Muitos teóricos agregaram ou aprimoraram as ideias inspiradas por Schumpeter. Estes são conhecidos como neo-schumpeterianos (ou evolucionários).
A partir do final da década de 1970, os chamados neo-schumpeterianos difundiram amplamente o emprego de analogias biológicas para explicar o caráter evolutivo do desenvolvimento capitalista e, sobretudo do processo de mudança tecnológica (por isso, também são conhecidos como evolucionários).
Somente a partir destes estudiosos posteriores a Schumpeter é que houve um avanço da compreensão sobre o significado da inovação. Até início do século XX, a inovação era vista como ocorrendo em estágios sucessivos e independentes de pesquisa básica, pesquisa aplicada, desenvolvimento, produção e difusão (visão linear da inovação). Normalmente, a discussão sobre as fontes mais importantes de inovação polarizava-se entre aqueles que atribuíam maior importância ao avanço do desenvolvimento científico (science push) e os que destacavam a relevância das pressões da demanda por novas tecnologias (demand pull).
Vamos conhecer alguns dos principais teóricos desta corrente na tabela abaixo:
PRINCIPAIS ESTUDIOSOS | PRINCIPAIS OBRAS | PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES |
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Edith Penrose (1914 - 1996) | The Theory of the Growth of the Firm. 1959. |
Destacou-se por suas contribuições à Teoria da firma e seu crescimento. |
Christopher Freeman (1921 –2010) | FREEMAN, C. The national system of innovation in historical perspective. Cambridge Journal of Economics, v. 19, n. 1, p. 5-24, 1995. |
Desenvolveu o conceito de Sistemas Nacionais de Inovação. |
Nathan Rosenberg (1927 – 2015) | ROSENBERG, N. Inside the black box: technology and economics. 1982. |
Seus trabalhos na Universidade de Stanford propiciaram uma melhor entendimento do processo inovativo. O ápice destes trabalhos é a produção do chamado chain link model (KLINE; ROSENBERG, 1986) que teve um profundo impacto nos policy-makers e na elaboração do Manual de Oslo. |
Richard R. Nelson (1930 - ) | An Evolutionary Theory of Economic Change. 1982. |
Sua obra foi crucial para a economia evolutiva. |
Carlota Perez (1939 – ) |
PEREZ, C. Catchin up in technology: entry barriers and Windows of opportunity. In: IN DOSI, G et. All. Technical Change and Economic Theory. Laboratory of Economics and Manage ment (LEM), Sant'Anna School of Advanced Studies, Pisa, Italy, 1988. PEREZ, C. Technological revolutions and techno-economic paradigms. Working Papers in Technology Governance and Economic Dynamics, no. 20. Technology governance, 2009. |
Seus artigos, desde o início dos anos 80, contribuíram para a compreensão atual da relação entre inovações básicas, mudanças técnicas e institucionais e desenvolvimento econômico. |
Giovanni Dosi (1953 - ) | DOSI, G. Technological paradigms and technological trajectories. A suggested interpretation of the determinants and directions of technical change, Research Policy, 11(3):147-162, 1982. |
Desenvolveu o conceito de paradigmas e trajetórias tecnológicas, inspirado na teoria de Thomas Kuhn. |
Fonte: ORLANDO JUNIOR (2018)
Estes estudiosos partem da mesma premissa defendida por Schumpeter de que a mudança tecnológica é o motor do desenvolvimento capitalista sendo a empresa o locus de atuação do empresário inovador e de desenvolvimento das inovações.
Segundo esta vertente, a concorrência não gera somente comportamentos adaptativos, mas gera também atitudes ou iniciativas inovadoras. Por exemplo, se uma empresa percebe a existência de concorrentes em seu mercado, poderá reagir com ajustes e restrições aos seus agentes e provocará atitudes na forma de iniciativas que gerem vantagens em relação aos concorrentes e que possam, desta forma, reduzir as restrições ocasionadas pela existência da concorrência, mesmo que temporariamente.
Desta forma, a inovação passou a ser entendida como variável ainda mais estratégica para a competitividade de organizações e países. Estes têm enfrentado as mudanças dela decorrentes de forma diferenciada, tendo em vista suas especificidades históricas e socioeconômicas e as possibilidades permitidas pela sua inserção geopolítica. Alguns países têm obtido melhores resultados tanto em termos do aproveitamento das oportunidades apresentadas, como pela superação das dificuldades inerentes ao processo de transformação. Estes países conseguiram definir e implementar novas estratégias capazes de reforçar e ampliar suas políticas científicas, tecnológicas e industriais. Essas políticas realçam a mobilização dos processos de aquisição e uso de conhecimentos e de capacitações produtivas e inovativas como parte integrante fundamental de suas estratégias de desenvolvimento. Tal mobilização tem como base conceito de sistemas nacionais de inovação, que será abordado ainda neste módulo.
Portanto, a partir da contribuição destes estudiosos ocorre uma revisão da conceituação da inovação: A inovação passou a ser vista não como um ato isolado, mas sim como um processo social de aprendizado não-linear, cumulativo, específico da localidade e conformado institucionalmente.
Mas afinal por que estamos estudando sobre neo-schumpeterianos?
Nós vimos no módulo anterior que a indústria farmacêutica é um setor de alta tecnologia, muito dinâmico. Entretanto, as práticas, o comportamento e principalmente a trajetória adotada pelas empresas dependem de algumas variáveis. Essas variáveis foram ressaltadas por autores neo-schumpeterianos, que partiram da ideia da destruição criativa de Schumpeter, através da qual este explica o dinamismo do capitalismo pelo fim de antigas estruturas e o surgimento de novas, sendo a inovação seu principal impulso.
Além disso, estes autores ajudaram a desenvolver conceitos para entender o comportamento da inovação e a importância do processo histórico na formação das estratégias das empresas. Para que estas possam se desenvolver e garantir sua sobrevivência, elas devem respeitar e se adequar às suas limitações de gastos (como P&D e marketing), por isso suas atividades inovativas não são totalmente livres, pois são condicionadas por suas trajetórias tecnológicas e pelo mercado, entre outros fatores.
Em outras palavras tais correntes impactaram a indústria farmacêutica e toda lógica de desenvolvimento de um medicamento, e isto impacta diretamente no desenvolvimento de um medicamento da biodiversidade.
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Lopes (2015) congrega os conceitos de inovação, rotinas e
revoluções tecnológicas, demonstrando que o crescimento
emerge das empresas ao plano macroeconômico a partir do
progresso técnico.
Clique aqui para ler o artigo "O desenvolvimento econômico: uma
proposta de abordagem teórica evolucionária e
institucionalista".