Módulo 4 | Aula 2 As mídias e a tecnologia de informação em saúde
Mídia, Literacia e Saúde
A mídia é um conceito que se confunde facilmente com comunicação. Porém, a mídia é apenas uma das arenas possíveis do campo da comunicação (outras arenas são, por exemplo, a família, os espaços de socialização e lazer, a escola, locais de celebrações religiosas; e, no campo da saúde: os órgãos de gestão, os conselhos de saúde, as Unidades Básicas de Saúde).
Em geral, utilizamos a expressão mídia para nos referirmos ao conjunto dos diversos meios de comunicação e às várias plataformas que atuam como meio para circular informações: jornais, televisão, revistas, rádio, internet, cinema, entre outros. São plataformas com grande disseminação em todo o mundo – por isso, chamadas de mídias hegemônicas - que ocupam posições de poder privilegiado nos processos de comunicação.
Nos últimos anos, ganharam destaque as mídias digitais e as mídias sociais (social media). As mídias digitais são uma evolução das mídias analógicas tradicionais, e nelas praticamente não há suporte físico; os dados são convertidos em sequências numéricas de dígitos – por isso “digital” – e depois interpretados por um computador (MARTINO, 2015). Já as mídias sociais são os meios que as redes sociais utilizam para se comunicar. As redes sociais são formadas por pessoas ou organizações (não necessariamente on-line) que compartilham valores, características e/ou objetivos comuns.
Os diversos tipos de mídia social são, portanto, as plataformas – WhatsApp, Instagram, Facebook, Twitter, Linkedin, entre outros, - que facilitam a comunicação e permitem o compartilhamento de conteúdo (mensagens instantâneas, vídeos, áudios, documentos e imagens) em redes interativas entre os usuários.
Estamos o tempo todo utilizando e lidando com diferentes tipos de mídia. Lidar com a mídia exige certas habilidades dos cidadãos. A UNESCO possui várias publicações sobre Alfabetização Midiática e Informacional (AMI) – também chamada Media and Information Literacy (MIL), um conceito composto que reúne literacia midiática e literacia informacional (ou competência em informação).
Em uma sociedade altamente midiatizada como a nossa, o conteúdo veiculado pela mídia influencia diretamente as práticas de cuidado e de autocuidado com a saúde, podendo tanto promover quanto comprometer os resultados em saúde (LEVIN-ZAMIR, LEMISH E GOFIN, 2011). Por isso, lidar adequadamente com as informações que circulam na mídia (ou seja, possuir bons níveis de literacia midiática) pode ajudar a promover a adoção de comportamentos mais saudáveis.
No âmbito da Atenção Primária à Saúde, é importante que os profissionais da saúde atuem junto aos usuários no sentido de alertá-los para refletirem criticamente sobre as mensagens midiáticas sobre saúde que recebem.
Quem produziu tal conteúdo? Quando? Com qual objetivo? Existem objetivos comerciais ou mercadológicos por trás daquela mensagem? Existem comprovações científicas sobre determinado produto ou tratamento?
Desenvolvendo novas estratégias de interação e comunicação com as pessoas, o profissional de saúde contribui para que estas tenham maior autonomia e reflexão crítica nas suas decisões sobre saúde, contribuindo para melhorar os níveis de LS da população (FREITAS et al., 2019).
Veja o vídeo, produzido pelo Canal Saúde da Fiocruz, que mostra como as abordagens sobre saúde presentes na televisão são diversas, e nos ajuda a refletir como as mensagens veiculadas na mídia servem a objetivos e interesses específicos e estão em permanente disputa.
Em todo o mundo, algumas organizações se dedicam a analisar criticamente as notícias sobre saúde que circulam na mídia e na imprensa (um destaque é o projeto Health News Review). Nos últimos anos, a UNESCO produziu diversos guias, estudos e currículos com orientações para que os cidadãos lidem de forma mais consciente com as informações que recebem pelas mídias.
Projeto Health News Review disponíveis em diversas línguas no site da UNESCO.