Módulo 1 | Aula 1
Introdução à Saúde Digital
Desafios enfrentados na implementação da Saúde Digital
A implementação da Saúde Digital traz uma infinidade de desafios que exigem análise, políticas orientadoras e novas regulamentações. Os dados de saúde são considerados sensíveis e dentre os principais desafios que destacamos estão as questões de privacidade, confidencialidade, segurança e curadoria de dados; acessibilidade e inclusão digital; e informação e comunicação.
Privacidade, confidencialidade, segurança e curadoria de dados

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) classifica dados de saúde, genéticos e sobre a vida sexual como dados sensíveis, e considera que seu tratamento deve ser realizado sob bases legais mais restritivas. O uso indevido de dados de saúde pode trazer inúmeros prejuízos aos indivíduos (como discriminação) e à credibilidade das instituições responsáveis pela guarda destes dados. Por isso é fundamental que existam medidas robustas, tecnológicas e legais, que garantam a proteção dos dados e uso ético.
Além disso, surgem diversas questões associadas à apropriação privada de dados de saúde e a necessidade de discutir como a sociedade e o Estado devem se relacionar com os interesses de mercado emergentes no sentido de garantir que seu uso seja direcionado ao benefício dos usuários e da população como um todo.
Acessibilidade e inclusão digital
A exclusão digital, seja por falta de acesso seja por baixa literacia digital, tem sido considerada um “superdeterminante social da saúde”, com potencial de perpetuar e exacerbar desigualdades estruturais relacionadas a gênero, raça e status socioeconômico - por exemplo. A exclusão digital traz consigo o possível "Paradoxo da Saúde Digital" no qual os indivíduos que poderiam obter os maiores benefícios com a implementação da saúde digital frequentemente enfrentam as maiores barreiras para seu acesso. Este é um ponto crucial no planejamento e implementação da TICs na área da saúde.
Além disso, as questões relacionadas ao uso de inteligência artificial trazem inúmeras outras questões visto que também potencialmente podem ampliar iniquidades estruturais presentes na sociedade. Isso ocorre porque os algoritmos de IA são treinados a partir de dados já existentes e eventuais vieses presentes nos mesmos (ou nas decisões tomadas a partir destes) serão reproduzidos.
Informação e Comunicação
A evolução e o uso de TICs transformaram nossa relação com a informação nas últimas décadas, e essa mudança precisa ser considerada na implementação de estratégias de saúde digital. Com o advento das redes sociais e outras plataformas digitais, informações falsas podem se espalhar rapidamente, alcançando um grande número de pessoas e dificultando a distinção entre fontes confiáveis e não confiáveis. O excesso de informação, ou infodemia, pode dificultar a capacidade das pessoas de encontrar dados precisos e relevantes, enquanto a desinformação pode minar a confiança do público nas autoridades de saúde e nas informações oficiais. Durante crises de saúde pública, a disseminação de desinformação pode prejudicar a resposta efetiva das autoridades de saúde.
Considerando estes desafios, e tantos outros que se apresentam e venham a se apresentar, vale lembrar que a Estratégia Global em Saúde Digital orienta que a Saúde Digital “deve beneficiar as pessoas de forma ética, segura, confiável, equitativa e sustentável”, seguindo os princípios de “transparência, acessibilidade, escalabilidade, replicabilidade, interoperabilidade, privacidade, segurança e confidencialidade.”
Você sabia que 30% dos dados produzidos no mundo são dados relacionados à saúde e esses números crescem mais que qualquer outra industria. Assista a entrevista com Carlos Pedrotti, do Saúde Digital, e reflita sobre a importância do uso e acesso à internet e transmissão de dados.