milhões de adultos (de 20 a 79 anos) – um entre dez – vivem com a doença em todo o mundo.

As projeções indicam que esse número pode passar de 783 milhões em 2045, se nada for feito para conter a tendência. O crescimento dos casos é assustador, particularmente quando comparado à estimativa feita em 1980 pelo NCD-RisC (do inglês "Non Communicable Diseases Risk Factor Collaboration"): na época, 108 milhões de adultos viviam com diabetes.

Três quartos dessas pessoas moram em países de baixa ou média renda, onde as taxas de crescimento do diabetes são também as mais fortes do mundo.

Prevalência* de diabetes e número de adultos com diabetes (em milhões) segundo regiões do mundo (IDF-Diabetes Atlas 2021) e projeções de evolução
Região Prevalência estimada 2021 Prevalência projetada 2045 % aumento prevalência 2021-2045 Casos DM estimados 2021 Casos DM projetados 2045 % aumento casos DM 2021-2045
África 4,5% 5,3% 17,8% 23,6 54,9 132,6%
OMAN 16,2% 19,3% 50,0% 72,7 135,7 86,7%
ASE 8,7% 11,3% 29,9% 90,2 151,5 68,0%
ASC 9,5% 11,9% 25,3% 32,5 48,9 51,3%
PO 11,9% 14,4% 21,0% 205,6 260,2 26,6%
ANCA 14,0% 15,2% 8,6% 50,5 62,8 24,4%
Europa 9,2% 10,4% 13,0% 61,4 69,2 12,7%
Mundo 10,5% 12,2% 16,2% 526,6 783,2 45,9%
OMAN: Oriente Médio e África do Norte; ASE: Ásia do Sudeste; ASC: América do Sul e Central; PO: Pacífico Ocidental; ANCA: América do Norte e Caribe Fonte: IDF – Diabetes Atlas 2021

*A prevalência, ou taxa de prevalência, é a proporção da população atingida pelo diabetes, relativamente à população total de um determinado espaço (por exemplo: país, região, mundo).

No Brasil

Mapa do Brasil
Fonte: Campus Virtual Fiocruz

Segundo o IDF-Diabetes Atlas 2021, o Brasil está no sexto lugar dos países com o maior número de diabéticos – depois de China, Índia, Paquistão, Estados Unidos e Indonésia – com quase 16 milhões de pessoas acometidas pela doença em 2021. As projeções indicam que este número pode chegar a 23 milhões em 2045.

Já a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 fez uma estimativa um pouco mais baixa: teria neste ano 12,3 milhões de pessoas adultas (18 anos ou mais) com diabetes no Brasil – um aumento de 36,4% em relação aos 9 milhões da mesma pesquisa em 2013 –, o que representa uma prevalência de 7,7%.

A imagem abaixo, mostra que as regiões mais acometidas são o Centro, Sudeste e Sul do país, com prevalências também fortes em alguns estados da região Nordeste:

Prevalência do diabetes em adultos (18 anos ou mais) nos estados do Brasil em 2019

As prevalências estimadas levam em conta as diferenças de idade que podem existir entre estados.
Fonte: Adaptado de Reis et al., 2022
 

Para acompanhar a evolução da prevalência do diabetes, o Brasil também dispõe de estimativa anual, desde 2006, fornecida pelos Inquéritos Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde.

Saiba Mais

O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde.

O Vigitel foi implantado em 2006 em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal e tem como objetivo monitorar a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis por inquérito telefônico, além de descrever a evolução anual desses indicadores em nosso meio.

A pesquisa Vigitel é realizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. As entrevistas telefônicas são realizadas anualmente em amostras da população adulta (18 anos ou mais) residente em domicílios com linha de telefone fixo e celulares.

Fonte: Ministério da Saúde

Percentual de adultos (18 anos ou mais) que referiram diagnóstico médico de diabetes, no conjunto das capitais de estados brasileiros e no Distrito Federal

Morbidade referida e autoavaliação de saúde Fonte: Vigitel Brasil 2006-2021, Morbidade referida e autoavaliação de saúde

Como se pode ver, a prevalência encontrada em 2019 (7,4%) é muito próxima do resultado da Pesquisa Nacional de Saúde deste mesmo ano. A tendência temporal é de aumento contínuo, de 0,19 pontos percentuais por ano em média. A prevalência de 2023, recém-divulgada, é de 10,2%, infelizmente confirmando a tendência geral.

Em resumo, PNS e Vigitel mostraram que:

1

O aumento de prevalência observa-se em ambos os sexos, com as mulheres tendo prevalência um pouco maior do que homens

8,4% contra 6,9% (PNS 2019)

ou

9,6% contra 8,6% (Vigitel 2021)

2

A prevalência de diabetes é fortemente relacionada com a idade

27 vezes mais alta em pessoas com 65 anos ou mais comparadas com a faixa etária 18-24 anos (PNS); o que corrobora o Vigitel 2021, que estima as respectivas prevalências em 28,4% e 1,1%;

3

Outro fator consistentemente associado à prevalência de diabetes é o grau de instrução

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostrou que pessoas com ensino superior completo tiveram prevalência de diabetes 40% menor quando comparadas às pessoas com ensino fundamental incompleto; o que se traduz no Vigitel 2021 numa prevalência de 5,1% entre pessoas com 12 anos ou mais de escolaridade, enquanto pessoas com menos de 9 anos de escolaridade tinham prevalência de 17,7%.