Estado de ânimo da pessoa idosa na pandemia

A pandemia trouxe importantes mudanças em nossa rotina diária. Ir à missa, encontrar amigos e amigas para um café, pagar as contas no banco, fazer compras e tantas outras atividades que fazíamos sem grandes preocupações agora, com as regras de higiene e de distanciamento social, estão mudadas. Afinal, temos um inimigo “invisível”, que está por aí contaminando as pessoas. Todas estas mudanças vêm junto com muitas incertezas econômicas, sociais e políticas que podem gerar insegurança e afetar nossa saúde mental.

Como cuidar da nossa saúde mental em tempos de tantas incertezas? O que é normal sentir? Quando devo promover mudanças em minha rotina? Qual o momento de procurar ajuda de um profissional?

Neste módulo, vamos abordar estas e outras questões de saúde mental mais observadas em pessoas idosas. Confira os objetivos de aprendizagem e siga em frente!

Objetivos de aprendizagem:

Conhecer as reações emocionais, psicológicas e comportamentais no contexto da pandemia.
Identificar situações adversas ao estado de ânimo saudável.
Conhecer as estratégias que evitem a tristeza e a solidão.
Aplicar estratégias que possam influenciar positivamente o comportamento da pessoa cuidada.

A Pandemia de COVID-19 e a Saúde Mental

A saúde e o bem-estar das pessoas idosas estão sendo influenciados pela pandemia, mesmo quando elas não são infectadas pelo coronavírus. Por isso, um desafio é saber reconhecer os sinais de alarme nas reações psicológicas - frente a tantas mudanças - na rotina diária e às incertezas que a pandemia está trazendo para nossas vidas.

Possíveis reações emocionais, psicológicas e comportamentais no contexto da Pandemia. Escolha e veja os detalhes de cada uma, nas abas.

Medo

O medo é um estado ou reação emocional básica e natural – uma reação fisiológico-química do nosso corpo. Ele tem a função de alerta, apreensão ou cuidado, que é esperado quando estamos frente a estímulos que o nosso cérebro interpreta como ameaça ou perigo. Imagens de alguém atravessando uma rua movimentada – ou só da rua com trânsito.

Sentir medo não é uma experiência agradável, mas acaba por nos proteger em situações de perigo. Quando sentimos medo em atravessar uma rua muito movimentada, a reação mais comum é buscar um jeito mais seguro de fazer esta travessia. Vamos em busca de uma passarela ou de um sinal de trânsito.

Entretanto, o medo pode se apresentar de forma exagerada ou desproporcional à situação que está sendo vivida. Quando o medo se apresenta assim, ele gera sérias limitações, com sofrimento físico e mental, e acaba por perder sua função essencial de proteção e defesa.

Escala do medo - medo se apresenta em uma escala que varia desde uma expressão mais estável e suave até um nível intenso, podendo chegar ao pânico e mesmo ao terror. Fonte: Cartilha Saúde Mental e Qualidade de Vida em tempos de pandemia pela COVID-19: Estratégias de cuidado e orientação (2020).

No atual contexto de pandemia, o medo está comumente associado:

Ao adoecimento e à morte;
Ao risco de se infectar e/ou infectar os outros;
À perda de familiares e outras relações de afeto e proximidade
Às dificuldades e prejuízos financeiros;
À exclusão e preconceito pela infecção por Covid-19.

ANGÚSTIA, ESTRESSE E ANSIEDADE

A angústia é considerada uma percepção psicológica caracterizada pela mudança de humor, perda da paz interior, dor, insegurança, culpa, mal-estar e tristeza. Fisicamente, pode se manifestar por sensações de aperto no peito e na garganta, de compressão e sufocamento.

Já o estresse, é uma resposta fisiológica e comportamental normal a algo que aconteceu ou está para acontecer e que nos faz sentir ameaçados ou que, de alguma forma, perturba o nosso equilíbrio.
O estresse pode ser positivo. Contudo, a partir de um certo nível, ele deixa de ser proveitoso e começa a prejudicar gravemente a saúde. Ele pode alterar o humor, a produtividade, os relacionamentos e a qualidade de vida em geral.

É importante aprender a reconhecer quando o nível de estresse está fora do seu controle e é entendido como ultrapassando os seus recursos disponíveis, sejam físicos ou psicológicos.

A ansiedade é outro sintoma que podemos experimentar neste contexto tão difícil de pandemia.

Fonte: Cartilha para Idosos para Enfrentamento do Coronavírus – Covid-19 (2020)

Sentir ansiedade não é incomum nos dias de hoje. Um trabalho a ser feito, a perda do cartão de banco ou mesmo a expectativa da visita de um filho uma filha ou netos e netas, que há muito tempo não os vê, são situações que podem gerar ansiedade. Mas passa assim que a situação se resolve.

TRISTEZA

A tristeza é um sentimento que todos nós já sentimos em diferentes situações. Ela é inerente a nossa condição humana e não deve ser confundida, quando surge, em doença.

Lidar com a tristeza de forma que ela não domine os pensamentos é um desafio nestes tempos de tantas incertezas e potenciais perdas de entes queridos, amigos e familiares.

SOLIDÃO

A solidão, na verdade é um estado mental que pode surgir não só quando estamos separados de outras pessoas, mas também quando estamos no meio de uma multidão.

Quem já não se sentiu só no meio de várias pessoas?

O sentimento de solidão é muito prejudicial para nossa saúde mental e, também, pode agravar condições de saúde pré-existentes, como ansiedade, depressão, pressão arterial elevada e problemas cardíacos. Ela pode mudar a forma como pensamos e reagimos, tornando-nos mais propensos a sentir sintomas de depressão, mais sensíveis a ameaças sociais, mais propensos a pensamentos autodestrutivos e a outros processos negativos do pensamento.

Importante alerta dos especialistas: a solidão da pandemia atingiu em cheio as pessoas idosas.

Afinal, ao longo da pandemia as visitas ficaram reduzidas ao mínimo, sem beijos e sem abraços. Os momentos de convívio com filhos e filhas, netos e netas e mesmo amigos e amigas próximos foram igualmente reduzidos ou mesmo não mais existiram. Por isso mesmo, a atenção à saúde mental das pessoas idosas deve ser uma preocupação constante.

Pois bem, todos estes sentimentos podem estar presentes e é importante, tanto nós próprios os reconhecer, quanto quem cuida de uma pessoa idosa. A boa notícia é que existem atividades que podemos fazer em casa e que ajudam muito a distrair a mente e, mesmo, provocar alguma diversão. Quando reconhecemos estes sinais precocemente podemos assumir medidas, por vezes simples, para se evitar situações mais complicadas.

É preciso aceitar que não há uma forma certa ou errada de reagir emocionalmente. Cada pessoa é diferente e viveu coisas diferentes e o respeito a estas diferenças é fundamental para um bom convívio em casa ou com amigos, amigas, vizinhos e vizinhas.

Estratégias para prevenção e mitigação da solidão e da tristeza

Uma vez que o isolamento se torna necessário, temos um desafio enorme para lidarmos com todos os sentimentos que podem aparecer durante esse tempo de pandemia. Temos que criar formas para lidar com todo esse turbilhão de sentimentos. Veja algumas orientações que ajudam a manter a Saúde Mental:

Cuidado com o excesso de informação sobre a doença

Sabemos que a informação é uma das ferramentas essenciais para combater o novo coronavírus. Sendo assim, assistir aos noticiários é importante para se manter a par da situação.

Entretanto, evite ficar concentrado única e exclusivamente nas notícias relacionadas à Covid-19. No caso de surgir alguma dúvida em relação à doença, busque orientação com algum profissional de saúde ou em sites confiáveis como é o do Ministério da Saúde.

Mantenha uma rotina em atividades cotidianas

Organizar uma rotina, ainda que seja mínima, junto com a pessoa idosa em casa pode ajudar a que ela tenha uma sensação de normalidade. Para isso, mantenha os horários habituais das refeições, da higiene corporal, de dormir, de acordar etc.

Muito importante é se manter ou manter a pessoa cuidada com bom aspecto, cabelos penteados, banho tomado, unhas cortadas. Se antes a pessoa usava cosméticos, maquiagem, continue estimulando mesmo sem sair para a rua. Todo este cuidado ajuda a manter a autoestima elevada e promove o bem-estar da pessoa idosa cuidada.

Mantenha proximidade de sua rede familiar e de amigos

Ficar próximo das pessoas que gosta e confia, como familiares e amigos e amigas, é importante para fortalecer o emocional. Mesmo à distância, é possível estar em contato.

Um telefonema pode ser suficiente. Ainda mais hoje em dia, que os telefones celulares nos permitem fazer chamada com vídeo. Encontrar um rosto conhecido e amigo não tem preço, ainda que seja na telinha de seu celular. Uma medida simples, mas para uma pessoa idosa que se sente sozinha, pode iluminar o seu dia.

Distraia a mente com jogos, brincadeiras e conversas

Uma boa dica para mantermos nossa saúde mental é reservamos um tempo em nosso dia a dia para fazer atividades recreativas. Um jogo de tabuleiro ou de cartas ajuda muito a passar o tempo. No quadro abaixo temos alguns exemplos de atividades.

Fonte: Orientações promotoras de vida saudável para idosos em período de isolamento social na pandemia Covid-19 (2020)

Para quem cuida de uma pessoa idosa nestes tempos de pandemia, atitudes simples influenciam positivamente o comportamento da pessoa cuidada, como:

Conte e explique piadas, ria junto!
Evite falar sobre assuntos que causam preocupação;
Estimule-o a cuidar de si;
Se for difícil para ele, mantenha-o sempre arrumado;
Elogie!
Caso tenha dificuldade em compreender: seja paciente, use frases claras e objetivas;
Sorria sempre!

Como estimular a pessoa idosa a continuar fisicamente ativa durante a pandemia de Covid-19?

O fisioterapeuta, professor Rubens Guimarães, mostra alguns exercícios que podem ser feitos junto com as pessoas idosas. Essas atividades ajudam a distrair, passar o tempo e ainda colaboram com a saúde.

Fonte: Canal do Youtube EPSJV – FIOCRUZ

Chegamos ao fim da aula!

Nessa aula você conheceu as reações emocionais, psicológicas e comportamentais no contexto da pandemia e aprendeu como identificar situações adversas ao estado de ânimo saudável. Conheceu, também, estratégias que evitem a tristeza e a solidão e como aplicar essas estratégias, de forma que possam influenciar positivamente o comportamento da pessoa cuidada.

Antes de seguir em frente, queremos chamar a atenção para um ponto bem importante:

Fique atento para situações de negligência ou qualquer outro tipo de violência que possa estar ocorrendo com a pessoa idosa (física, financeira, psicológica). Na presença de situações indicativas de violência, procure ajuda profissional – no sistema de saúde, assistência social, na delegacia do idoso, no conselho de direitos do idoso ou mesmo no Ministério Público).

Existe um número específico para relatar casos de violência e ter orientação.

É o Disque 100 do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Situações de negligência ou violência são extremamente prejudiciais à saúde mental da pessoa idosa.

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Atenção em casos suspeitos ou confirmados

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