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Campus Virtual Fiocruz

Diabetes Mellitus no SUS
Promoção, prevenção e o fortalecimento do autocuidado

Módulo 1 | Aula 1 Diabetes Mellitus: epidemiologia, fatores de risco e estratégias de prevenção

Tópico 2

Definição e principais tipos de diabetes mellitus

Imagem ilustrativa de um dedo tocando um sensor de diabetes, um objeto redondo em cores branca e azul, entre o dedo e o sensor uma gota de sangue, ao lado em detalhes o conteúdo dessa gota.
Fonte: Campus Virtual Fiocruz

O diabetes mellitus é uma doença resultante da falta de produção da insulina pelo pâncreas e/ou da incapacidade da insulina de exercer seus efeitos no organismo de forma adequada. Caracteriza-se pela hiperglicemia crônica, podendo provocar sintomas como a polidipsia e a poliúria, porém, na maioria dos casos, a alteração é puramente biológica e assintomática.

Glossário
  • Glicemia: é a quantidade de glicose (açúcar) no sangue.
  • Hemoglobina Glicada (HbA1c): é uma forma de hemoglobina que se liga à glicose no sangue. A HbA1C é um exame que mede a média da concentração de glicose no sangue ao longo dos últimos dois a três meses. Esse teste é fundamental para o controle e monitoramento do diabetes, pois fornece uma visão geral do nível de controle glicêmico do paciente.
  • Hiperglicemia: níveis de açúcar elevados no sangue.
  • Insulina: hormônio que faz baixar a taxa de glicose no sangue, especialmente depois das refeições.
  • Polidipsia: ingestão excessiva de água.
  • Poliúria: eliminação excessiva de urina.

A maneira mais usual de se fazer o diagnóstico do diabetes mellitus é através da dosagem da glicemia ou da hemoglobina glicada (HbA1c), esta última representando um "resumo" dos níveis de glicemia dos três meses anteriores à data do teste.

Saiba Mais

A hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias (glóbulos vermelhos). Cada hemácia tem uma vida média de três a quatro meses, período no qual parte da hemoglobina acumula glicose, se transformando em hemoglobina glicada.

Glóbulos vermelhos Fonte: Campus Virtual Fiocruz

Considera-se que cerca de 50% da taxa de hemoglobina glicada (HbA1c) reflete a acumulação de glicose no mês anterior ao teste, sendo 25% dessa porção correspondente ao mês anterior e os outros 25% aos dois meses anteriores a esse período.

Limites para definição do diabetes e de condições pré-diabéticas
Glicemia
de jejum
≥ 126 mg/dl (7,0 mmol/l) em ao menos duas medições Diabetes
< 126 mg/dl (7,0 mmol/l) e: ≥ 100 mg/dl (5,6 mmol/l) [American Diabetes Association] ou ≥ 110mg/dl (6,1 mmol/l) [Organização Mundial da Saúde] Glicemia de jejum alterada
Glicemia 2 horas após
carga oral de 75g de glicose
≥ 200 mg/dl (11,1 mmol/l) em ao menos duas medições Diabetes
< 200 mg/dl (11,1 mmol/l) e: ≥ 140 mg/dl (7,8 mmol/l) Intolerância à glicose
Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5% em ao menos duas medições Diabetes
< 6,5% e: ≥ 5,7% [American Diabetes Association] ou ≥ 6,0% [Organização Mundial da Saúde] Pré-diabetes
Fonte: Elaborado pela autora a partir das Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018

A maioria dos casos de diabetes tipo 2 ocorre geralmente em indivíduos com mais de 50 anos de idade, frequentemente com excesso de peso e/ou histórico familiar da doença. Isso se deve ao fato de que o corpo, à medida que envelhece e ganha peso, torna-se mais resistente à insulina. Muitas vezes, o diabetes tipo 2 pode não apresentar sintomas claros, podendo atrasar o diagnóstico da doença.

O diabetes mellitus tipo 1, por outro lado, é muito menos comum e, ao contrário do diabetes tipo 2, geralmente manifesta sintomas clínicos intensos, como poliúria, polidipsia, perda de peso, entre outros. Esta forma de diabetes tende a ocorrer principalmente em crianças, adolescentes ou jovens adultos.

A doença surge devido à destruição autoimune das células pancreáticas secretoras de insulina, conhecidas como "células beta", resultando em uma deficiência absoluta na produção desse hormônio. Portanto, o único tratamento disponível é a reposição do hormônio ausente por meio de injeções diárias ou o uso contínuo de bomba de insulina ao longo da vida.

Glossário
  • Destruição autoimune: o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo contra invasores externos, como vírus e bactérias, começa a produzir anticorpos contra componentes internos, levando o corpo a atacar seus próprios tecidos.

Vale ressaltar que as distinções tradicionais entre diabetes tipo 1 e tipo 2 são cada vez menos claras: é possível encontrar diabetes tipo 1 em adultos (chamado LADA, do inglês "Latent Autoimmune Diabetes in Adults") e diabetes tipo 2 em crianças ou adolescentes, principalmente por causa da difusão da obesidade nessas faixas etárias.

Além do diabetes tipo 1 e tipo 2, há também outras formas de diabetes como o:

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Geralmente transitório, podendo persistir após a gravidez;
Causados por certos medicamentos ou por doenças como pancreatites e hemocromatose;
Como o diabetes MODY (Maturity Onset Diabetes in the Young), que se assemelha ao tipo 2 e surge na juventude, com alta incidência entre pessoas da família.