Curso Autoinstrucional para o Enfrentamento da Covid-19 no Sistema Prisional


As formas graves da Covid-19 podem ocorrer em indivíduos saudáveis de qualquer idade, mas se manifestam predominantemente em idosos e portadores de doenças crônicas. Essas definições são importantes no momento de identificar esse grupo e adotar medidas de controle e prevenção.

Tabela 2. Fatores de risco para gravidade da Covid-19

Fatores de Risco Definição para abordagem ao indivíduo Presença de fator de risco para Covid-19 grave
Idade Em anos ≥ 60 anos
Doença cardiovascular Um médico já diagnosticou doença cardíaca, como infarto, angina, insuficiência cardíaca ou outra no indivíduo? Sim
Diabetes Um médico já diagnosticou diabetes? Sim
Hipertensão Um médico já diagnosticou hipertensão (pressão alta)? Sim
Doença respiratória crônica Um médico já diagnosticou alguma doença pulmonar, como enfisema pulmonar, bronquite crônica ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)? Sim
Câncer Um médico já diagnosticou câncer (excluindo câncer de pele)? Sim
Já se passaram quantos anos desde o diagnóstico de câncer? < 5 anos
Doença cerebrovascular Um médico já diagnosticou derrame ou acidente vascular encefálico? Sim
Obesidade Índice de massa corporal medido: qual o peso atual e a altura? ≥ 30 kg/m2
Tabagismo Você é fumante atualmente? Fuma diariamente? Sim (diariamente ou menos que diariamente)
Doença renal crônica Um médico já diagnosticou doença renal crônica? Sim
O que você faz atualmente ou fez devido à doença renal crônica? Hemodiálise, diálise peritoneal, toma medicação, fez transplante renal
Um médico já diagnosticou asma (ou bronquite asmática)? Um médico já diagnosticou asma (ou bronquite asmática)? Sim
O que você faz atualmente por causa da asma? Uso de inaladores, aerossol ou comprimidos
Fonte: adaptado de Rezende et al. (2020)

Alguns outros sintomas podem se manifestar, como náusea e diarreia, conjuntivite e lesões de pele (ALMUTAIRI; SCHWARTZ, 2020; BOSTANCIKLIOGLU, 2020; CHOLANKERIL et al., 2020). Além disso, há relatos de várias complicações da Covid-19, como tromboembolismo, arritmias, síndrome inflamatória sistêmica semelhante à doença de Kawasaki e quadros neurológicos (ACHARYA et al., 2020; AGHAGOLI et al., 2020; CONNORS; LEVY, 2020; JONES et al., 2020).

Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico laboratorial é uma ferramenta para auxílio no diagnóstico da doença por infecção pelo novo coronavírus, causado pelo SARS-CoV-2. A coleta no tempo adequado, conforme os estágios da infecção, é fundamental para correta interpretação do método (Figura 8).

Figura 8. Resultado dos métodos diagnósticos nos estágios da infecção por SARS-CoV-2

Deslize com o cursor em cima da imagem para ampliar e ver os detalhes.

TESTE MOLECULAR (RT-PCR)

Feito pela detecção direta de RNA do SARS-CoV-2 por meio de testes de amplificação de ácido nucleico, principalmente reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR) em amostras de vias aéreas. O teste positivo ocorre em geral nos primeiros 7 dias de sintomas e confirma o diagnóstico de Covid-19, porém testes falso-negativos podem ocorrer. Podemos ter testes positivos até o 15º dia da doença ou em pacientes graves por tempo superior. Se o teste inicial for negativo, mas a suspeita de Covid-19 for importante, ele pode ser repetido em 24 a 48 horas após o teste inicial.

TESTE SOROLÓGICO

Os testes sorológicos detectam anticorpos do SARS-CoV-2 no sangue e servem para identificar pacientes que tiveram Covid-19. Neste grupo, incluem-se os chamados testes rápidos e as sorologias (DIAS et al., 2020). A sensibilidade e a especificidade de muitos desses testes sorológicos são incertas; uma listagem desses testes e a validação pela ANVISA podem ser encontradas no endereço eletrônico do Ministério da Saúde. Os testes disponíveis buscam identificar anticorpos IgA, IgM ou IgG. Os dois primeiros identificam a fase aguda da doença, eles surgem nos primeiros dias dos sintomas e duram entre 2-3 semanas. Os anticorpos tipo IgG surgem após a primeira semana de sintomas (em geral, entre 8 e 10 dias) e duram meses (tempo incerto ainda), funcionando atualmente como marcador sorológico de infecção prévia.

ARQUIVO

Testes para Covid-19: perguntas e respostas


Manejo clínico do paciente

A doença comporta-se como síndrome gripal e pneumonia leve na maior parte dos casos. O mais importante é o acompanhamento do paciente, que deve se dar diariamente para monitoramento da falta de ar e avaliação cronológica dos sintomas. Caso seja possível, a medição da saturação de oxigênio com oxímetro de pulso pode ser usada como uma informação adicional para avaliar o estado clínico do paciente. A correta avaliação e a indicação rápida da hospitalização são primordiais para o melhor desfecho dos casos.

Várias terapias para o tratamento da Covid-19 estão sendo avaliadas, porém até o momento não há benefício comprovado com nenhuma medicação para os casos leves. Algumas delas, como a cloroquina/hidroxicloroquina, permanecem em investigação e, pelos dados limitados e potencial toxicidade, devem ser prescritas em um ambiente monitorado, conforme os protocolos do Ministério da Saúde (BRASIL, 2020b;2020c).


Figura 9. Manejo clínico dos pacientes com Covid-19

Clique nas setas e veja como realizar o manejo clínico dos pacientes com Covid-19.
Fonte: BMJ, 2020


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Para complementar seus conhecimentos acerca da Covid-19, sugerimos o seguinte curso:

COVID-19: Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus

Referências

ACHARYA, A. et al. SARS-CoV-2 Infection Leads to Neurological Dysfunction. Journal of neuroimmune pharmacology: the official journal of the Society on NeuroImmune Pharmacology, United States, 2020. Disponível em: . Acesso em: 2 jul. 2020.

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