Aula 2 - Simone de Beauvoir e a análise da relação entre capitalismo e discriminação das pessoas idosas.

Objetivos de aprendizagem

Ao final desta aula, você será capaz de:

Compreender a evolução histórica dos estereótipos sobre o envelhecimento, desde a antiguidade até a modernidade;
Reconhecer a origem e os componentes do idadismo, identificando suas manifestações ao longo da história e refletindo sobre a importância de combater essas atitudes e práticas no cotidiano.

Os estereótipos negativos sobre o envelhecimento e a velhice não são novos. Eles vêm desde a antiguidade e foram se transformando ao longo do tempo. No período anterior à escrita, por exemplo, as pessoas mais velhas ocupavam um papel central nas sociedades. Elas eram as guardiãs da memória coletiva, responsáveis por preservar e transmitir conhecimentos essenciais, práticas culturais e sabedoria ancestral aos mais jovens, por meio da narração de histórias e da tradição oral. Nessa época, em que as pessoas viviam em tribos, poucas ultrapassavam os 60 anos de idade, e acreditava-se que apenas com a ajuda dos deuses alguém poderia alcançar a velhice. Ser velho era, portanto, uma condição excepcional.

2.1 - A Visão de Simone de Beauvoir sobre a Velhice

A filosofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) analisou profundamente as percepções sobre o envelhecimento em sua obra A Velhice (1970). No livro, ela percorre diferentes períodos históricos, desde as sociedades primitivas até os desafios contemporâneos à sua época. Beauvoir critica a hipocrisia da sociedade capitalista em relação à velhice e propõe uma transformação radical para desmistificar os preconceitos que cercam esse processo. Em sua análise, Beauvoir argumenta que o capitalismo selvagem privilegia a competição, a produtividade e a mercantilização, afetando especialmente as mulheres e as pessoas idosas. Durante o crescimento demográfico do século XX, afastar as pessoas idosas do mercado de trabalho tornou-se uma estratégia comum. O livro convida os leitores a refletirem sobre como enxergamos e tratamos a velhice, desafiando a homogeneização e a invisibilidade do sofrimento nessa fase da vida. Beauvoir também destaca que o envelhecimento é uma construção sociocultural. A sociedade, segundo ela, “fabrica” a impotência da velhice, da mesma forma que já alienou outros grupos, como as mulheres. Para Beauvoir, a rejeição à velhice vai além do medo da finitude; é também um reflexo da exclusão e discriminação sistemática enfrentadas pelos idosos.

2.2 - A Origem do Termo “idadismo”

O termo “idadismo” foi criado em 1960 pelo médico gerontologista norte-a mericano Dr. Robert Butler. Ele definiu o idadismo como a estereotipagem e discriminação sistemática contra pessoas idosas, envolvendo três ele mentos interligados:
Atitudes preconceituosas em relação às pessoas idosas.
Práticas discriminatórias que marginalizam essa população.
Políticas institucionais Políticas institucionais que perpetuam esses estereótipos.

Podemos resumir isso da seguinte forma:

Idadismo =
Atitudes preconceituosas
+
práticas discriminatórias
+
Ações e políticas
que reforçam os
estereótipos da população idosa

Dar um nome a esse fenômeno foi um passo importante para dar visibi lidade à discriminação enfrentada pelas pessoas idosas. Hoje, graças aos movimentos sociais e às iniciativas voltadas para os direitos dessa popula ção, há um esforço crescente para chamar a atenção da sociedade sobre a necessidade de combater o idadismo. Agora que entendemos um pouco mais sobre como os estereótipos e a dis criminação contra a velhice foram construídos ao longo da história, preci samos nos perguntar:

Questionamento
Questionamento

Estamos prontos para reconhecer e combater o idadismo em nosso cotidiano?

Na próxima aula, vamos conhecer alguns mitos que alimentam os estere ótipos sobre a velhice e entender como eles afetam a forma como pensa mos, sentimos e agimos em relação às pessoas idosas.