As tecnologias surgem e substituem as anteriores em grande velocidade. Esta realidade, que é composta pela relação entre a aparição de novas tecnologias e as alterações nos padrões econômicos e sociais, pode ser entendida, com o processo de destruição criativa, segundo Schumpeter.
Entretanto, não são todos os avanços tecnológicos que modificam significativamente as circunstâncias econômicas e sociais, sendo seus efeitos brandos numa visão macroeconômica. Esta conexão entre a evolução da economia e as novas tecnologias pode ser visualizada através do denominado paradigma técnico-econômico. Vamos conceitua-lo:
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Um paradigma técnico-econômico constitui-se num modelo de progresso que incorpora um conjunto fixo de tecnologias (que impactam fortemente na economia e na sociedade) em torno das quais se desempenha a inovação e a atividade econômica (FREEMAN & PEREZ, 1988).
A inovação acontece ao passo que as tecnologias se tornam gradativamente expandidas e interfiram em domínios cada vez mais amplos da produção e distribuição. E no momento em que ocorre um avanço tecnológico de grande impacto, que desestabilize as tecnologias existentes e as formas imperantes de organização da economia, nasce um novo paradigma técnico-econômico. Como foi assinalado por Freeman & Perez (1988): "As mudanças no 'paradigma tecno-econômico' têm consequências tão generalizadas em todos os setores da economia, que a sua difusão é acompanhada de uma importante crise estrutural de ajustamento, na qual as mudanças sociais e institucionais são necessárias para ocasionar uma melhor 'harmonia' entre a nova tecnologia e o sistema de gestão social da economia".
Segundo Freeman e Perez são cinco os paradigmas tecno-economicos estabelecidos na Teoria dos paradigmas tecno-economicos. Estes paradigmas surgiram em momentos históricos distintos e trouxeram impactos fundamentais as formas de condução de uma firma e suas inovações.
PERÍODOS | DESCRIÇÃO | INDÚSTRIA-CHAVE | FATORES-CHAVE | ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL |
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1770-1840 | Mecanização | Têxtil, química, metalmecânica, cerâmica |
Algodão e ferro | Pequenas empresas locais |
1840-1890 | Máquinas a vapor e ferrovia |
Motores a vapor, máquinas-ferramenta, máquinas para ferrovias |
Carvão, sistema de transporte | Empresas pequenas, crescimento das sociedades anônimas |
1890-1940 | Engenharia pesada e elétrica |
Estaleiros, produtos químicos, armas, máquinas elétricas |
Aço | Monopólios |
1940-1980 | Fordista |
Automobilística, armas, aeronáutica, bens de consumo duráveis, petroquímica |
Derivados do petróleo | Competição oligopolista e crescimento das multinacionais |
1980 - Período atual |
Tecnologias de informação e comunicação |
Computadores, produtos eletrônicos, software, telecomunicações, novos materiais, serviços de informação | Microprocessadores | Redes de firmas |
Fonte: FREEMAN e PEREZ (1988)
O paradigma tecno-econômico atual exige o desenvolvimento de formatos e estratégias inovadoras, além de uma carga cada vez maior de informação e conhecimento das outras instituições, tais como centros de ensino, pesquisa e administração pública. Alguns autores concordam que estamos vivendo um período de transição do paradigma tecno-econômico da Informação para o paradigma tecno-econômico Verde. Nesse sentido, a tecnologia e a introdução de inovações que tenham como objetivo diminuir os danos ambientais ocasionados pelas firmas podem gerar uma mudança tecnológica que seja voltada à sustentabilidade. Portanto, caso essas tecnologias ambientais sejam incorporadas de forma significativa no processo de desenvolvimento econômico, o meio ambiente pode se tornar um elemento importante na reconfiguração de um novo paradigma tecno-econômico, ou seja, pode caracterizara emergência de um paradigma tecno-econômico “verde”.