Unidade 2

Do Período Getulista à Ditadura Civil Militar​

Aula 2

A organização dos Institutos de
Aposentadoria e Pensões (1930-1945)

Sobre o caráter inovador ou não das políticas previdenciárias do pós-30, de acordo com Hochman e Fonseca (1999), os estudiosos divergem.

Enquanto alguns defendem que a concepção básica de segmentação dos trabalhadores por categorias profissionais e o viés elitista e paternalista do modelo já estavam estabelecidos antes de 1930...

...outros identificam uma ruptura no período Vargas, quando se tornam estatais os arranjos previdenciários, muito se diferenciando do modelo civil e privado das Caixas.

Independentemente da visão adotada, o fato é que a implantação dos IAPS instituídos nos pós 1930 expressariam uma outra lógica de organização do sistema de previdência, uma vez que englobariam categorias profissionais não mais por empresa e sim numa perspectiva nacional e com forte interferência do poder estatal.

Saiba Mais
Eloy Chaves
Eloy Chaves
Fonte: Na Corda Bamba 1, Cap.4.

Lei Eloy Chaves

A Lei Eloy Chaves (assim denominada por ter sido proposta pelo deputado paulista Eloy Chaves), que instituía que cada empresa ferroviária do país deveria ciar uma um fundo de aposentadoria e pensão, uma CAP, é apontada como marco inaugural da previdência no país.

Administrativamente autônomas, as CAPs apresentavam um caráter semipúblico, pois eram fiscalizadas pelo Conselho de Trabalho (posteriormente pelo Ministério do Trabalho) e deviam oferecer quatro benefícios básicos: aposentadoria, pensões, cuidados à saúde (serviços médicos e venda de remédios a preços baixos) e auxílio funeral. Em 1926, essa determinação se estende a outras categorias como marítimos e portuários (Malloy, 1986)

Embora seguissem o modelo colegiado de administração das CAPs, Os IAPs seriam dirigidos, segundo Malloy (1986) por um “funcionário executivo escolhido pelo presidente da República” e “assessorado por uma espécie de colegiado com representação igual de empregados e empregadores de uma categoria, variando entre quatro e oito”.

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O mais importante nesse caso, é que os integrantes dos conselhos e juntas de trabalho eram sempre relacionados por representantes de sindicatos que se reuniam em assembleia convocada pelo Ministério do Trabalho, tornando o sistema de previdência social absolutamente ligado ao sistema de relações de trabalho estabelecido pelo regime Vargas.

Não por acaso, o recém criado Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), no qual os IAPs eram vinculados, era identificado pelo próprio regime como Ministério da Revolução.

Durante os anos 1930-40, surgem vários institutos.

1933

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM)

1934

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC)

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB)

1936

Instituto dos Industriários (IAPI)

1938

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Estivadores (IAPE) (incorporado ao IAPTEC em 1945)

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas (IAPTEC)

Ainda em 1938, englobando os funcionários públicos federais, estrutura-se o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE)

Atenção

Em 1953/1954, através da reunião das últimas CAPs (nesse momento elas deixam de existir), é criado o IAPFESP, ou seja, o IAP dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos (inicialmente identificado como CAPFESP por alguns autores).

1923
-
1930

Sistema de previdência cresce em torno de seis vezes alcançando o número de 140.000 beneficiados

1930
-
1938

As linhas gerais do sistema de previdência se encontram definidas e implementadas, com a existência de noventa e oito CAPs e cinco IAPs, e uma população total assegurada de 1.838.885 ativos e 81.142 não ativos

1930
-
1945

Quantitativo de associados ao final do período alcança o número de 2.888.000, indicando um crescimento de aproximadamente 20 vezes

1948

Neste ano o sistema de previdência conta com 30 CAPs e 6 IAPS e mais ou menos 3.000.000 de segurados ativos, 158.800 aposentados e 171.000 dependentes

1959

Tendo por base o Anuário Estatístico do Brasil, Hochman aponta que os seis IAPS e mais o IPASE alcançavam a cifra de 4.200 milhões de associados, 482.428 aposentados e 604.427 pensionistas