Módulo 3 | Aula 3
Fontes de dados digitais: barramentos de interoperabilidade
Importância e Contextualização
Nos últimos anos, o setor da saúde passou por transformações significativas, impulsionadas pelo avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e pela modernização dos Sistemas de Informação (SI). A complexidade dessa transformação não se deve apenas à dimensão tecnológica, mas também à necessidade de adaptação de processos e integração de sistemas que anteriormente funcionavam de maneira isolada.
Barramentos de interoperabilidade emergem como ferramentas fundamentais para superar essa fragmentação e garantir a comunicação eficaz entre sistemas heterogêneos, promovendo o acesso em tempo real a informações críticas para decisões clínicas. A interoperabilidade torna-se, assim, indispensável para a gestão eficiente da saúde, permitindo que dados relevantes de diferentes fontes sejam integrados de forma segura e padronizada, oferecendo uma visão completa do cuidado do paciente.
Essas infraestruturas tecnológicas não só aprimoram a qualidade dos serviços de saúde, mas também garantem eficiência operacional, reduzindo a duplicidade de exames e erros clínicos. No entanto, alcançar essa interoperabilidade não é simples, exigindo a adoção de padrões internacionais, como HL7, FHIR e DICOM, e a superação de desafios técnicos e operacionais que envolvem a integração de sistemas legados com novas soluções.
Os barramentos de interoperabilidade desempenham um papel central na transformação dos sistemas de saúde, analisando os padrões e protocolos essenciais para essa integração, como HL7 e FHIR. Também abordaremos exemplos práticos, como o Conecte SUS, e discutiremos como essas tecnologias contribuem para a construção de um sistema de saúde mais eficiente e conectado.
Padrões e Protocolos Essenciais
Amplamente adotado para a intercâmbio de dados estruturados, inclusive no contexto do e-SUS APS.
Descrição: HL7 é um conjunto de padrões internacionais que define como as informações de saúde são trocadas eletronicamente entre sistemas. Ele é amplamente adotado em hospitais, laboratórios e sistemas governamentais, como o e-SUS APS, para a padronização de dados clínicos.
Aplicação: No contexto do e-SUS APS, o HL7 é utilizado para estruturar registros médicos e garantir que diferentes plataformas de saúde possam se comunicar de maneira eficiente. Isso permite que prontuários e resultados de exames sejam trocados sem perda de informação.
Benefícios: A padronização do dados clínicos facilita a integração entre sistemas de diferentes fornecedores; ainda, a ampla adoção global permite integração com outros sistemas internacionais
Descrição: FHIR é um padrão desenvolvido pela HL7 que combina os melhores recursos de modelos anteriores com tecnologias modernas da web, como APIs RESTful. Ele descreve formatos e elementos (chamados de “recursos”) para a troca de informações de saúde.
Aplicação: No contexto da saúde digital no Brasil, o FHIR é utilizado para promover a interoperabilidade entre sistemas por meio de serviços web. Ele permite que sistemas distintos acessem, compartilhem e atualizem dados clínicos usando formatos como JSON e XML, de forma ágil e segura.
Benefícios: Por utilizar tecnologias amplamente adotadas na internet, o FHIR facilita a integração entre sistemas novos e legados. Além disso, sua estrutura modular permite que apenas os dados necessários sejam trocados, promovendo maior eficiência e segurança na comunicação entre sistemas de saúde.
Descrição: DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine) é o padrão internacional para armazenamento, transmissão e visualização de imagens médicas, como radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas. Ele define tanto o formato dos arquivos de imagem quanto os protocolos de comunicação entre equipamentos e sistemas.
Aplicação: Utilizado em hospitais e clínicas de diagnóstico por imagem, o DICOM garante que equipamentos como tomógrafos e sistemas PACS (Picture Archiving and Communication System) consigam trocar imagens e informações associadas de forma padronizada e precisa.
Benefícios: A padronização do DICOM assegura a interoperabilidade entre equipamentos de diferentes fabricantes, facilita o arquivamento e recuperação de exames, e permite o compartilhamento seguro de imagens entre unidades de saúde, contribuindo para diagnósticos mais rápidos e precisos.