Curso Autoinstrucional para o Enfrentamento da Covid-19 no Sistema Prisional

II. O novo coronavírus

Estamos vivendo provavelmente a maior pandemia da história, e certamente a maior do nosso país. O coronavírus, descoberto no final de 2019 em Wuhan, na China, se espalhou rapidamente, resultando em uma epidemia em toda a China, seguida por um número crescente de casos em outros países do mundo. Logo a doença foi considerada uma emergência em saúde pública mundial e posteriormente uma pandemia. O primeiro caso confirmado no Brasil foi em fevereiro de 2020 em São Paulo, atingindo rapidamente todos os estados. Até agosto de 2020, somos um dos países com os piores indicadores em termos de incidência e letalidade da doença (THEY, 2020).


Figura 5. Linha do tempo da pandemia da Covid-19

Fonte: They, 2020

Vamos falar sobre o agente causador da Covid-19?


Curiosidade

Você sabia que o coronavírus é uma família de vírus que causa infecções respiratórias?


Existem relatos de que os primeiros coronavírus humanos foram identificados em meados da década de 1960. Embora estejamos discutindo sobre a Covid-19, que é causada pelo SARS-CoV-2, outros vírus da mesma família já trouxeram inúmeras preocupações para o mundo, entre eles o SARS-CoV (causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave ou SARS) e o MERS-CoV (causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio ou MERS) (ADNAN SHEREEN et al., 2020).

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Epidemiologia

Estudos demonstram que a transmissão da Covid-19 ocorre pelo contato próximo, principalmente por gotículas respiratórias. O vírus liberado nas secreções respiratórias quando uma pessoa com infecção tosse, espirra ou fala pode infectar outra pessoa, se entrar em contato direto com as membranas mucosas. A infecção também pode ocorrer se uma pessoa tocar uma superfície infectada e depois tocar nos olhos, nariz ou boca (ADNAN SHEREEN et al., 2020; BI et al., 2020).


Figura 6. Surgimento de SARS-CoV-2 e o surto de Covid-19, origem hipotética do vírus e a transmissão do coronavírus zoonótico epidêmico.

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Fonte: El Zowalaty; Jarhult, 2020, p. 19.

Transmissão: Gotícula X Aerossol

Há uma grande discussão sobre a capacidade de o SARS-CoV-2 ser transmitido por aerossol (partículas menores que gotículas que permanecem no ar por longo período e atingem longas distâncias) em condições naturais, mas não há consenso na literatura (DOREMALEN et al., 2020; ONG et al., 2020). Usando imagens especializadas para visualizar exalações respiratórias, gotículas respiratórias podem ser aerossolizadas ou transportadas em uma nuvem de gás e ter trajetórias que vão além de dois metros a partir da fala, tosse ou espirro (ASADI et al., 2020; GUO et al., 2020).

Todavia, a relevância desses achados para a epidemiologia da Covid-19 e suas implicações clínicas não é clara. A transmissão de SARS-CoV-2 por aerossol não foi claramente documentada, e, em relatos de profissionais de saúde expostos a pacientes com Covid-19 usando precauções de gotículas, nenhuma infecção secundária foi identificada (HE et al., 2020; WONG et al., 2020). Permanece a recomendação de precaução para gotículas de maneira geral e aerossol apenas para procedimentos com geração de aerossol.

Dessa forma, é possível destacar que a transmissão do novo coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal próximo e/ou objetos que contenham essas secreções contaminadas, como:


Não obstante, o SARS-CoV-2 foi também detectado em amostras não respiratórias, incluindo fezes, sangue, secreções oculares e sêmen, mas o papel desses isolados na transmissão ainda é incerto (CHANG et al., 2020; CHEN et al., 2020; PAOLI et al., 2020).

O risco de transmissão de um indivíduo com infecção por SARS-CoV-2 varia de acordo com o tipo e a duração da exposição, as medidas preventivas utilizadas e os possíveis fatores individuais. A maioria das infecções secundárias foi descrita entre contatos domiciliares, em locais de aglomeração, serviços de saúde e instituições de cuidados prolongados (HAMNER et al., 2020; JING et al., 2020; KOH et al., 2020). Locais e comunidades fechadas, como presídios (HAWKS; WOOLHANDLER; MCCORMICK, 2020) e navios (DAHL, 2020), são descritos como locais de alto risco de disseminação. No entanto, casos relatados após reuniões sociais ou de trabalho também destacam o risco de transmissão por meio de contato próximo. O intervalo exato durante o qual um indivíduo com Covid-19 consegue transmitir a doença é incerto. Parece que o SARS-CoV-2 pode ser transmitido antes mesmo do desenvolvimento dos sintomas (KOH et al., 2020).


Manifestações Clínicas

O período de incubação da Covid-19 corresponde aos primeiros 14 dias após a exposição, com a maioria dos sintomas se manifestando aproximadamente de quatro a cinco dias após a exposição. O espectro da infecção sintomática varia de leve a crítica, mas a maioria das infecções não evolui com complicações e pode ser acompanhada em casa. Os sintomas são semelhantes aos da gripe causada pelo vírus influenza.

Figura 7. Manifestações clínicas da Covid-19

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Fonte: própria