Módulo 4 | Aula 2 Povos Indígenas
A violência contra a mulher indígena
As mulheres indígenas enfrentam a imposição de um sistema moral, social e político que não aceita seus costumes, tradição, crenças, espiritualidade, símbolos, corpos, cultura, ancestralidade e modo de vida. Este conjunto de aspectos interfere radicalmente nas vivências das mulheres indígenas, gerando impactos na sua vida pública e privada. Assim, além dos estigmas e da discriminação relacionados aos povos indígenas, elas são afetadas pelas desigualdades de gênero, machismo e sexismo. A vida das mulheres indígenas é permeada de diversas formas de opressão e violência, que se refletem também nos serviços de saúde. Para maiores informações sobre a luta e vivências das mulheres indígenas, veja os sites:
O projeto Voz das Mulheres Indígenas, realizado pela ONU Mulheres em parceria com a Embaixada da Noruega, tem promovido o empoderamento, a mobilização social e a participação política de mulheres indígenas no Brasil, fortalecendo a atuação delas em espaços de decisão dentro e fora de suas comunidades.
A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) é uma articulação de Mulheres Indígenas de todos os biomas do Brasil, com saberes, tradições, lutas que se somam e convergem, que juntou mulheres mobilizadas pela garantia dos direitos e vida dos povos indígenas.
Quando o corpo indígena mulher vai para espaço de cuidado do sistema de saúde não-indígena como nos postos de saúde e hospitais, elas enfrentam diversas formas de discriminação, leia cada um dos casos e reflita sobre as situações:
Uma mãe foi internada para ganhar bebê no hospital, mas a base alimentar dessa mãe é de peixe com farinha e pimenta e o cuidado dela nesse processo é coletivo. Quando estava no hospital não foi permitido que a família levasse suas comidas. Ela nunca tinha dormido numa cama e compreende pouco o português. Imagine como tudo isso é assustador e violento para seu corpo e vivência de parir num hospital.
Uma mulher com cerca de 30 anos, poucos meses após ter um filho, foi levada para uma unidade de saúde, onde foi atendida por um profissional do sexo masculino. Sem que lhe explicassem o motivo da ida para o hospital, nem lhe consultassem sobre as intervenções em seu corpo, ela teve uma amostra de sangue coletada e recebeu uma injeção. Ambos os procedimentos foram realizados sem esclarecimento prévio e consentimento. Após a aplicação da injeção, ela foi informada de que deveria retornar em três meses para receber outra dose, pois se tratava de anticoncepcional injetável. Ela relata que não queria ter recebido a “vacina”, mas que sua vontade não foi considerada (ACNUR, 2021, p. 54). Esse tipo de situação é grave violação dos direitos dos povos indígenas.
Para refletir sobre os desafios na atenção à saúde das mulheres indígenas, e as diferentes perspectivas de cuidado, veja o vídeo: