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Campus Virtual Fiocruz

Introdução à Saúde Digital

Módulo 1 | Aula 1
Introdução à Saúde Digital

Tópico 3

Benefícios potenciais da Saúde Digital

A saúde digital traz vários benefícios potenciais, que podem transformar a maneira como os cuidados de saúde são fornecidos e recebidos. Ela tem o potencial de criar um sistema de saúde mais acessível, eficiente e centrado no paciente, beneficiando indivíduos, profissionais da saúde e a população como um todo. Uma grande parte das inovações tecnológicas que lançam as bases para a saúde digital estão associadas ao aumento da capacidade e velocidade da coleta de dados, de seu processamento e de sua transformação em informação. Essas informações podem ser úteis tanto para a melhoria da saúde no âmbito individual (quando têm principalmente a finalidade de orientar ações clínicas, incluindo também promoção, prevenção, reabilitação e cuidados paliativos), quanto no âmbito das populações (quando voltadas para intervenções de saúde pública).

Dentre os potenciais benefícios que podem advir da Saúde Digital, destacamos:

Tecnologias como wearables e aplicativos móveis podem ajudar na prevenção e gerenciamento de doenças crônicas e transtornos de saúde mental (ao promover e facilitar a adoção e automonitoramento de comportamentos saudáveis, como atividade física, dieta saudável, gerenciamento de estresse e sono). Além disso, dados coletados de forma passiva por esses dispositivos (e outros que coletam dados de pressão arterial, por exemplo) podem potencialmente ser integrados aos prontuários médicos, facilitando a comunicação e fornecendo informações precisas aos profissionais de saúde.

A partir do momento que os usuários do sistema têm acesso fácil a seus registros de saúde e a informações educacionais, eles podem tomar decisões informadas sobre sua própria saúde.

A implementação da telessaúde, por exemplo, vem sendo considerada uma importante estratégia para ampliar o acesso à saúde e mitigar problemas relacionados à escassez de profissionais de saúde, especialmente em áreas remotas. Em conjunto com a robótica e a inteligência artificial, também tem potencial de permitir que diagnósticos e tratamentos de maior complexidade sejam realizados à distância. É importante notar que a pandemia de COVID-19 acelerou a adoção e regulamentação da telessaúde em todo o mundo, destacando seu papel no fornecimento de serviços de saúde flexíveis e econômicos.

Ferramentas de telediagnóstico e inteligência artificial podem auxiliar na identificação precoce de doenças, e a medicina de precisão tem o potencial de melhorar o tratamento e prognóstico de cada indivíduo. Da mesma forma, a automação e sistemas de apoio à decisão clínica podem reduzir os erros.

A adoção de prontuários eletrônicos, digitalização de documentos e automação de processos podem diminuir custos administrativos e operacionais. Além disso, o monitoramento remoto de pacientes pode reduzir visitas desnecessárias a serviços de emergência.

Plataformas digitais podem facilitar a comunicação entre diferentes profissionais de saúde, garantindo que todos estejam informados sobre o estado do paciente. Da mesma forma, o uso da tecnologia pode ajudar na referência e contrarreferência e matriciamento, consultorias entre outros.

Plataformas integradas a serviços de telefonia/internet podem ser canais importantes de comunicação com a população em campanhas de saúde pública e alertas em casos de emergências sanitárias. No Senegal, por exemplo, em 2014, o governo enviou 4 milhões de mensagens SMS alertando sobre o ebola. No Canadá, durante a pandemia de COVID-19, indivíduos que chegavam ao país recebiam mensagens e monitoramento sobre a necessidade de isolamento.

A ciência de dados e inteligência artificial permitiram o aumento exponencial da capacidade e velocidade de coleta, tratamento e análise de grandes quantidades de dados. A disponibilização das informações geradas nesse processo permite maior agilidade na tomada de decisão e implementação de estratégias de proteção à saúde das populações. Da mesma forma, algoritmos de predição podem ser úteis na prevenção e preparação para futuras emergências.

Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, enormes quantidades de dados (oriundas dos sistemas de vigilância epidemiológica e, muitas vezes, de aplicativos com GPS e bluetooth) foram processadas em tempo real e, em muitos países, orientaram as estratégias de controle do vírus (Wong et al., 2022). Nesse campo, da saúde pública digital, a tradução de dados em informação está cada vez mais associada a ferramentas de inteligência artificial (IA), especialmente seu subcampo aprendizagem de máquina, e traz à tona a importância da discussão sobre ela como veremos a seguir.

A saúde digital pode apoiar a sustentabilidade ambiental reduzindo a necessidade de recursos físicos e viagens, bem como a utilização de papel e material de consumo, o que pode diminuir a pegada de carbono dos serviços de saúde.